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Ecologia

Lixo de praia ganha ares de arte sustentável

“Domingo à tarde caminho pela praia pegando o lixo deixado pelos outros. Volto para casa de sacolas cheias, como se tivesse ido ao shopping.” Mara Moraes, artista plástica | Valterci Santos / Agência de Notícias Gazeta do Povo
“Domingo à tarde caminho pela praia pegando o lixo deixado pelos outros. Volto para casa de sacolas cheias, como se tivesse ido ao shopping.” Mara Moraes, artista plástica (Foto: Valterci Santos / Agência de Notícias Gazeta do Povo)
Por conta dos detalhes, uma escultura leva em média cinco dias para ficar pronta. O preço médio de venda é R$ 100 |

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Por conta dos detalhes, uma escultura leva em média cinco dias para ficar pronta. O preço médio de venda é R$ 100

Segundo a artista, algumas ideias surgem durante um sonho e, depois de lapidadas a faca, desenhadas e pintadas com tinta de tecido, viram peças concretas |

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Segundo a artista, algumas ideias surgem durante um sonho e, depois de lapidadas a faca, desenhadas e pintadas com tinta de tecido, viram peças concretas

As mãos que hoje reaproveitam blocos de poliuretano de pranchas usadas e os transformam em esculturas coloridas, até pouco tempo acompanhavam freneticamente as audiências no fórum cível de Curitiba. Foi durante os oito anos de trabalho como escrevente juramentada que Mara Moraes, 46 anos, ficou estressada. Cansada da vida corrida, ela se mudou há sete anos para o pacato Balneário de Guarapari, em Pontal do Paraná, onde a mãe já morava. "Antes tinha dinheiro, mas não tinha paz e agora tudo se inverteu", resume.

Fã de mar e de surfe, Mara começou a fazer esculturas por acaso, há quatro anos. Na ocasião ela comandava um projeto cultural e artístico com adolescentes da região e não há de ver que um dos pupilos apareceu justamente com um pedaço de prancha velha nas mãos? Ela gostou da textura firme do material parecido com um isopor, resolveu inovar e fazer algo que nunca havia feito antes: arte com mensagem de preservação ambiental.

Apesar de nunca ter desenhado, Mara passou a fazer esboços no papel e criar peças. As primeiras foram esculturas de mini-pranchas e bichos – hoje os mais comuns são totens e carrancas. "O que faço é consequência da reciclagem. O tema da escultura depende do dia e do astral que estou vivendo. Às vezes, o trabalho ganha até tons de protesto", conta.

Segundo ela, algumas ideias surgem durante um sonho e, depois de lapidadas a faca, desenhadas e pintadas com tinta de tecido, viram peças concretas. Por conta dos detalhes, uma escultura leva em média cinco dias para ficar pronta. O preço médio de venda é R$ 100. Para o futuro ela pretende iniciar projetos de conscientização ambiental em escolas e, para isso, tem procurado parcerias.

Processo de produção

Como está no Litoral, a matéria-prima é abundante. As pranchas velhas são doadas a ela por surfistas conhecidos. Assim que recebe os presentes, o procedimento é de retirar a capa de resina e a divisória. Depois disso é começar a confeccionar as esculturas. Até hoje ela já fez 196 diferentes peças. Algumas delas venceram a distância dos mares e foram parar em países como China, Japão e Nova Zelândia, levadas por turistas. Com a divulgação, Mara, que ressalta ter o "mar" no nome, já participou de mais de 30 exposições, entre eles a Bienal da Arte e Cultura Surf em 2009.

O exemplo de reaproveitamento de material vai além dos antigos blocos de prancha. Certas esculturas acompanham também tampas de garrafas e anéis de latas de alumínio, que servem para pendurar algumas das peças na parede. Para obter esses objetos, ela segue uma rotina. "Domingo à tarde caminho pela praia pegando o lixo deixado pelos outros. Volto para casa de sacolas cheias, como se tivesse ido ao shopping", comenta animada. Mara conta que reserva o que acha na praia e vai usando nas esculturas conforme vão surgindo as ideias. As pranchas, por exemplo, ficam guardadas até o inverno, quando prefere trabalhar com o material. "Quando está quente sai muito pó das pranchas, que é tóxico", justifica.

Serviço:

Rua Aracaju, 368, Balneário de Guarapari, em Pontal do Paraná, fone (41) 3458-4546.

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