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As restingas criam obstáculos que barram e redirecionam os ventos que carregam as areias. Se você gosta de praia, ajude a conservar
- Evite e denuncie a destruição de trechos da restinga para implantação de canchas de esportes ainda que improvisadas e por pouco tempo. IAP: (41) 3422-8233
- Recolha seu lixo na praia e encaminhe para uma lixeira, não deixando que ele se acumule na vegetação próxima à praia.
- Riscos de incêndio também são perigos freqüentes para as formações de restinga. Jogar bitucas de cigarros é absolutamente proibido.
Sobre o solo arenoso de origem marinha forma-se uma vegetação que pode ser observada em abundância no litoral do Paraná. É a restinga, que unida ao mar e à areia, oferece beleza e diversidade de vida ao ecossistema litorâneo. "Ela é um típico bioma de Mata Atlântica e pertence ao grupo de formações vegetais pioneiras", diz o professor Paulo Lana, do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Por ter uma vegetação mista, as áreas ocupadas por restinga são de encher os olhos. De acordo com o professor, há árvores, arbustos, epífitas, trepadeiras, muitas bromélias de chão e samambaias. Neste espaço convivem também árvores frutíferas, como o caju (comum no nordeste) e a pitanga. A fauna da restinga é composta por diversas espécies de pássaros, além de crustáceos e répteis.
A principal característica da formação vegetal são as folhas resistentes, caules duros e retorcidos e raízes com forte poder de fixação no solo arenoso. "Esta vegetação tem o papel de dar sustentação para uma área instável e sujeita à erosão", afirma Ricardo Miranda de Britez, biólogo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) no Paraná. Ele explica que como o solo arenoso não tem como característica o plantio, a restinga é responsável pela conservação da área e criação do ecossistema das praias.
Para Lana e Britez, a principal ameaça à restinga é a especulação imobiliária. Ambos questionam a cultura de que praia bonita tem de ser totalmente urbanizada e com calçadões. Segundo Britez, o litoral paranaense ainda tem várias áreas conservadas, apesar da pressão do mercado imobiliário. "Onde existe o desejo de se construir, como nos balneários, a ameaça é grande."
Proteção
O biólogo da SPVS reforça que se um terreno apresenta restinga, isso significa que não se deve construir neste local. "Se for construída uma calçada, ela certamente vai durar pouco tempo, pois está em cima da areia, sem sustentação alguma", explica.
Entre os locais mais ameaçados estão a divisa entre Matinhos e Pontal do Paraná, o extremo do balneário de Pontal do Sul onde há a pretensão de se construir um porto e os remanescentes de restinga nas áreas urbanizadas de Caiobá e Guaratuba. "O problema é que as cidades vão subindo sobre a restinga. Por isso é preciso ter mais fiscalização dos órgãos ambientais," diz Britez.
O biólogo reforça a necessidade de ampliar as áreas de proteção. "Há dificuldades de implementar de fato as reservas. Não há recursos para fazê-las funcionar corretamente e se o local não é determinado como área de proteção, é mais difícil fiscalizar."
Como alternativas para a preservação, o biólogo aponta a necessidade da criação de um plano de ocupação das áreas próximas às formações de restinga ainda conservadas. "Sem investimento em recursos humanos, infra-estrutura e, principalmente, em um programa de educação ambiental, será difícil preservar o remanescente deste bioma", garante Britez.
Reservas
A vegetação de restinga é característica em boa parte da extensão do litoral brasileiro e, apesar da degradação, há algumas Unidades de Conservação (UC) que cumprem o papel de garantir a preservação das espécies.
Segundo o biólogo da SPVS, existem núcleos de conservação no Parque Nacional do Superagüi, na Ilha do Mel, Estação Ecológica Guaraguaçu e Parque Estadual do Palmito, além de pequenas áreas espalhadas pelos municípios do litoral.
Em 2002, uma pequena reserva em frente ao Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no balneário de Pontal do Sul, foi designada Unidade de Conservação Municipal. "Antes de ela se tornar uma UC a Universidade já desenvolvia ações nesta área. Com a oficialização fica mais fácil proteger", diz o Paulo Lana, do CEM.
O Parque do Superagüi é considerado o principal reduto da restinga. "São trechos intocados de Mata Atlântica, incluindo vegetações rasteiras com grande diversidade de espécies, algumas que correm risco de extinção", alerta Britez.
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