Recomendações
Para não correr riscos na hora do banho de mar, na piscina ou rios:
Seja visto: banhe-se em locais mais movimentados.
Prefira locais na área de cobertura de salva-vidas.
A água não deve ultrapassar a altura do umbigo.
Evite áreas com pedras e encostas.
Perceba que há diferenças entre a forma de nadar no mar, no rio e na piscina.
Nos casos de crianças:
Usar sempre colete salva-vidas ou boias.
Supervisionar o banho.
Repreenda brincadeiras que simulem afogamento e pedidos de socorro.
Manter o banheiro fechado e os baldes e bacias longe do alcance.
Deixar a piscina coberta.
Sem abusos
Preste atenção às atitudes não recomendadas:
Entrar na água após ingerir bebida alcóolica.
Banhar-se em momentos de pouca visibilidade.
Comer e entrar na água menos de duas horas depois.
Brincar de empurra-empurra ou afogamento.
Desrespeitar placas que proíbem o banho ou indicam perigo.
Acreditar que a água rasa não oferece risco.
Imaginar que porque sabe nadar não está exposto a riscos.
Entrar na água sozinho.
Nadar em cavas, represas ou locais de profundidades variáveis.
Sugestões
Veja como proceder em caso de perigo de afogamento:
Mantenha a calma.
Não tenha vergonha: levante a mão e peça ajuda.
Tente flutuar. No mar é inclusive mais fácil boiar do que no rio e em piscinas. Respirar fundo e encher o pulmão fica mais fácil para flutuar.
Não se canse tentando vencer a corrente.
Se souber nadar bem, fuja da corrente de retorno nadando em diagonal rumo à areia.
Se souber um pouco, nade de lado, só para sair do local da corrente.
Se não souber nadar, use as forças que restam para pedir ajuda.Mesmo após uma hora de imersão ainda é possível, em alguns casos, realizar o salvamento. Os bombeiros do Paraná já salvaram vítimas que estavam 10 minutos submersas e não tiveram sequelas.
Aplacar o calor dos últimos dias no Paraná tomando banho de mar, piscina ou rio é uma atitude que requer cuidados. Duas mortes por afogamento no Litoral nesta semana são a prova de um risco real, mas muitas vezes ignorado. A boa notícia é que dá para se divertir sem se expor a perigos. Não houve casos de mortes nos locais e horários em que guarda-vidas estão atentos aos banhistas. Mesmo com a grande quantidade de veranistas no Litoral, janeiro passou sem nenhum óbito dessa natureza.
Para o tenente Eziquel Roberto Siqueira, do Corpo de Bombeiros, aos poucos a população está se conscientizando que entrar na água após ingerir bebida alcoólica não é uma boa ideia, e isso está ajudando a diminuir os casos graves. "Vale a mesma regra do trânsito, porque quando a pessoa está sob o efeito de álcool a percepção de risco e mesmo os reflexos ficam alterados." Sobre a exposição a perigos, ele faz um alerta para os adolescentes. A maioria dos salvamentos envolve meninos, rapazes e jovens adultos que estão brincando na água junto com amigos e são imprudentes porque não acreditam que estão sujeitos a perigo.
Entrar na água em horários de visibilidade reduzida (à noite e de madrugada) é outra postura de risco. "Além de o perfil do mar, por exemplo, sofrer alteração durante a noite, para a segurança do banhista é preciso que ele consiga ver bem e também seja visto, para poder ser mais facilmente salvo em caso de afogamento", diz. Segundo ele, não é uma simples coincidência nenhuma morte ter acontecido em local e horário monitorados por salva-vidas. Os bombeiros realizaram 700 resgates e pelo menos 13 salvamentos mais complicados poderiam ter entrado para as estatísticas como tragédias.
Desde 16 de dezembro, início da Operação Verão, cinco pessoas morreram afogadas. Na temporada passada foi o dobro. Os dois casos mais recentes ocorreram na quinta-feira, ambos com moradores de Curitiba. Fernando Mendes Maria, 35 anos, estava no rio São João, em Morretes, com familiares. No local havia placa indicativa de perigo, desaconselhando o banho.
Também no final da tarde de quinta, Renata Turra Grechinski, de 23 anos, surfava na barra do Rio Saí (divisa do Paraná com Santa Catarina). A corda que a ligava a prancha teria enroscado em algum entulho no fundo do mar e ela não conseguiu voltar à superfície. Mergulhadores fizeram buscas para tentar encontrar e remover o entulho, mas nada localizaram.
Siqueira reconhece que são raros os casos de afogamento de surfistas. "Geralmente são atletas com bom preparo físico, que sabem nadar, conhecem bem o funcionamento do mar e ainda estão ligados a um dispositivo flutuante, que é a prancha."
Sem controle, cavas são perigo ainda maior
Ainda mais perigoso é se banhar em cavas áreas de dragagem de areia, com profundidades variáveis. Na tarde de quinta-feira, quando eram registradas temperaturas acima dos 30 graus, a reportagem da Gazeta do Povo esteve em algumas cavas de Curitiba e região metropolitana. Numa delas, em Pinhais, bastou o carro do jornal chegar para que quase todos os 15 meninos que tomavam banho saíssem às pressas. Em outro ponto, bem no limite com Piraquara, grupos de rapazes e várias famílias se refrescavam. Pais e mães disseram estar atentos aos filhos pequenos. Já garotos, sem a supervisão de adultos, brincavam de saltos e mergulhos. Os rapazes chamam o local de prainha e dizem que não têm outra opção de lazer. Alguns confessam que frequentam as cavas todos os dias.
Luis Felipe do Rocio Rodrigues e Mailon Aparecido de Souza, ambos de 14 anos, contam que já souberam de mais de 30 mortes na região por afogamento. No mesmo lugar em que brinca, Mailon perdeu um primo, de 29 anos, que não sabia nadar e foi jogado na água pelos amigos. Os meninos alegam que conhecem bem o lugar e que não há perigo porque a água é rasa. A quantidade de casos fatais de afogamentos em cavas e represas é maior do que no mar. Tais locais não contam com a supervisão de guarda-vidas. Em algumas cavas há placas indicando que o banho é proibido ou perigoso.
Só acidente de trânsito mata mais
Segunda maior causa de morte por acidente de crianças e adolescentes, atrás apenas das colisões de trânsito, os afogamentos podem ser evitados. A ONG Criança Segura fez um levantamento com os dados de mortalidade mais recentes do Ministério da Saúde, de 2009, e aponta que 1.376 menores de 14 anos morreram afogados no Brasil naquele ano. Quase a metade dos óbitos aconteceu em águas naturais mar, lagos e rios. Apenas 7% dos casos foram registrados em piscinas. Os meninos foram vítimas duas vezes mais frequentes do que as meninas: 67% das mortes foram de garotos e 33%, garotas.
Alessandra Françoia, coordenadora nacional da ONG, defende que a adoção de algumas medidas, tanto pelo poder público como pelas famílias, são capazes de reduzir drasticamente os números de morte por afogamento. "Existem experiências no mundo que provam isso."
Primeiros socorros
Países que investiram na prevenção, ensinando técnicas de primeiros socorros ou oferecendo aulas de natação para crianças registraram melhoria considerável nos índices", avalia. Ela destaca que o clima tropical do Brasil e a quantidade imensa de locais para banho colaboram para a incidência de casos de afogamento.
Além de campanhas de conscientização, Alessandra acredita que algumas políticas públicas podem ser adotadas para prevenir casos, como a exigência legal de cercar piscinas e a obrigação de manter salva-vidas em clubes. Mas ela salienta que a maior parte dos cuidados cabe aos pais. Supervisionar e falar com os filhos sobre os riscos, explicando, por exemplo, os perigos de brincadeiras como empurra-empurra são atitudes simples.