Sybilla fechou contrato com duas colônias de férias: renda duplicada no verão| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Contramão

Apesar do "boom" em alguns setores, alunos fogem da malhação

Se por um lado o verão é a estação em que as pessoas mais se preocupam com a condição física, por outro é a época do ano na qual elas mais fogem dos exercícios regulares. Pelo menos é o que garante Silvana Dias, personal trainer há 18 anos em Curitiba. "Para alguns setores, pode até haver um aquecimento. Mas para o mercado de personal trainers é um pouco difícil. As pessoas se focam nas festas e férias e acabam ficando longe dos exercícios", argumenta.

A personal trainer diz ver um boom de aulas justamente no período que antecede o verão, ocasionado por alunos que tentam chegar à boa forma física antes da entrada da estação mais quente do ano. "Dou em torno de 80 aulas por mês. Mas, entre setembro e outubro, minhas aulas aumentam até 40%", afirma.

A falta de regularidade e a interrupção no verão, segundo Silvana, podem trazer prejuízos para a saúde. "Quando o aluno para, mesmo que por pouco tempo, ele pode se desmotivar, além de ter o prejuízo de engordar, já que nessa época do ano as pessoas comem mais."

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Consultoria aponta crescimento de 52% do mercado fitness

Apesar de as academias terem de concorrer com as festas e as férias para manter a regularidade de exercícios de seus alunos, o mercado fitness cresce a passos largos no país. Isso é o que aponta um estudo da Central Mailing List, empresa que analisa tendências de mercado.

De acordo com a empresa paulistana, haviam 17.539 academias espalhadas no país em 2008. Três anos depois, esse número saltou para 26.700 – crescimento de 52%.

Ainda segundo a consultoria, São Paulo tinha em 2011 7.730 academias e, por isso, era o estado do país com maior participação neste mercado: 28,9%. Já o Paraná, contava naquele ano com 1.609 centros de musculação – o que representava 6% do país, quantidade equivalente a verificada na Bahia e superior a realidade encontrada em Santa Catarina.

Verão remete a descanso em lugares paradisíacos, muita sombra e água fresca. Mas essa realidade é não é para todos. É na estação mais quente do ano que profissionais de educação física, por exemplo, precisam se desdobrar para aproveitar o "boom" de atividades esportivas e recreativas e aumentar seus rendimentos.

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É o caso da professora de educação física Sybilla Pugsley, que duplica seus rendimentos no verão e diz fazer isso há 13 anos, desde que se formou pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). "A gente acaba acostumando com a ideia de que vai trabalhar no momento de férias dos outros", afirma.

Para este verão, Sybilla já fechou contratos com duas colônias de férias. Folga? Apenas nas datas comemorativas. "Consigo passar o Natal e a virada do ano com a família", diz a curitibana de 36 anos, que é professora efetiva de uma escola de dança da capital paranaense.

Marcos Ruiz comanda uma empresa de terceirização de profissionais, especialmente de professores de educação física, e garante que essa época do ano é como uma "galinha dos ovos de ouro" para o setor. "Nosso movimento aumenta 100%. Já temos quatro colônias de férias para este verão e os profissionais costumam receber de R$ 10 a R$ 15 por hora", diz.

Além das colônias de férias, Ruiz cita as festas corporativas como outro filão para esta época do ano. "Há muitas empresas que fazem festas de fim de ano e precisam de profissionais de educação física para comandar atividades recreativas", diz o empresário, antes de fazer uma ressalva. "Mas é difícil encontrar profissionais com especialização. Um bom professor de academia, por exemplo, pode não ter o traquejo para comandar uma colônia de férias, na qual o público não está acostumado com atividades físicas."

Projeto estadual

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O governo do estado também colabora para o aumento da demanda por profissionais ligados ao mercado fitness. Neste ano, pelo menos 50 acadêmicos de Educação Física vão trabalhar em 15 municípios da Região Oeste no Projeto Verão Paraná. "Teremos um calendário de eventos, com vôlei de praia, futebol sete e de areia, futevôlei, bocha de areia e atividades aquáticas, como a canoagem em cidades que têm praia artificial", explica Mauro Cachel, coordenador do projeto na Secretaria Estadual do Esporte.

Bianca Ferreira Ramos, 21 anos, será uma das monitoras do projeto na praia artificial de Porto Mendes, em Marechal Cândido Rondon e comemora a oportunidade. "Estou no quarto ano do curso e é uma oportunidade muito boa para o meu futuro na profissão. Além disso, dá para ganhar um extra", diz.