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Para um verão mais saudável

Tomar no mínimo 2 litros de água por dia é o indicado, mas no verão, com o calor, essa recomendação pode subir fácil para 3 litros. | Daniel Castellano / Arquivo/Gazeta do Povo
Tomar no mínimo 2 litros de água por dia é o indicado, mas no verão, com o calor, essa recomendação pode subir fácil para 3 litros. (Foto: Daniel Castellano / Arquivo/Gazeta do Povo)

Não é só de alegrias que o verão é feito. A estação iluminada traz um time de vilões à saúde. Entre eles, queimaduras na pele, desidratação e intoxicação alimentar. Tomar alguns cuidados específicos para a estação no dia a dia serve como prevenção aos incômodos. A reportagem ouviu sete especialistas de diferentes áreas – nutrição, educação física, dermatologia, gastroenterologia, ginecologia, pneumologia e cardiologia –, para listar as dicas que devem espantar as agruras do calorão. Se levadas em conta, elas podem garantir que o verão de 2016 seja apenas sinônimo de descanso e divertimento.

Apesar de atuarem em especialidades distintas, os entrevistados foram unânimes em ressaltar a importância da hidratação. O calor e as práticas esportivas sob altas temperaturas levam a maior perda de água pelo organismo por meio do suor, explica o clínico geral Leonardo Fernandez. Isso pode acarretar consequências severas no corpo, como o cálculo renal (pedras nos rins), que, às vezes, necessita de intervenção cirúrgica.

“A gente costuma ver nas emergências, a partir de outubro, um número maior de pessoas com cálculo renal”, comenta.

Segundo Leonardo, para saber se o corpo está devidamente hidratado, é preciso cuidar a cor da urina, que deve ser palha. Se estiver amarelo forte, é porque falta água no organismo. A nutricionista Betina Glitz sugere ter sempre por perto uma garrafa d’água.

“O ideal é tomar, no mínimo, dois litros durante o dia. Mas, se você suar muito, pode ingerir até três litros”, afirma a especialista.

O verão também contribui para a maior incidência de problemas com bactérias e fungos, que vão da intoxicação alimentar aos problemas de pele ou ginecológicos. Além disso, há quem sofra com alterações da pressão arterial ou ganho de peso. Por todos esses riscos, a estação exige atenção especial.

Verão sem risco

Para evitar que os problemas de saúde associados ao calor estraguem os planos para a estação, sete especialistas em áreas distintas dão dicas que podem ajudar a combater esses vilões.

Alimentação

Dieta não entra em férias

Quem viaja no verão também costuma dar férias à dieta e abusar dos lanchinhos à beira da praia ou da piscina. A dica da nutricionista Betina Glitz é garantir a hidratação, com água, água de coco ou isotônicos, e ter sempre um café da manhã equilibrado. A primeira refeição do dia precisa ser rica em frutas, fibras e produtos integrais. Granola, cereais e nozes são ótimas opções. Quem quer manter o peso tem de escolher os produtos light, de menor baixa caloria, optar por picolés de frutas e evitar frituras. Já para aqueles que não dispensam a caipirinha à beira da praia, é preciso intercalá-la com um pouco de água, explica Betina: “Além de ser calórico, o álcool desidrata. Intercalar a caipirinha com água evita a desidratação e reduz a ressaca. Usar água de coco é melhor ainda, pois ela repõe os sais minerais perdidos devido à desidratação provocada pelo álcool – explica Betina.”

Regime louco pré-biquíni ou sunga

Enquanto um grupo aproveita o recesso para dar férias à alimentação saudável, outro recorre a dietas malucas de revistas ou internet, com objetivo de emagrecer rapidamente antes de colocar o biquíni ou a sunga. Betina alerta que esses regimes são radicais e podem trazer o emagrecimento rápido, mas o simples retorno da alimentação normal fará os quilos voltarem. “Como são extremamente restritivas, essas dietas nos fazem perder peso rápido, mas recuperar mais rápido ainda. Quando comemos qualquer coisa, o organismo acaba absorvendo mais e passamos pelo efeito sanfona.”

A nutricionista explica que quem planeja perder peso antes das férias precisa procurar um especialista, que fará uma dieta equilibrada de acordo com o metabolismo e o objetivo de cada um. Esse grupo também costuma aumentar a carga de exercícios enquanto come pouco, o que pode causar hipoglicemia (diminuição da quantidade de glicose no sangue) e desidratação, segundo Betina. Tomar diuréticos para evitar a retenção de líquidos é outro erro comum, acrescenta a nutricionista, pois desidrata o corpo.

Xô, desmaio!

Quem tem pressão baixa costuma sofrer mais no verão, com mal-estar e até desmaios. A dica de Betina para evitar esses sintomas é tomar bastante água de coco ou isotônicos, que têm sais minerais, e levar legumes picados como aperitivos para a praia ou os passeios. Cenoura, palmito e pepino são ótimas opções de petiscos, pois têm sódio e mantêm a pressão.

Doenças respiratórias

Gripe de verão

Outro problema comum da estação são os resfriados devido à mudança brusca da temperatura. O pneumologista Carlos Cezar Fritscher alerta para que as pessoas evitem sair do sol e entrar em ambientes com ar-condicionado muito forte com frequência e, na praia, não entrem na água fria após ficarem expostos ao sol. O ideal é ficar um pouco embaixo do guarda-sol antes do mergulho, para evitar o choque térmico.

Alugou algo com mofo?

Alugar apartamentos ou casas que ficaram fechados por muito tempo pode agravar a asma ou a rinite, segundo Fritscher. “O calor e a umidade fazem os ácaros se proliferarem mais, principalmente em ambientes fechados”, explica o médico. Por isso, a dica é abrir bem os ambientes para a entrada do sol, limpar a poeira e usar antimofos.

Atividade física

Leve a academia para a praia

Sair de férias significa ter de deixar a academia, mas o educador físico André Luiz Silveira Mallmann afirma que isso não significa abandonar os exercícios. A dica do especialista é que os frequentadores peçam treinos que possam ser feitos fora do local aos seus instrutores. Esses exercícios podem usar equipamentos instalados nas praias, como as barras, ou serem feitos sem o auxílio de aparelhos, como abdominais e agachamentos.

Exercícios ao ar livre

Outra dica é aproveitar as lindas paisagens do verão para fazer exercícios ao ar livre, como caminhadas, corridas e pedaladas. André alerta para a escolha de um tênis ideal para esses esportes, o que pode evitar lesões.

O verão também é ideal para experimentar novos esportes. No Litoral do Paraná, alguns turistas estão conhecendo a região sobre pranchas de stand-up paddle.

Aqueça antes do impacto

Esportes comuns nas praias, o futebol e o vôlei são de alto impacto, e por isso é preciso aquecer antes de entrar nas quadras, alerta André. Segundo ele, é preciso fazer alongamentos e um aquecimento (como agachamentos ou polichinelos) para preparar o corpo ao esporte.

Coma antes e depois

André também explica que é preciso se hidratar e comer bem antes e depois dos exercícios, para evitar tonturas.

Cuidados com a pele

Bronzeado saudável e sem manchas

A exposição ao sol deve ser feita apenas antes das 10h e depois das 16h, pois, entre esses horários, o risco do desenvolvimento do câncer de pele é maior, explica a dermatologista Carolina Garcia Feijó. Mesmo no período indicado, a radiação UVA faz com que a pele envelheça e manche, o que reforça a necessidade do uso do protetor solar. "O indicado é usar um produto com fator de proteção solar no mínimo 30 em áreas de maior exposição, como rosto, colo e mãos. E a aplicação tem de ser feita 30 minutos antes de ir para o sol.”

Carolina também indica o uso de um chapéu no lugar do boné, pois o chapéu protege também as laterais do rosto, evitando manchas. Ainda é preciso ter cuidado com o manuseio de frutas cítricas, que, por terem substâncias fotossensibilizantes, causam manchas na pele. A dica é preparar as frutas em casa e lavar muito bem a mão depois.

Para tratar o vermelhidão

Qualquer descuido pode causar queimaduras na pele que provocam vermelhidão, bolhas e dores. Carolina explica que, nesses casos, é preciso hidratar a pele com cremes hidratantes, óleo ou vaselina líquida, além de não se expor mais ao sol. Loções pós-sol podem ser usadas apenas em queimaduras leves. Quando há bolhas, o ideal é partir para as opções citadas pela dermatologista. Testar fórmulas caseiras ou produtos diferentes, como pasta de dente, pode fazer mal à pele, segundo a especialista.

Fuja dos mosquitos

Outra dica da dermatologista é levar repelentes aos passeios, para evitar as picadas dos mosquitos, principalmente nas crianças. Usar repelentes nos quartos também é uma boa prática.

Basta às micoses

A maior exposição à umidade no verão pode provocar micoses, conforme Carolina. Por isso, é preciso secar muito bem as áreas do corpo com dobras, como no meio dos dedos, virilha e axila. Outra dica da dermatologista é não ficar o dia inteiro com a água da piscina ou do mar no corpo, tomando chuveiradas de água doce após os mergulhos. Usar talco nos sapatos, mesmo os abertos, também serve para prevenir que fungos ataquem a pele.

Sem espinhas

O uso de protetores, hidratantes e outros produtos no verão pode contribuir para o aumento da oleosidade da pele, o que causa espinhas. A dica da dermatologista para evitá-las é lavar o rosto com maior frequência e usar um sabonete específico para o controle da acne. Quem tem a pele oleosa também deve optar por protetores solares contra a acne.

Hidrate as mãos

O calor e a umidade tiram a barreira de proteção natural da pele, segundo Carolina. Por isso, é comum que as mãos ressequem mais. É preciso usar cremes hidratantes específicos para a área.

Não esqueça dos cabelos

O sol, o cloro da piscina e o sal do mar ressecam os cabelos, por isso a dermatologista sugere o uso de cremes hidratantes antes dos mergulhos. Outra dica é abandonar o secador, que piora o ressecamento do cabelo castigado pelo sol.

Cuidados femininos

O calor e a umidade aumentam o risco da infecção por fungos, por isso a ginecologista Liliane Herter sugere que as mulheres não passem o dia inteiro com o biquíni molhado. Também é preciso lavar as roupas íntimas com sabonete neutro e secá-las ao sol – deixar calcinha no box do banheiro, um ambiente úmido, pode contribuir para a infecção.

Bactérias adoram calor

Todo mundo conhece casos de intoxicação alimentar no verão. Essas situações são comuns na estação porque as bactérias se proliferam mais no calor, explica o gastroenterologista Ismael Maguilnik. A grande fonte da intoxicação é o armazenamento irregular dos alimentos. Temos de ter mais cuidado com refrigeração, confecção e manuseio das comidas. Quando levados à praia, os alimentos precisam ser consumidos imediatamente ou muito bem refrigerados, com troca de gelo nas sacolas, por exemplo – afirma.

Com as férias, as pessoas também costumam comer mais em restaurantes ou à beira da praia. A dica do especialista é procurar locais com maior higiene e ter cuidado com o armazenamento dos alimentos. Náuseas, vômitos e diarreia são os sintomas da intoxicação. Quando eles chegam, o ideal é se hidratar com água de coco, isotônicos e soro caseiro, diz Maguilnik.

Desidratação causa pedras nos rins

Manter-se hidratado no verão não evita apenas o mal-estar, mas o cálculo renal, segundo Maguilnik. Como a desidratação diminui a diurese (produção de urina pelo rim), aumenta o risco da formação das pedras, que causam dores intensas e podem necessitar de intervenção cirúrgica.

Mal-estar nem sempre é pressão baixa

O cardiologista e pesquisador em Hipertensão Flávio Fuchs afirma que, muitas vezes, o desconforto e o mal-estar relacionados ao calor não significam que a pressão baixou. Por isso, hipertensos não devem nunca deixar de tomar os medicamentos. Para aqueles que passam mal, o indicado é repousar.

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