Encontrar lixo na areia não é nada agradável. Pior ainda é nadar no mar na companhia de uma matilha de cães e conviver com alguém que acha que a areia é o quintal de casa. Para os veranistas que frequentam as praias do Litoral paranaense, esses são os três piores inimigos da temporada feliz.
Levantamento feito pelo Paraná Pesquisas que ouviu 402 veranistas entre os dias 28 e 31 de janeiro , a pedido da Gazeta do Povo, mostra que para 55,22% dos entrevistados, o sujeito que joga lixo no chão é disparado o mais irritante. Já para 26,37% das pessoas, quem se acha o dono da areia e quem leva cachorro para a praia seguem como os piores tipos para se cruzar na temporada.
Citado como o veranista que mais aborrece, o poluidor irrita mais do que qualquer outro na praia. Na opinião da técnica de enfermagem Amanda Slavinsko, 27 anos, quem suja não tem consideração com qualquer ambiente seja ele coletivo ou particular. "Se ele suja a praia, o meio ambiente, provavelmente suja a casa dele, o trabalho. Mas aqui é pior, já que a praia não é só dele", diz a veranista, que está em Matinhos.
A solução para todas as questões, na visão dos veranistas ouvidos pela pesquisa, esbarra na falta de bom senso. A pesquisa revelou que, para 56,47% dos entrevistados, um pouco mais de consciência resolveria os problemas listados.
O professor do Mestrado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo Paulo Roberto Janissek se surpreendeu com resultado da pesquisa. "É bom saber que as pessoas estão se preocupando com a questão ambiental. Mas acho que as pessoas estão mais para o discurso do que para prática. É mais fácil observar o comportamento errado nos outros enquanto ela mesma não pratica", afirma.
Nem tão amigo assim
Ele até pode ser considerado o melhor amigo do homem, fazer a alegria da criançada, mas para os veranistas, lugar de cachorro é no quintal, no canil, no apartamento e não na praia. Na areia, os cães, mesmo os de raça, não são bem vistos. Nem aos olhos da lei.
Há uma legislação que proíbe a entrada de cães na areia e no mar. Matinhos, no Litoral do Paraná, foi o primeiro município a adotar a lei que mantém os bichos fora da praia. Mas, de acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Sérgio Cioli, neste ano, a prefeitura está apenas conscientizando os veranistas. Na próxima temporada, quem desrespeitar a lei será multado. A proibição se baseia no risco de transmissão de doenças por parte dos animais e das fezes deixadas por eles na areia.
Para o veranista de Guaratuba, Adriano Schmidt, 30 anos, não é correto levar cães pequenos ou grandes para a areia. "É uma falta de respeito. Praia e cachorro não combinam. Estamos com criança na praia, há o risco de transmissão de doenças e de ela ser mordida", opina.
De acordo com o médico veterinário Leonardo Nápoli, presidente da Comissão de Zoonoses e Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná, o grande problema são os cachorros que não recebem cuidados, que não estão com as vacinas em dia e que podem transmitir com mais facilidade doenças ao ser humano. "O problema dos cães é de saúde pública. É necessária uma política grande de monitoramento, controle, tratamento e manejo destes animais", explica.
Segundo ele, cães contaminados e fezes dos animais podem transmitir doenças como micose, bicho-de-pé e até mesmo sarna. "Mas se o animal é saudável, dificilmente vai transmitir ou ser contaminado na areia", afirma.
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