Há duas décadas a família de Noêmia, 81 anos, e Osvaldo Ballan, 84 anos, se reúne para celebrar o Natal na praia de Matinhos, no Litoral do Paraná. A tradição chega a reunir 150 pessoas de quatro gerações. A família é de Apucarana, no Norte do Paraná, mas tem descendentes espalhados por Barretos (SP), Brasília (DF), Itapema (SC), Chapecó (SC), Goiânia (GO), Curitiba e até na Austrália. E juntar todo esse pessoal não é uma tarefa fácil.
Neto de Noêmia e Osvaldo, Wellington Sardinha mora na Austrália desde 1999. Sem participar da festa há seis anos, neste Natal ele, a esposa e dois filhos vão participar da tradição. "Este ano conseguimos vir. Nossa maior alegria é ficar com os avós e nós sempre saímos daqui sem saber se vamos vê-los de novo", diz o neto. "A reunião é o mais importante e o mais difícil. Eu agradeço a Deus cada vez que posso ver minha família junta. Não preciso de um monte de coisas e de comida pra ser feliz", conta Noêmia Ballan.
Como toda família grande, a de Noêmia e Osvaldo Ballan também tem desentendimentos. A receita para não abalar a união entre todos é simples. "Tem diferença de ideias, mas meus pais me ensinaram a superar essas divergências.
O respeito é a base da família e a família é a base de tudo", ensina Maria Eunide, filha de Noêmia e Osvaldo. Sentimento unânime em cada um dos que estarão presentes na confraternização deste ano é a esperança pelo reencontro.
Fé e solidariedade
Religiosidade também tem um papel fundamental na família, principalmente nesta época do ano. Dona Noêmia participa de uma novena de Natal e compra alimentos para doar. "Neste ano, eu comprei pacotes com frango", revela. Segundo ela, os alimentos da cesta básica, como arroz e feijão, são doados por muita gente, por isso ela prefere comprar algo diferente. "Os meus pais faziam um monte de comida, um banquete, e distribuíam entre as famílias que precisavam. Eles me ensinaram isso, que precisamos pensar nos outros. Ter respeito com as pessoas."
Antes das refeições em família, principalmente no Natal, Noêmia Ballan pede que todos deem as mãos e orem juntos. Pai Nosso, Ave Maria e Santo Anjo são as três orações escolhidas por ela para pedir que o alimento não falte e que o caminho de cada familiar seja vigiado pelos anjos.
"A oração vem de família, meus pais eram muito católicos e me ensinaram, agora a gente ensina para os filhos. É mais importante do que dar presentes. Agradar as crianças com presentes é um prazer muito grande, mas não podemos pensar só no material e esquecer do Cristo", conclui dona Noêmia.