Monitoramento
Dispositivo transmite dados em tempo real e vai ajudar pescadores
Entre os projetos inovadores desenvolvidos no CEM, está a instalação de uma boia meteo-oceanográfica, próxima à costa. Com transmissão em tempo real, o dispositivo que foi instalado no dia 16 de dezembro permitirá conhecer dados como pressão atmosférica, intensidade e direção do vento, umidade, temperatura e da água, intensidade e direção das correntes, salinidade, além de altura, direção e período das ondas. "O objetivo é que esses dados sejam exibidos em tempo real no site do CEM, o que permitirá ao pescador, por exemplo, decidir se sai ou não com a embarcação. No longo prazo, poderemos fazer previsões e entender as mudanças climáticas", ressalta o vice diretor do CEM, Bersano Filho. Ainda em fase de testes, a boia, que tem um metro de diâmetro, ainda é rara no Brasil.
Volta e meia, o litoral do Paraná recebe ilustres visitantes, um pouco diferentes dos turistas convencionais. Depois da passagem de pinguins e lobos marinhos, no último verão, neste foi a vez de uma tartaruga gigante reaparecer em Pontal do Paraná. Já conhecida dos pesquisadores do Centro de Estudos do Mar (CEM), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a tartaruga-de-couro, de 1,70 metro de comprimento, esteve por aqui em 2007 e 2010, para fazer a desova. Embora atraia a atenção de veranistas pela beleza e raridade, na avaliação dos especialistas a presença desse tipo de bicho nas praias do estado aponta para as ameaças que as espécies vêm sofrendo.
"Costumo dizer que não trabalho com bicho bonitinho, trabalho com bicho sentinela", brinca a bióloga Camila Domit, coordenadora do laboratório de mamíferos e tartarugas marinhas do CEM. A professora explica que os golfinhos da costa paranaense, por exemplo, apresentam um alto índice de contaminação, ligada à alimentação.
No caso da tartaruga gigante, que tem reaparecido a cada três anos no Paraná período normal do ciclo de reprodução do animal , o monitoramento pode apontar sua origem e a existência de mais exemplares. "É o mesmo indivíduo das outras vezes, uma espécie extremamente ameaçada", afirma Camila. Pelos próximos 40 dias, o CEM está atento a novas desovas, que são levadas a uma região de dunas de Pontal.
De acordo com a pesquisadora, a tartaruga deve subir à areia, no máximo, 10 vezes, com intervalos de sete dias. Nos anos anteriores, as desovas não resultaram em filhotes.
Atuação
Instalado na Avenida Beira-Mar de Pontal do Sul, Balneário de Pontal do Paraná, desde 1980, o CEM já realizou dezenas de projetos com foco na preservação da biodiversidade marinha. Abrigado por dois anos em vagões de trem, cedidos pela UFPR, o centro nasceu com a vocação da pesquisa, mas somente em 2000 ganhou seu primeiro curso de graduação Ciência do Mar, que quatro anos mais tarde passou a se chamar Oceanografia.
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