Mesmo em dias sem sol, banhista deve se proteger

Matinhos - Basta o sol não brilhar, como aconteceu neste início de semana no Litoral, para muitos veranistas abrirem mão de proteger a pele com bloqueador solar. Mas o desleixo cobra seu preço, já que o mormaço (condição atmosférica em que o sol fica encoberto por nuvens) também é prejudicial à pele.

Há algumas semanas, a estudante de Maringá Carla Barris, 21 anos, aprendeu essa lição da maneira mais dolorida: se queimando. "O tempo estava nublado e eu vim para a areia sem passar protetor, achando que ia ficar tudo bem. Quando cheguei em casa e fui tomar banho, percebi que estava toda sapecada", conta. Depois disso, ela não é mais pega desprevenida. "Hoje (ontem) eu passei bastante protetor antes de sair de casa e até trouxe uns tubos para a areia, para reforçar a dose".

O que explica a queimadura do mormaço é o fato de que as nuvens impedem apenas parcialmente a passagem dos raios solares, em especial os ultravioletas. "A atmosfera tem elementos que ajudam a filtrar a radiação solar, e um deles é a quantidade de nuvens. Ocorre que, mesmo com alta nebulosidade, cerca de 60% da radiação solar chega à superfície", esclarece o meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) Olivio do Sacramento Neto.

Para evitar queimaduras por mormaço, deve-se seguir algumas recomendações básicas para os dias de verão, como não se expor ao sol sem bloqueador solar e evitar a areia entre 10 e 16 horas.

Em dias nublados, a atenção deve ser redobrada, como explica Sacramento Neto. "As temperaturas ficam ligeiramente mais amenas, porque venta mais, e as pessoas têm a impressão de que o calor não é tão grande, o que engana".

Além do desconforto das queimaduras, a exposição indevida ao sol também pode provocar insolação. "É um risco que existe inclusive nos dias de mormaço, especialmente se a pessoa já estiver com o corpo desidratado", explica o médico dermatologista Ulisses Misima Ribeiro.

Se recorrentes, as queimaduras podem ter desdobramentos ainda piores. "Um período curto, mas de intensa exposição ao sol, como é comum nas queimaduras de verão, é o fator que mais aumenta a chance de se ter câncer de pele no futuro", alerta.

Guarda-sol

Outra prática comum nas areias é se abrigar sob o guarda-sol sem passar bloqueador solar, com a falsa impressão de já estar protegido. No último domingo, o contador de São João do Triunfo, Sudeste do Estado, Pedro Antunes Polekini descobriu que a fórmula não funciona. "Eu fiquei o dia todo debaixo do guarda-sol e voltei para casa com as pernas e a barriga queimadas. Até hoje estou com o corpo vermelho", conta.

A sombra não garante proteção em virtude do reflexo dos raios solares. "O raio ultravioleta se reflete na areia, na água e nos objetos que estão ao redor dos veranistas, além de que muitos guarda-sóis não bloqueiam totalmente a radiação", esclarece o dermatologista.