Calçadão na praia central de Matinhos| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

A temporada de verão nas praias do Paraná se aproxima e com ela uma dúvida que ainda gera receio entre turistas e comerciantes. Com um histórico de falta d’água e queda de energia elétrica em outras épocas, as cidades litorâneas estão preparadas para receber os visitantes no Natal, ano-novo, carnaval e toda a temporada? Segundo as prefeituras de Matinhos, Pontal do Paraná e Guaratuba, a reposta é sim. Os comerciantes, porém, preferem não arriscar e desagradar o cliente. Eles investem em ações e equipamentos que ajudam a minimizar possíveis incidentes.

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Gerente de um dos hotéis de Pontal do Paraná, Leslie de Castro relata que o estabelecimento possui cisterna para lidar com períodos de falta d’água e energia elétrica. “Estamos há três anos com o hotel e já sabíamos do problema. Colocamos esses sistemas pensando nisso e também no bem-estar e sustentabilidade”, diz.

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Castro observa que tem visto uma movimentação de obras pela cidade e que espera que a temporada corra sem transtornos para os hóspedes e todos os veranistas. A procura por hospedagem para o verão, assinala, começou a crescer em setembro. “Estamos com quase tudo fechado e já fizemos trocas de equipamentos, como geladeiras e ar-condicionado dos quartos”, comenta.

Em Guaratuba, Leandro Farina, que é da equipe de gerência de um dos hotéis da cidade, reforça que a falta d’água em pontos da cidade é comum no fim do ano e é difícil de ser evitada. “A população cresce muito, não há sistema que aguente. Nós acabamos não sentindo tanto por conta da cisterna do hotel. Ainda assim, a água vem fraca nas torneiras”, afirma. “A estrutura na orla melhorou muito”, destaca.

Não é o que se vê em Matinhos, segundo o copeiro William Cordeiro de Oliveira. Ele aponta que a grande dúvida na cidade é se a praia estará pronta para os turistas no fim do ano. Parte dos estragos da ressaca que atingiu a cidade no fim de outubro ainda não foi consertada. Obras de quiosques na orla da Avenida Atlântica também seguem inacabadas. “O problema não é tanto a falta de água, mas a praia”, lamenta.

Equilíbrio

O prefeito de Matinhos, Eduardo Antonio Dalmora (PHS), sustenta que a última temporada que o município registrou falta d’água foi há dois anos e que ocorreu por causa de um problema nos motores da estação da Sanepar. Ele diz que o sistema passou por investimentos e que está apto para atender todos os visitantes.

Já os consertos dos estragos provocados pela ressaca, devem ser concluídos nos próximos 15 dias. “As ressacas atingem sempre os mesmos pontos. Estamos recebendo R$ 800 mil do governo e vamos deixar o local pronto para os turistas”, afirma.

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Dalmora diz ainda que as obras de revitalização da pista de caminhada da orla central de Matinhos também devem ser entregues até a temporada.

Em Pontal do Paraná, o secretário Municipal de Obras, Aramis Calixto, também afirma que a cidade já não tem problemas de abastecimento há dois anos. Desde essa época, foram executadas obras de ampliação do sistema de abastecimento. “A previsão é de que tenhamos até 20 anos sem problemas com isso, já contando o aumento da população em Pontal na temporada”, comenta.

A rede de esgoto, segundo ele, também vem recebendo investimentos, que ajudam a melhorar a balneabilidade em Pontal do Paraná. Do porcentual de 20% do município que era atendido pela rede, o número subiu para 50% há um ano e meio. A meta é atingir 95% em mais três anos. “Isso evita, por exemplo, que o esgoto a céu aberto corra para a areia”, afirma.

Sistema de energia elétrica recebe investimentos de R$ 8 milhões no litoral

Quando o assunto são as quedas de energia elétrica, a Companhia Paranaense de Energia (Copel), também vinculada ao governo do estado, informa que já desenvolveu um trabalho para prevenir esse tipo de problema no litoral. Segundo o superintendente de Serviços Operacionais da Copel, João Silva dos Santos, foram investidos R$ 8 milhões na expansão e modernização do sistema de energia elétrica nos municípios de Matinhos, Pontal do Paraná, Guaratuba e Paranaguá – que inclui a Ilha do Mel.

A maior parte dos investimentos consistiu em redes compactas para melhorar a confiabilidade de energia elétrica nestas cidades, especialmente no período em que o número de pessoas atendidas – 300 mil durante os meses de baixa temporada, chega a 1,5 milhão. Em Nova Brasília, na Ilha do Mel, foram trocados postes de madeira por postes de fibra. Também houve investimento em canais de comunicação com os usuários e pontos com wi-fi grátis para a população. “Fizemos todo um planejamento para chegarmos em novembro com isso pronto”, observa Santos.

A companhia segue agora com contingente dobrado no litoral para atender as demandas que surgirem na região ao longo da temporada.

A assessoria de imprensa Prefeitura de Guaratuba disse apenas que a cidade está preparada para receber veranistas na temporada, mas não retornou aos pedidos da reportagem com informações sobre ações que ajudaram o município a chegar a essa condição.

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Sanepar garante atendimento da demanda

De acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), órgão vinculado ao governo do Paraná, no período de baixa temporada, a equipe permanente no Litoral trabalhou na manutenção de equipamentos, instalações físicas e infraestrutura da produção e da distribuição de água. Com isso, as cidades litorâneas estão preparadas para produzir água suficiente para atender a demanda da temporada.

Mesmo assim, a companhia orienta que, nos períodos em que a população do Litoral aumenta consideravelmente, como no ano novo, os veranistas usem a água racionalmente nos horários de pico – das 10h às 18h. Neste período, a recomendação é para que a água seja utilizada prioritariamente para o preparo dos alimentos. Os banhos, neste período, devem ser curtos.

O gerente da Sanepar no Litoral, Arilson Mendes, destaca que um eventual problema no abastecimento pode ser causado ainda por falta de caixa-d’água adequada ao total de pessoas que estarão no imóvel na virada de ano.

Outra recomendação é encher piscinas fora do horário de pico. O volume de uma piscina de 5 mil litros corresponde ao consumo médio, durante 15 dias, de uma família de 4 pessoas. Também é necessário cuidado com a água das piscinas plásticas.

“Muitos clientes trocam a água diariamente. Não é necessário. Basta que as crianças tirem a areia antes de entrar na piscina, que deve ser higienizada com uma colher (das de sopa) de água sanitária para cada mil litros de água”, diz Arilson. As piscinas devem ser cobertas para evitar focos do Aedes aegypti.

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Esgoto

Cerca de R$ 252 milhões estão sendo investidos pela companhia de saneamento para ampliar o sistema de coleta e tratamento de esgoto em Matinhos e Pontal do Paraná. As obras, no entanto, devem ser interrompidas entre os dias 19 de dezembro e 4 de janeiro, para evitar transtornos aos veranistas.

Entre as principais intervenções em Matinhos, estão a construção de 14 estações elevatórias de esgoto, implantação de 245 mil metros de rede coletora, remanejamento de 14,5 mil metros de rede, implantação de 12.605 ligações prediais e remanejamento de outras 979 ligações existentes.

Já em Pontal do Paraná, serão construídas 15 estações elevatórias, 255 mil metros de rede e implantadas 12.395 ligações domiciliares. Neste município os investimentos são da ordem de R$ 126,1 milhões. Todas as obras, previstas em quatro etapas, devem ser concluídas até 2020.

Até agora, na primeira etapa das obras, já foram executados 120 quilômetros de rede coletora de esgoto, beneficiando 4.926 imóveis dos balneários Leblon e Praia de Leste, em Pontal, e Iracema e Ipacaraí, em Matinhos.

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Com a finalização dessas obras, o índice de atendimento com coleta e tratamento de esgoto em Matinhos passará dos atuais 52,02% para 85% da população. Em Pontal do Paraná, o índice será elevado dos atuais 25,95% para 75%. Em Guaratuba, esse índice já ultrapassa 90%.