A temporada de verão no Litoral do Paraná, com início no dia 19 de dezembro de 2008, teve 9,63% a mais no volume de lixo recolhido em relação ao ano passado. Ao todo, foram recolhidas 13.221 toneladas de resíduos, enquanto que no ano passado foram 12.060 toneladas. Só no carnaval, foram 946 toneladas de resíduos domiciliares.
Os primeiros 20 dias da temporada foram marcados por uma quantidade enorme de lixo nas ruas por um motivo que nada teve a ver com o aumento do volume de resíduos, mas sim com o atraso na coleta por conta de problemas na licitação das empresas de limpeza e coleta de lixo pelo governo estadual. Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, a concorrência foi aberta três vezes, em outubro, novembro e dezembro de 2008. Nas duas primeiras tentativas as empresas não compareceram.
Já na última, as empresas propuseram um acréscimo de 10% no valor de cada um dos três lotes em licitação (o serviço de todo o Litoral foi dividido em três, por área de abrangência, para que mais empresas pudessem participar). "Foi um complô para chantagear o governo do estado em um momento crítico, já que a proposta saiu em 18 de dezembro, a um dia do início do nosso convênio com os municípios. O governo não aceitou essa pressão e foi para fora do estado buscar uma alternativa, assumindo o risco de problemas no serviço que, além da coleta do lixo, incluía também limpeza e roçada de ruas e calçadas durante a temporada", alega Rasca.
TranstornosE os problemas realmente ocorreram. Contratada em caráter emergencial pelo governo estadual perto do Natal, a empresa paulista Leão e Leão, que aceitou o valor do governo de pouco mais de R$ 5 milhões, não tinha dado conta de coletar todo o lixo acumulado até o início de janeiro. "Isso ocorreu porque o serviço já começou atrasado (cerca de cinco dias), com menos equipamentos (seriam 24 caminhões já no início, mas apenas oito começaram a coleta) e um problema de logística da empresa que não estava acostumada com o serviço". Para normalizar a coleta, o que só ocorreu na metade de janeiro, foi preciso contratar mais sete caminhões e aumentar o número de funcionários.
No mesmo período a Leão e Leão apresentou um plano de atendimento para o carnaval para que problema de atraso na coleta não se repetisse. Mesmo com os transtornos, Rasca mantém a posição de ter contratado uma empresa de fora, que não estava habituada ao serviço. "Mesmo com os investimentos extras, o valor não chegará ao o que as empresas paranaenses queriam. Isso é ruim porque o que o governo do estado queria era estar apoiando as empresas locais".
Ao todo, foram contratados 40 caminhões para recolher o lixo nas ruas e 24 compactadores para coletar os resíduos das residências, além de 400 funcionários.
Próxima temporada
De acordo com o secretário ainda não tem um plano definido para a temporada do ano que vem. "Estamos refletindo sobre o que aconteceu e pensando em alternativas para o ano que vem. Uma das alternativas seria repassar a coleta para a Sanepar ou ainda exigir uma maior participação dos municípios, o que também exige planejamento, já que mesmo durante o convênio desta temporada muitos deixaram de cumprir a sua parte, como a disponibilidade de equipamentos como caminhões-caçamba", afirma Rasca.