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Praias monitoradas

Pescadores e surfistas ajudam a calcular incidência de águas-vivas no litoral do Paraná

 | Daniel Castellano / Arquivo/Gazeta do Povo
(Foto: Daniel Castellano / Arquivo/Gazeta do Povo)

Pescadores, surfistas e comunidades ribeirinhas do Litoral do Paraná estão ajudando o governo do estado a monitorar o comportamento das águas-vivas nas praias paranaenses. Nas últimas temporadas, os banhistas sofreram com ‘ataques’ do animal e foi preciso muito vinagre para aliviar a irritação. Para a temporada 2016/2017, um monitoramento feito ao longo do ano ajuda a estabelecer um padrão de atendimento na alta-temporada, aliado a uma compra extra de vinagre para abastecer os postos de saúde e de salva-vidas.

O monitoramento das águas-vivas foi feito principalmente em ilhas distantes da costa, como Ilha do Mel e Superagui. Segundo Emanuel Marques da Silva, biólogo da Sesa, por enquanto os pescadores e a própria Secretaria têm observado uma frequência normal nos animais. Por isso, a pasta estima que a incidência de águas-vivas na costa será similar à média da temporada 2015/2016, quando 14.028 pessoas tiveram contato com o animal, em maior ou menor grau de gravidade.

“Nós fazemos monitoramento frequente com pescadores, surfistas e moradores em alguns pontos estratégicos, principalmente nas ilhas, que são a entrada para o nosso litoral. Nós temos observado frequência normal de animais. Até agora, não há expectativa diferente disso”, explica Silva.

Márcia Machado, diretora de vigilância da Saúde de Matinhos, corrobora. “Esse ano deve manter a regularidade. Monitoramos durante o ano com os pescadores a atividade das águas-vivas, quanto eles recolhem as redes. É a mesma quantidade do ano passado”, afirma.

No entanto, essa previsão é baseada na normalidade de condições atmosféricas e marítimas. “Obviamente, isso depende do ambiente. Um vendaval grande, por exemplo, com ressaca no mar, pode trazer uma corrente de águas-vivas para perto das pessoas. As águas-vivas costumam passar pelas correntes externas do mar. Quando acontece alteração no fluxo dessas correntes, pode ser que sejam deslocadas. Esse fato é imprevisível”, conta o biólogo.

Muitos casos

Os casos do último verão (2015/2016) cresceram 82,3% em relação à temporada anterior, com mais de 14 mil pessoas atingidas. Mas houve diminuição, por exemplo, do verão 2011/2012, quando 21 mil casos foram registrados no Paraná.

No verão 2014/2015, foram apenas 2,4 mil casos, inferior aos incidentes registrados somente em Guaratuba na temporada passada (2,5 mil). As maiores ocorrências do último verão foram registradas em Matinhos, com 6 mil casos. Pontal do Paraná também teve um número elevado de veranistas atingidos: 5,2 mil.

“A água-viva tem fase de maior incidência nos próximos dias. Quando o verão começa a ficar a pico, elas começam a diminuir. Elas gostam de águas mornas, nem muito quentes nem frias”, conclui a diretora de vigilância de Matinhos.

Foco no vinagre

Para combater possíveis anormalidades, o governo do Paraná reforçou o estoque de vinagre em pelo menos 600 litros para esse verão. Eles estão sendo distribuídos em unidades de saúde do litoral. Historicamente, as cidades mais atingidas são Matinhos, Pontal do Paraná e Guaratuba – que também recebem mais veranistas.

O efeito do vinagre como medida de cuidado é da literatura médica mundial, explica o biólogo da Sesa. “Essa é uma recomendação em nível global. O vinagre ajuda no bloqueio da inoculação da toxina, na redução do envenenamento. E também na dor imediata e local, diminui os sintomas. A gente fala em queimadura porque essa é a sensação. Na verdade, é um envenenamento momentâneo”, explica.

Mas essa medida não vale para casos moderados, de pessoas sensíveis à intoxicação. Para essa classe, o contato pode causar reações intensas, como náuseas, vômitos ou dificuldade para respirar. Assim, a vítima deve buscar atendimento de saúde imediato.

Já a limpeza do local infectado com água doce, ou mineral, pode ser extremamente prejudicial ao tratamento e deve ser evitada a qualquer custo. Esse contato pode “potencializar” ainda mais o efeito da queimadura. “A água doce nesse tipo de ferimento tem efeito contrário, ela ajuda a injetar o veneno na pessoa. Pode piorar, não melhorar”, afirma o biólogo.

A prefeitura de Matinhos, cidade mais impactada do ano passado, já se organizou para o verão com 120 litros extras de vinagre – além dos fornecidos pelo estado. De acordo com a Sesa, a distribuição é feita de maneira igualitária nos municípios do litoral.

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