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Folia de Momo

Público lota ensaio do carnaval de Curitiba

O entusiasmo do público com a bateria da Escola de Samba Acadêmicos da Realeza é uma das mostras de que o curitibano está voltando a aprender a gostar de samba e do carnaval da cidade | Fotos:Antônio Costa/Gazeta do Povo
O entusiasmo do público com a bateria da Escola de Samba Acadêmicos da Realeza é uma das mostras de que o curitibano está voltando a aprender a gostar de samba e do carnaval da cidade (Foto: Fotos:Antônio Costa/Gazeta do Povo)
Kely será passista e espera que o carnaval da cidade impressione |

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Kely será passista e espera que o carnaval da cidade impressione

Cerca de 200 pessoas acompanham o ensaio toda terça e quinta-feira |

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Cerca de 200 pessoas acompanham o ensaio toda terça e quinta-feira

O salão está cheio quando soa um apito no meio da multidão. Os membros da bateria da Escola de Samba Acadêmicos da Realeza, no bairro Bom Retiro, em Curitiba, pegam os batuques e se reúnem no centro do salão. A madrinha da bateria fica em frente ao grupo, acompanhada das passistas e da porta bandeira. Quando a equipe começa mais um ensaio, os es­­pec­­tadores saem de suas mesas e ficam em volta dos componentes da escola para acompanhar cada detalhe e também cair no samba.

O público de cerca de 200 pessoas que acompanha toda terça e quinta-feira o ensaio da agremiação é uma evidência de que o carnaval também chama atenção de quem mora na cidade. Bárbara Murden, presidente da Acadêmicos da Realeza, acredita que a imagem do curitibano frio e europeu ficou no passado. "Os curitibanos estão ficando mais brasileiros e aprendendo a gostar do samba e do carnaval da cidade", diz.

Descendente de poloneses, o comerciário Luiz Fernando Grocheveski, 49 anos, acompanha o carnaval da cidade desde 2000, junto com a esposa e as duas filhas. "No feriado de carnaval não vamos à praia, preferimos ficar aqui e reunir outras famílias para ver o desfile". A tradição fez que uma das filhas, a estudante Fernanda Cristina Grocheveski, 22 anos, desfilasse três vezes pela Acadêmicos da Realeza.

A encarregada de setor Maria Tereza Gomes, 60 anos, é curitibana e há 45 anos desfila em escolas de outras cidades. Neste ano, pela primeira vez vai participar da festa na cidade, também na Acadêmicos da Realeza. Apesar da simplicidade do carnaval de Curitiba, ela está animada com a oportunidade. A filha, a estudante de administração Kely Cristina Rodrigues, 20, será passista da escola e espera que o público se impressione com o carnaval da cidade. "Tenho certeza que todas as escolas vão impressionar o público", diz Kely.

Paixão renasce

O carnaval em Curitiba, segundo a antropóloga Selma Baptista, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), possui tradição dos bailes dos clubes de futebol, como o Coritiba, o Atlético Paranaense e o extinto Colorado, hoje Paraná Clube. O auge, afirma a antropóloga, foi na década de 1980, quando os blocos saíam pelas ruas e a festa era mais pujante.

Uma série de fatores contribuiu para que a festa na cidade caísse em descrédito, entre elas o nascimento das escolas de samba e o fim dos blocos de carnaval, na década de 1990. "Não houve transição entre uma categoria e outra. Além disso, os baixos investimentos e a difamação nos meios intelectuais também contribuíram" diz Selma.

Desde 2005, quando iniciou estudos sobre a festa popular na cidade, a antropóloga percebeu o crescimento das comemorações entre os curitibanos. "As escolas estão se profissionalizando e a cultura do samba nos bares da cidade está mais forte, o que contribui para o fortalecimento do carnaval", avalia.

Numa comparação entre os preparativos para o desfile de 2011 e os ensaios de 2012, o presidente da Escola de Samba Leões da Mocidade, Vilmar Alves, afirma que, de fato, mais pessoas acompanham os ensaios. "Acho que a divulgação do carnaval está melhor nos últimos dois anos. Espero que isso aumente para que o público se interesse novamente pela festa", diz.

Slogan

Escolas pedem uma chance

"Dê uma chance ao carnaval de Curitiba". Este é o slogan da Escola de Samba Acadêmicos da Realeza para o carnaval de 2012. A frase é também, segundo o carnavalesco da agremiação, Felipe Guerra, um apelo para toda a festa. "Nós queremos chamar atenção de todos os curitibanos. É um slogan para beneficiar também as demais escolas."

Apesar do crescimento do público, as escolas de samba acreditam que faltam investimentos na festa para que os membros da folia possam atrair mais o público, com uma estrutura melhor. "A verba cedida pela prefeitura é pequena para tanto trabalho, mas fazemos porque gostamos da festa", declara a presidente da Acadêmicos da Realeza, Bárbara Murden.

Para Vilmar Alves, presidente da Leões da Mocidade, além do pouco investimento público na festa em Curitiba, falta também interesse das escolas de samba em investir no evento durante todo o ano. "É preciso estimular principalmente quem é mais jovem a gostar de samba e carnaval, com aulas, oficinas, interação com as pessoas que têm tradição no assunto", comenta.

A diretora administrativa e financeira da Fundação Cultural de Curitiba, Maria Angélica da Rocha Carvalho, explica que o poder público da cidade tem se esforçado para ampliar os investimentos na festa popular, mas diz que o carnaval não se restringe apenas às escolas de samba. "Nosso foco é melhorar a estrutura oferecida tanto para as escolas quanto para blocos, festas nas regionais e bailes". Por esse motivo, segundo Maria Angélica, ainda não há intenção de aumentar a verba que dá suporte a cada agremiação.

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