Eles se tornam tão presentes quanto o crustáceo que lhes empresta o apelido. Os "camarões" de praia pessoas que exageram no sol e ficam com a pele irritada são a face mais suscetível à chacota de um comportamento que, se repetido, pode levar a problemas sérios de saúde. Dermatologistas ressaltam que a reação da pele à exposição prolongada ao sol é, literalmente, o alerta vermelho para o veranista começar a se cuidar.
E essa é uma preocupação que deve permanecer inclusive em dias nublados, como os que têm ocorrido no Litoral do Paraná nos últimos dias. Cerca de 60% dos raios solares atravessam a camada de nuvens e são capazes de queimar.
Além da irritação, a superexposição ao sol leva à formação de bolhas e febre, capazes de encostar o veranista por vários dias em casa, longe da diversão da orla. O médico José Roberto Toshio Shibue, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Seção Paraná, explica que a insistência embaixo do sol, além de perigosa, é ineficiente para uma boa parte das pessoas. "Uma pessoa com pouca quantidade de melanina [proteína responsável pela pigmentação da pele] não vai ficar bronzeada. Apenas ficar com a pele vermelha e se queimar", diferencia.
Protetor solar
Para evitar o problema, Shibue chama a atenção para a indispensabilidade do protetor solar. O produto deve ser aplicado com 15 minutos de antecedência à exposição ao sol. Esse é o tempo mínimo necessário para que a pele absorva a loção e fique protegida. E depois, o frasco de protetor tem de ser um companheiro de areia. O produto precisa ser reaplicado de duas em duas horas, caso a pessoa suar muito ou entrar na água.
"Algumas famílias costumam usar o mesmo frasco para todo mundo. Mas é importante diferenciar os tons, a oleosidade da pele e a idade da pessoa", salienta o dermatologista. Ele destaca ainda alguns cuidados adicionais: o uso de camiseta, boné e óculos escuros e a opção por não tomar banho de sol entre 10 e 16 horas.
Alguns veranistas, entretanto, precisariam de uma disciplina monástica para não ir à praia nesse horário. É o caso da assistente de comércio exterior Márcia Elis de Sá, 45 anos, e a sobrinha Daviane Maria Ferreira, 14 anos. A reportagem as encontrou ao meio-dia na praia de Caiobá, tomando sol sob um calor de 35°C. "A gente sabe que nem era certo estar aqui nesse horário, mas ficar em casa...", compara Márcia, torcendo o nariz.
A dupla afirma tomar os cuidados com o sol. "Passamos o protetor em casa e usamos um fator [de proteção] maior para as partes sensíveis, como o rosto", conta. Apesar disso, ainda ocorrem alguns "acidentes". No momento da entrevista, Daviane usava uma toalha na altura das coxas, pois o sol estava começando a incomodá-la.
Cuidado redobrado com as crianças
As crianças precisam de atenção redobrada na hora de se expor ao sol. Além de ter a pele mais sensível, elas costumam correr muito e entrar várias vezes na água, diminuindo o tempo de eficiência do protetor. "Além disso, o ideal é que bebês com menos de seis meses de idade não fiquem nunca sob o sol", complementa o dermatologista José Roberto Toshio Shibue, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Seção Paraná.
E, com a empolgação das brincadeiras, reaplicar o protetor tende a se tornar uma tarefa desagradável para as crianças, que costumam protelá-la. O militar Robson Fritz, 38 anos, precisa montar uma verdadeira operação de guerra com a esposa, Fernanda Marques, 32 anos, para que o filho Matheus, 3 anos, fique sempre protegido. "Às vezes ele fica inquieto, tenta escapar. Então a gente explica que precisa passar para não doer depois", relata Robson. Outra estratégia é aplicar a proteção no mar, com a água pelos tornozelos, para que o filho se distraia durante o processo.