Antes dos mergulhos no mar ou nas piscinas é essencial tomar alguns cuidados com a saúde dos ouvidos, que não estão acostumados com o contato frequente com a água e o calor. Segundo o otorrinolaringologista Luiz César Widolin, quando os ouvidos permanecem muito tempo úmidos pode acontecer a inflamação do conduto externo pela proliferação de fungos e bactérias. "É uma doença conhecida como otite externa e que tem um grande aumento durante o verão". O principal problema, de acordo com o médico, está em esquecer de secar o ouvido ao sair do mar.
Os números do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO) confirmam: entre dezembro e fevereiro os casos de otites externas chegam a representar 40% dos atendimentos em consultórios otorrinolaringológicos, enquanto no resto no ano ficam em torno de 10%. O mergulho em águas contaminadas aumenta ainda mais a incidência da doença.
O principal sintoma da otite externa é a dor intensa e, nos casos mais graves ou tratados incorretamente, o inchaço e o fechamento do canal auditivo, que podem levar à perda temporária da audição.
O tratamento para a doença não é complicado. Segundo Widolin, são usados antibióticos tópicos (gotinhas colocadas dentro do ouvido) e anti-inflamatórios de administração oral. O tratamento leva, em média, uma semana.
Ataque de fungos
No caso de a otite ser causada por fungos, são usados antifúngicos e o tratamento se estende por três semanas. "Felizmente os pacientes procuram o consultório com rapidez, pois a dor é quase insuportável. Isso evita a progressão da doença, que pode acometer o tímpano", explica Widolin. Além dos medicamentos, podem ser feitas compressas quentes para aliviar a dor.
Tratada a otite, a recomendação é evitar que o ouvido entre em contato com a água por até seis semanas. Segundo o médico a única forma é não mergulhar. "Existem protetores auriculares para natação, mas nenhum é 100% eficiente. Além disso, o protetor pode ferir a pele e causar mais dano que benefício", garante o médico.
Higienização pode provocar lesões
Segundo informações do IPO, um dos fatores que deixam os ouvidos mais propensos a sofrerem uma otite externa é a limpeza do conduto interno com hastes flexíveis de algodão (os cotonetes). De acordo com o instituto, o (mau) hábito de secar os ouvidos com o objeto tira a proteção natural.
O otorrinolaringologista Luiz César Widolin também é contra o uso das hastes. "A cera que existe na entrada do canal do ouvido serve para proteger. Quando removida, o ouvido fica exposto à entrada de sujeiras e com elas as bactérias que causam a otite", explica. Segundo o médico, as hastes de algodão servem para a limpeza externa do ouvido. "São ótimas, mas apenas para limpar a parte de fora", afirma.
Dados do IPO indicam que o uso das hastes aumenta em 40% o risco de machucar o ouvido. Widolin recomenda o uso da toalha de banho para secar o canal do ouvido. "A toalha absorve a água acumulada na entrada do canal e não fere ouvido."
Se o uso das hastes é condenado, outros objetos como tampas de caneta ou grampos de cabelo, são absolutamente proibidos. Objetos pontiagudos podem ferir o tímpano e provocar surdez.