Os biólogos do Centro de Estudos do Mar (CEM), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), tiveram uma surpresa na manhã desta quinta-feira (28): avistaram a tartaruga-de-couro, conhecida como tartaruga-gigante, retornando para o mar após fazer o sétimo ninho nesta temporada em Pontal do Paraná. O fato ocorreu no Balneário de Atami-Sul, por volta das 6h15.
A tartaruga-gigante - espécie que corre risco de extinção - veio até as areias de Pontal Paraná oito vezes nesta temporada, e em sete oportunidades fez ninhos. O primeiro no dia 28 de novembro de 2009 e o último nessa quinta. Essa foi a terceira vez que os biólogos conseguiram observar o animal, anteriormente isso ocorreu em 5 e 16 de janeiro. "A tartaruga-gigante ainda poderá desovar três vezes no nosso Litoral. Ela faz até dez ninhos por temporada", explica a bióloga Camila Domit, do CEM. Cada ninho pode ter até cem ovos e não se sabe quantos serão fecundados.
Camila conta que todos os dias os biólogos do CEM medem a temperatura dos ninhos às 6 e às 18 horas, e na verificação matinal de hoje novamente encontraram o animal. A bióloga também explica que não é possível saber se a tartaruga desovou, pois se o ninho for mexido há risco de desmanchá-lo. A tartaruga-gigante prepara o ninho deixando as condições ideais para que os filhotes possam nascer. "Sabemos que em quatro ninhos há ovos e nos outros três não temos como saber", afirma.
Essa tartaruga tem 1,49 metro de carapaça, as maiores da espécie chegam a ter 1,8 metro.
Nascimento no Litoral do Paraná
A previsão é de que os nascimentos irão acontecer a partir de 10 de fevereiro. Esse fato será inédito, uma vez que não há registro de tartaruga-gigante no Litoral do estado. Segundo Camila, é comum que os ninhos sejam feitos no Litoral norte do Espírito Santo.
A bióloga explica que os sete ninhos foram feitos em uma extensão de dez quilômetros das areias de Pontal do Paraná, desde o Balneário de Barrancos até Pontal do Sul. A tartaruga-gigante procura áreas de restinga que fiquem mais longe da iluminação pública para desovar. "Quanto mais escuro estiver o local, maior será a probabilidade do animal confeccionar o ninho", destaca Camila. O monitoramento das tartarugas é feito desde 2007 pelo Laboratório de Ecologia e Conservação de Mamíferos e Tartarugas Marinhas do CEM, em parceria com o Projeto Tamar. Em 2007 a mesma tartaruga-gigante desovou no Litoral do Paraná, mas os ovos não foram fecundados.