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Maluco Beleza

Meleka, o drinque da Ilha do Mel

Carla Felipe foi uma das primeiras a provar a Meleka e  a degusta com a filha Flávia Bueno. Ao  fundo, o criador, Ernani Filus | Walter Alves/Gazeta do Povo
Carla Felipe foi uma das primeiras a provar a Meleka e a degusta com a filha Flávia Bueno. Ao fundo, o criador, Ernani Filus (Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo)
Ernani Filus e a decoração psicodélica da Toca Raul, bar na Praia de Encantadas que homenageia o cantor baiano |

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Ernani Filus e a decoração psicodélica da Toca Raul, bar na Praia de Encantadas que homenageia o cantor baiano

"Meleka no almoço/ Meleka no jantar/ Meleka está virando complemento alimentar". Os versos parecem de alguma cantiga infantil, só que a protagonista da rima é uma bebida à base de vodca e, dizem, com propriedades afrodisíacas – ao menos é o que garante o seu criador. O drinque, mesmo relativamente novo, já é tradição na Ilha do Mel.A primeira característica interessante da bebida é de que, apesar do sucesso, seu próprio criador, Ernani Filus, 61 anos, nunca a experimentou. "Parei de beber há 15 anos e desde então prometi nunca mais colocar uma gota de álcool na boca", justifica. Mas o juramento não o impediu de montar um bar há três anos na Praia de Encantadas, para onde se mudou há 20, depois de deixar Curitiba. Desde então, ele vive completamente no ritmo da ilha: não abre o bar todos os dias, apenas quando dá vontade.

O espaço se chama Toca Raul e homenageia o ídolo do proprietário, o cantor baiano Raul Seixas. Por causa disso e também pela barba e cabelos compridos, Filus é conhecido como Raul na ilha. E junto com a abertura do estabelecimento nasceu a Meleka, composta pela combinação de vodca, mel, ginseng, catua­ba, canela, noz-moscada, lêvedo, cravo, entre outras iguarias.

A criação foi por acaso. A inspiração veio da receita de outra bebida energética à base de amora. Um dia, Filus resolveu misturar alguns dos ingredientes que tinha e deu para os amigos provarem. A experiência deu certo e a fama se espalhou. "Virou a bebida tradicional de Encantadas", define o Raulzito da ilha. Depois foi necessário escolher um nome chamativo e pegajoso aos ouvidos do público. Meleka cumpre a proposta e, além de tudo, começa com mel, o nome da Ilha.

Uma das primeiras pessoas a experimentar o drinque foi a bioquímica Carla Felipe, 45 anos. "Conheço ele [Filus] desde 1983 e já é tradição trazer amigos aqui para provar a Meleka", conta Carla, animada enquanto aguarda com a filha, a estudante Flávia Bueno, 18 anos, a degustação de um copo da bebida. "A gente sai e sabe que depois da Meleka a noite muda. Só o astral do Ernani já ajuda", afirma Flávia.

A mistura é preparada com um dia de antecedência e colocada em garrafas no congelador. "Tem de ficar cristalizada de gelada para ficar boa", descreve Filus. Uma dose é vendida a R$ 2 e os diversos ingredientes são comprados em casas de chá em Curitiba.

Segundo Filus, a mistura agrada principalmente aos casais pelos poderes supostamente afrodisíacos. "Teve homem que veio aqui uma noite e na seguinte me disse: 'ontem foi a minha melhor performance'", garante Filus. A bebida é a mais pedida na Toca Raul, que virou point na Ilha do Mel. "Teve estrangeiro que veio aqui porque ficou sabendo da Meleka na barca", conta.

O ambiente é decorado em homenagem a ícones da música. Além de Raulzito, há referências a Jimi Hendrix e Janis Joplin. No espaço interno, os sofás, tapetes e quadros formam um clima aconchegante. Também há um mezanino, que, segundo o proprietário, é bastante procurado pelos casais. "O pessoal brinca que às vezes sobem duas pessoas e descem três depois", satiriza.

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