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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Os confetes e serpentinas invadem o Litoral

Os foliões terão alegria garantida ao longo dos mais de 90 quilômetros de praias e nas cidades da Baía de Paranaguá. Há diversas atrações com trios elétricos, escolas de samba e bandas de marchinhas. Casas de shows estão com o calendário cheio de novidades para os cinco dias de folia.

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  • Confira a programação que os munícipios do Litoral oferecem e boa festa

Um ano inteiro de preparação para poucos dias de festa. Para a maioria dos foliões, a ‘coceirinha’ do samba só é sentida em meados de janeiro, depois que as festas de fim de ano já terminaram e o ano mal começou.

Mas para muitos moradores do Litoral do Paraná, a preparação leva o ano inteiro. O carnavalesco Kaue Miron, de 20 anos, começou a pensar no desfile da Acadêmicos do Litoral Paranaense logo após o carnaval de 2008. "Em março eu entreguei a sinopse do desfile. Em abril já começamos a fazer os carros alegóricos e em maio o samba-enredo já estava pronto", diz.

A Polícia Militar calcula que haverá 1,1 milhão de turistas nas praias do Paraná neste feriado. Em Matinhos, são esperadas de 400 a 600 mil pessoas. "Estamos preparados para receber os visitantes. Nossa rede de pousadas e hotéis têm dois mil leitos e há os campings e as casas para alugar que acomodarão todos eles", diz o diretor de Turismo da Prefeitura de Matinhos, Celso Elias Gomes.

Em Guaratuba, 500 mil foliões devem passar pelas ruas da cidade. Em Pontal do Paraná, 300 mil pessoas se distribuirão entre os quatro balneários com programação para o carnaval. Antonina espera 250 mil pessoas durante os cinco dias de festa e Morretes, 50 mil, de sexta à terça-feira. "O folião pode aproveitar a festa de noite e as belezas naturais da cidade de dia ", diz o prefeito de Morretes, Amilton Paulo da Silva.

Em Paranaguá, são esperadas 160 mil pessoas para os três dias de festa. Juntas, as escolas de samba levarão para a avenida 6 mil integrantes. "Nosso carnaval envolve famílias inteiras, como a da Dona Milene, a baiana mais antiga do Paraná, ou o pessoal da escola de samba Junqueira, a primeira do nosso litoral", diz Gerson França, presidente da Associação das Escolas de Samba.

Conheça algumas das pessoas que sepreparam o ano todo para garantir os cinco dias de folia.

50 anos de gingado (foto 1)O samba-enredo da Acadêmicos do Litoral está na ponta da língua de Milene Rosa Gomes, de 82 anos – 50 deles de avenida. Ela vai desfilar à frente da ala das baianas na escola que ajudou a fundar em 1973, em Paranaguá. "Nesta época eu mudo de figura, só penso em carnaval." A ansiedade vai acabar na noite de sábado para domingo, à uma da madrugada, quando a Acadêmicos do Litoral apresenta o enredo "Se essa avenida fosse minha". "Minha entrada me faz chorar, é outro mundo." Filha de carnavalescos, a octogenária calcula ter 45 descendentes fazendo a folia de Paranaguá.

A Acadêmicos do Litoral entrará na avenida com 4 carros alegóricos, 13 alas e 140 integrantes. "Depois de muitos anos, o carnaval de Paranaguá volta à Avenida Cândido de Abreu. Sempre brinco que vou lá procurar o meu sapato, que perdi durante um desfile e só fui sentir a dor nos pés quando a apresentação terminou."

Samba, suor e ... cerveja! (foto 2)Se depender do empresário Osnir Alves de Abreu, de 43 anos, dono do Restaurante Fortaleza, de Ipanema, ninguém vai ficar com sede neste carnaval. Ele investiu pesado. Para dar conta do movimento, ele comprou – especialmente para a festa – uma câmara fria com capacidade de armazenamento de cem caixas de cervejas e refrigerantes e garante que na hora da folia tudo vai estar bem geladinho. Serão quase duas mil garrafas para os cinco dias de festa. "A cada ano o movimento aumenta. Se formos comparar com o público que tivemos no ano-novo, o carnaval promete atrair muita gente", comemora. Osnir fala com a experiência de quem já tem 27 anos à frente do comércio. Atende desde o café da manhã até o último folião ir embora e emprega cerca de 42 pessoas durante a temporada.

Duas horas e meia de balancê (foto 3)Abram alas que eles vão passar. Geraldo Ferreira da Silva, de 50 anos; Wayner Carmona, de 36; Danilo Borges Machado Filho, de 40; e Florisval Gonçalves dos Santos, de 55, são alguns dos integrantes do grupo de samba Jeito de Ser que, neste carnaval, vai embalar os foliões saudosistas com antigas marchinhas na programação de domingo, em Caiobá. No balancê, 20 anos de samba percorrem os 200 metros que separam o Iate Clube da pracinha da Praia Mansa. Para aguentar as duas horas e meia de canto, os companheiros fazem uma pequena concentração antes, para repassar os tons, as letras e afinarem a sintonia. Alimentação ou hidratação especial? Dizem nem precisar. A experiência faz com que cantem sem se cansarem demais. Mas confessam que pediram reforços. "Virão mais músicos de instrumentos de sopro, para podermos compor as marchinhas, além de dar uma força a mais no gogó", diz Geraldo. Sorte de quem quiser dançar. Depois das marchinhas, o grupo promete embalar os foliões mais empolgados com músicas que vão do axé ao pagode.

A razão do carnaval (foto 4)Foliões na avenida é alegria garantida durante os cinco dias de festa. Só a turma da empresária Fabiana Tavares Perussi, de 30 anos, terá 25 pessoas, entre amigos e parentes. "Há 22 anos eu venho para a praia e neste carnaval não farei diferente", diz. Sua filha, Anallaura Tavares Perussi, de 5 anos, vai para a caiobanda fantasiada de Pedrita. "Quero pular e dançar bastante", conta. Andressa Lunardi, de 16 anos, moradora de Caiobá, quer aproveitar a programação intensa na cidade. "Fora de temporada tem poucas coisas para fazer, é agora que posso me divertir", fala. Anallice Tavares Perussi, de 13 anos, acompanha a amiga e traz mais pessoas. "Este ano ainda vou reunir minhas primas para o carnaval." A expectativa é das melhores. "Queremos que seja mais divertido do que nos anos anteriores", diz a empresária Néia Sobenko, de 52 anos.

Paixão que vem de tempos (foto 5)Aos 2 anos ela entrou na avenida pela primeira vez. Quase três décadas depois, a balconista Lilian Pinto Linhares, de 30 anos, irá abrir o desfile da escola com uma companhia especial. A filha Ana Clara, de 5 anos, vai sentir o coração palpitar com o tamborim. "Ela gosta muito de aparecer", diz Lilian. Para apresentar o enredo sobre o Barreado da escola de samba Filhos da Capela, de Antonina, elas vestirão uma fantasia com as cores da bandeira dos açoreanos, povo que trouxe para o Paraná o prato típico do litoral. Para aguentar os mil metros de avenida, Lílian se prepara ao longo do ano: musculação, ginástica e dieta fazem parte da rotina. "Vale muito a pena porque quando piso na avenida, me transformo. Sinto uma emoção muito grande", conta. A Escola de Samba Filhos da Capela é a segunda a entrar em Antonina, neste domingo, depois da Portinho. Logo em seguida desfilam Batel, Batuqueiros, Brinca para não Chorar e Leões de Ouro. A festa começa às 20 horas.

Alinhavando fantasias (foto 6)As mãos de Ângela Maria Pinto Siqueira, de 53 anos; Izolina da Silva Ricardo, de 65 anos; e Marli Lopes de Freitas, de 61 anos, teceram algumas das fantasias do Bloco do Boi Barroso, de Antonina. Os bonecos de

Pai Chico e Maricota, a roupa da grávida Catirina e o jacaré Bernúncia já estão prontos. A cada ano, novos elementos da cultura popular são introduzidos na história da grávida que deseja comer a língua do boi. Neste ano, as costureirinhas prepararam trajes inspirados no Fandango e na dança da Balainha. Em meio às fitas, lantejoulas e cores, elas deixam por último as próprias fantasias. "A emoção que sentimos quando entramos na avenida é indescritível", diz Ângela Maria. Quem quiser acompanhá-las na folia pode alugar um traje na Casa do Boi, em Antonina, na Rua Heitor Soares Gomes, nº 30, centro. A taxa simbólica é de R$ 15.

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