Cerca de 60 toneladas de peixes apareceram mortos nas proximidades do Porto de Paranaguá e na costa da Ilha de Amparo, segundo pescadores| Foto: Bianca Garmatter/Gazeta do Povo

Comerciantes e consumidores ignoram orientação e continuam consumindo peixes da Baía de Paranaguá

Bianca Garmatter, correspondente em Paranaguá

Comerciantes e consumidores ignoraram a orientação da secretaria municipal de Saúde de Paranaguá e continuam consumindo peixes na região. Até a tarde de terça-feira (4), os vendedores de pescado do mercado municipal não haviam recebido orientações das autoridades sanitárias quanto à recomendação para que os peixes da Baía de Paranaguá não sejam consumidos até que se descubra o que provocou a morte de milhares de sardinhas xingos, encontradas mortas na região desde a última quinta-feira.

De acordo com a secretária de saúde do município, Isolda Maciel, o mercado não foi fechado porque a maior parte do produto comercializado ali vem de outras regiões.

Segundo estimativa dos vendedores das peixarias, somente 20% dos consumidores deixaram de comprar os pescados. O comerciante Antônio Fortunato dos Santos conta que as vendas estão normais, mesmo com todo seu produto sendo da Baía de Paranaguá. "Ainda não foi constatado em nenhum laudo o que provocou a morte dos peixes. Até que provem o contrário, eu continuo vendendo, pois não fez mal a ninguém", afirma o pescador, que na hora da venda diz explicar a procedência do seu produto. "Eu falo que o peixe é de Paranaguá", diz.O bancário Fernando Lopes comprou dois quilos de peixe no mercado municipal, todos da Baía de Paranaguá. "Eu até tenho um pouco de receio mas, na minha opinião, se está na banca para venda, está bom para o consumo", diz. Já o vidraceiro Cláudio José Marques só comprou camarões. "O vendedor me disse que o camarão é de Santa Catarina, por isso que estou levando", afirma.

Restaurantes

Para não perderem a clientela, os donos de restaurantes do litoral estão comprando pescado de fornecedores de outras regiões. Para o proprietário José Garcia, a única maneira foi trazer os produtos de Guaraqueçaba. "Tenho contato direto com um pescador da região, ele que me trouxe os peixes de lá. Já os camarões são de Santa Catarina", afirma.

O empresário Manoel Oliveira mudou o cardápio para dar mais segurança à população. "Evitamos frutos do mar, pelo menos até termos uma notícia mais concreta do que está acontecendo por aqui", diz.

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O consumo de peixes e frutos do mar provenientes da Baía de Paranaguá, no Litoral do Paraná, continua desaconselhado. A medida só deve ser revista depois que for divulgado o resultado da análise toxicológica que está sendo feita por pesquisadores do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ainda não há definição da data que o resultado será divulgado.

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Na última segunda-feira (3), milhares de peixes, principalmente sardinhas xingós, apareceram mortos em Paranaguá. Pescadores relataram que desde quinta-feira (30), vinham sentindo cheiro forte na água e percebendo a morte dos animais.

O capitão Durval Tavares Júnior, comandante da companhia de Polícia Ambiental do Litoral, explicou que se o resultado do laudo apontar que nenhuma substância química contaminou a água da baía, a orientação para que a população não consuma peixes e frutos do mar provenientes do local deixará de existir.

Tavares Júnior afirmou que não há nenhum registro de alguém que tenha passado mal por causa da ingestão de peixes do local, porém, por precaução a Secretaria Municipal de Saúde de Paranaguá recomendou que o consumo de peixes pescados desde 30 de dezembro nesta região – quando pescadores passaram a sentir cheiro forte - seja evitado.

A recomendação vale também para consumidores de outras cidades, que devem se informar se os pescados são da Baía da Paranaguá e neste caso, não devem comprá-los e nem ingeri-los.

Mesmo que a análise comprove que a água não está contaminada, os órgãos ambientais, pesquisadores do CEM-UFPR e a prefeitura de Paranaguá irão continuar investigando o que causou a mortandade dos peixes. Nesse caso algumas hipóteses seriam de que um navio pesqueiro descartou o pescado na baía ou que houve desequilíbrio ambiental causado, por exemplo, pela falta de oxigenação na água.

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Uma das suspeitas é de que tenha ocorrido vazamento de um produto químico ainda não identificado, mas com cheiro de enxofre, no Porto de Paranaguá, em 27 de dezembro. Neste dia, havia manchas verdes no mar e uma tartaruga foi encontrada morta.

Se for constatado que a água está contaminada, os órgãos competentes estudam que medidas vão adotar. Representantes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), do CEM-UFPR, da Defesa Civil e da Vigilância Sanitária estiveram reunidos na prefeitura de Paranaguá na manhã desta terça-feira para traçar a estratégia de orientação à população em relação ao consumo de pescado na cidade.

De acordo com o capitão Edson Oliveira, coordenador regional no Litoral da Defesa Civil, ao que tudo indica os peixes já não estão mais morrendo.

Laudos

Outro laudo que deve ser divulgado em breve se trata de uma análise preliminar de biólogos do CEM-UFPR de como morreram as sardinhas, segundo informações da Polícia Ambiental. Esse resultado não irá informar o que causou a mortandade dos peixes. Ou seja, o laudo não irá apontar se o responsável seria produto químico e nem qual seria ele.

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A previsão era de que essa análise ficasse pronta nesta terça-feira, o que não deve ocorrer, segundo a Defesa Civil do município. A nova estimativa é de que esse laudo ficará pronto na quarta-feira (5).

O capitão Tavares Júnior informou ainda que nesta terça-feira as equipes da Polícia Ambiental procuravam sardinhas "moribundas" na água – aqueles que ainda estavam vivas e perto dos peixes mortos – para uma análise mais detalhada dos pesquisadores do CEM-UFPR. "Já encontramos vários cardumes de sardinha vivos. Mas não estavam no local em que os outros foram encontrados mortos", afirmou o comandante da companhia de Polícia Ambiental do Litoral.

Segundo ele, biólogos do CEM-UFPR também analisavam se houve impacto ambiental para outras espécies, como tartarugas, botos, entre outros.

60 toneladas

O presidente da Federação das Colônias de Pescadores de Paranaguá, Edmir Manoel, afirmou na segunda-feira (3) que cerca de 60 toneladas de peixes apareceram mortos, principalmente nas proximidades do Porto de Paranaguá e na costa da Ilha de Amparo. Além de sardinhas xingós, também foram encontrados corvinas e bagres.

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