Polícia fecha o cerco aos apressadinhos

A combinação de calor, férias escolares, Natal, Réveillon e Carnaval estimula milhares de pessoas a fazer as malas e pegar a estrada nessa época do ano. Segundo estimativa das concessionárias que administram as rodovias que cruzam o Paraná, o movimento durante a temporada deve ser até 45% maior do que a média. Aumenta o fluxo, aumenta também o número de multas aplicadas.

INFOGRÁFICO: Veja os trechos com possíveis intervenções nas rodovias

Entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, a Polícia Rodoviária Federal (PRF-PR) computou 62.833 autuações nas rodovias federais do Paraná. Segundo a PRF-PR, com mais veículos circulando e com o reforço na fiscalização, a quantidade de infrações registradas tende a aumentar em relação aos demais meses do ano. A marcação cerrada dos agentes de trânsito parece ter surtido efeito. O número de mortes nas rodovias federais caiu 11% no estado entre 12 e 25 de dezembro, comparado ao mesmo período do ano passado.

Do total de autuações, mais de um quarto das multas aplicadas (17.458) penalizou motoristas que dirigiam em velocidade até 20% superior à máxima permitida. Ultrapassagem pela contramão onde há faixa dupla contínua foi a segunda infração mais cometida, e gerou 14.697 multas; transitar com velocidade entre 20% e 50% superior à máxima permitida completa o ranking (5.975 casos).

A imprudência, por sua vez, cobra seu preço. Entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, ocorreram 4.441 acidentes nas rodovias federais que passam pelo Paraná, deixando um saldo de 2.794 feridos e 165 mortos. Excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas e embriaguez ao volante são as principais causas desses acidentes fatais.

Para o policial rodoviário federal Fernando Oliveira, princípios simples de direção defensiva ajudariam a evitar muitos desastres. "O motorista deve manter distância segura dos demais veículos. É uma forma de antecipar suas próprias reações em caso de alguma eventualidade. Respeitar a sinalização e a legislação, reduzir a velocidade sob chuva ou neblina, não dirigir com sono ou embriagado e usar o cinto de segurança são outras recomendações óbvias, mas que evitariam muitas colisões e morte. A PRF também recomenda que não se responda a eventuais provocações de outros motoristas", orienta.

Profissional

Com 24 anos de habilitação, sendo 18 anos atuando como profissional do volante, Marcelo Pimentel afirma que dirigir na estrada é mais seguro do que na cidade. Para isso, basta respeitar as regras de trânsito. "Tem uma pista para ir, e outra para voltar; se tem terceira pista, pode ultrapassar quando for permitido; se não tem, o jeito é ter paciência e acompanhar o fluxo. Acidentes na estrada são resultado de pura imprudência", avalia.

Estatística

Brasil, o país do excesso de velocidade

As tendências observadas nas estradas do Paraná correspondem ao comportamento geral verificado nas rodovias federais de todo o Brasil. Levantamento divulgado pela PRF mostra que, entre agosto de 2013 e julho de 2014, foram aplicadas 1.088.694 multas por excesso de velocidade, mais de 300 mil por ultrapassagens irregulares e 36 mil pela falta de capacete ou por seu uso inadequado.

Já as autuações por embriaguez apresentaram redução desde o endurecimento da Lei Seca. Em 2012, antes da alteração da legislação, a cada 20 testes, um motorista era flagrado. Em 2013, eram necessários 39 testes para multar ou prender um condutor; em 2014, até julho, a cada 43 testes, um indicava o consumo de álcool.

No período avaliado, ocorreram 178.285 acidentes, com 26.794 feridos graves e 8.446 mortes. Colisão traseira, colisão lateral e saída de pista são os tipos de acidentes mais comuns, mas é a colisão frontal o mais violento. Apesar de representar apenas 3% do total de acidentes nas BRs, 34% do total de mortes decorre de colisões frontais (2.788).