Moradores, turistas e comerciantes da Ilha do Mel estão sofrendo com a falta de água. O problema no abastecimento teria começado no dia de Natal. Á água fornecida pela Companhia de Água e Esgoto de Paranaguá (Cagepar) apresenta coloração amarelada e mau-cheiro. Moradores e turistas afirmam que não é possível bebê-la, sendo necessário comprar água mineral. Muitos dependem de poços artesianos para necessidades básicas, como tomar banho e até mesmo cozinhar.
O problema é comum na temporada de verão, pois o local chega a receber 6,2 mil pessoas 5 mil turistas, além dos 1,2 moradores e veranistas que possuem casas no local. A Ilha do Mel é abastecida pelos mananciais e também por dez poços artesianos (seis em Encantadas e quatro em Nova Brasília). Ontem, a ilha estava com cerca de 1,5 mil pessoas: 300 turistas mais os 1,2 mil veranistas e moradores. A Ilha atingiu lotação máxima de 5 mil visitantes dia 30 de dezembro e assim permaneceu até domingo.
Segundo o diretor-presidente da Cagepar, Edson Pedro da Veiga, a falta de chuva é o motivo para a falta de água. "O nível dos mananciais está baixo. Os dez poços que temos na ilha não estão dando conta da demanda", explica. Segundo o diretor da Cagepar, se não chover nesta semana haverá falta de água novamente no próximo fim de semana, quando o fluxo de pessoas na ilha aumentará.
A empresa de saneamento interrompeu completamente o abastecimento de água ontem à tarde para limpar os reservatórios e enchê-los. A previsão é de que o abastecimento seja normalizado na manhã de hoje. "Nós não produzimos água. Apenas tratamos e distribuímos", argumenta Veiga. A capacidade do reservatório da Estação de Tratamento é de 150 mil litros e o do reservatório do Morro do Joaquim é de 75 mil litros.
Água barrenta
Sobre a qualidade da água, Veiga disse que desde o dia 28 de dezembro até ontem de manhã, a Cagepar estava distribuindo, de forma emergencial, água sem passar pela estação de tratamento. No entanto, foi adicionado cloro e, segundo o diretor da companhia, o produto poderia ser consumido.
Silvio Lopes, dono de uma pousada e de um restaurante na localidade de Nova Brasília, conta que a água que sai das torneiras estava misturada com lama e que os turistas nem cogitavam bebê-lá apesar da afirmação da Cagepar de que a água pode- ria ser consumida. "Não queremos consumir água com lama. Por isso compramos água mineral. Pago caro pela água e quero um produto de qualidade", reclama o empresário.
Pelo mesmo problema passava o administrador da pousada Marisol, na Praia do Farol, Donizete Aparecido Rodrigues. Ele afirma que os clientes só não foram embora porque a pousada tem uma cisterna. Rodrigues comenta que há quase 15 dias o abastecimento é falho e o pouco de água que chega está barrenta. "Fora da temporada isso é raro de acontecer. Mas durante o verão quase que vira rotina", argumenta.
Um dos turistas que não aceitam as explicações da Cagepar é Nélson Weigang Júnior. Frequentador da Ilha do Mel há 37 anos, ele afirma que o problema se repete todo ano. "Falta planejamento da Cagepar. Eles precisam dimensionar a água para o consumo", comenta.