Não são necessários mais do que alguns minutos para se chegar à conclusão com jeito de clichê: A Ilha do Mel é um lugar diferenciado do Litoral paranaense. Desembarque no trapiche de Brasília ou de Encantadas e vá andando em meio às ruelas de areia, todas cercadas por grandes árvores que garantem a sombra. Parece algum lugar perdido no tempo, sem carros ou sol alto e gente a tropeçar uma nas outras. Mesmo quando está cheia, a ilha guarda um ambiente bem mais tranquilo do que o das nossas praias.
Claro, a localização geográfica ajuda. Para chegar, só de barco, máximo de 5 mil pessoas dormindo no local e regras ambientais que garantem a subsistência dos moradores e a conservação da natureza, fundamental para manter o mito. Faltam ajustes lá e acolá. A coleta de lixo ainda é um problema e o tratamento de esgoto precisa de melhoria. É pouco, porém, para tirar o brilho de um lugar que consegue conquistar, ao mesmo tempo, quem quer agito e quem busca descanso. Em 24 horas, tentamos mostrar tudo o que se pode fazer na Ilha. Faltou bastante coisa, certamente. Mas o trajeto dá uma boa mostra de como pode ser divertido passar um dia e uma noite na Ilha do Mel. Aproveite!
7 de janeiro 9 h
Uma aventura na Ilha do Mel começa no terminal de embarque no balneário de Pontal do Sul, município de Pontal do Paraná. Chegamos por volta das 8h50 do dia 7 de janeiro e pegamos a barca das 9 h. Das 8 h às 20 h, há embarcações saindo a cada meia hora para a Ilha do Mel. Quem tem sua própria lancha, pode ir por conta, mas paga a taxa de visitação assim que desembarca no trapiche. Todo mundo tem de ficar de olho no limite de visitação da Ilha: depois que 5 mil pessoas colocam os pezinhos nas areias de Brasília e Encantadas não entra mais ninguém.
A passagem de ida e volta custa R$ 23. Crianças menores de 7 anos não pagam e as que têm entre 8 e 9 anos pagam R$ 19 reais.
Para saber mais, ligue para o terminal de embarque de Pontal, no (41) 3455-1144.
9h30
A Ilha do Mel é linda, mas não é nenhuma praia do Caribe. Um monte de malas e bagagens não traz nenhum glamour e gera um problema. Você pode iniciar sua estada fazendo força e carregando tudo sozinho. Ou pode pagar para um dos carregadores que ficam próximo ao trapiche onde os barcos desembarcam. Dependendo de onde ficar, são cobrados de R$ 15 a R$ 30 pelo transporte. Mas a dica é ser econômico na bagagem. Uma mochila nas costas e uma sacolinha de mão resolvem seus problemas e fazem você poupar energia e dinheiro.
10 h
Sem ter feito nenhuma reserva, gastamos uns bons 20 minutos atrás de um lugar para dormir. A Ilha tem mais de uma dezena de opções de pousadas e de campings e encontram-se boas acomodações por preços que vão de R$ 40 a R$ 80 por pessoa.
Se o ar-condicionado for essencial, é bom tentar uma reserva com antecedência um quarto de casal com o aparelho sai por até R$ 260. Achamos um quarto bacana, com banheiro privativo, ventilador e um café da manhã bem servido.
10h30
Devidamente instalados, iniciamos o passeio. A primeira parada foi no Farol das Conchas, entre 15 e 30 minutos de caminhada, saindo da Vila de Brasília. A vista é uma das mais belas e a subida não é das mais tensas, mesmo para quem não prima por uma grande preparação física. Na descida, dá para sair da escadaria direto para um banho de mar na Praia do Farol.
12h30
Hora do almoço. Com R$ 14 dá para comer o prato Surf, típico da Ilha. A refeição é ideal para quem vai sair da mesa e seguir na rota. Vem com salada, batata-frita, camarão e peixe na medida certa.
13h30
Com a tarde inteira pela frente, decidimos conhecer a outra parte da Ilha, Encantadas. O percurso pode ser feito por terra, em mais ou menos duas horas. A paisagem é bonita, mas com o sol forte decidimos ir de barco. O trajeto é feito em dez minutos por R$ 5. Encantadas tem menos movimento que Brasília, mas nem por isso é menos bonita. Do trapiche, dá para chegar rapidinho até a Gruta um dos locais mais visitados e misteriosos do Litoral paranaense. Uma série de formações sólidas, belamente esculpidas pelo tempo, dão um aspecto atraente e até perigoso para o lugar. Ali, reza a lenda, as sereias cantavam e atraíam pescadores e marujos que não voltavam mais para a casa. Pode até ser verdade, já que, dependendo da maré, você acaba preso na Gruta...
14h30
Pertinho da Gruta, ficam o Morro do Sabão e o do Miguel. A vista é bonita, mas chegar e sair não é tão fácil e pode até ser perigoso.
Se você não confia no seu equilíbrio, o melhor a fazer é ir descendo agachado na areia, para não ter perigo de cair.
15h30
Da Ponta do Caraguá até a Pontinha está o maior movimento de Encantadas. Há várias opções de barzinhos e lanchonetes. É importante prestar atenção nas placas do IAP que sinalizam os locais próprios para banho. Da areia, pode-se presenciar a passagem dos grande navios que vão em direção ao Porto de Paranaguá. Ou simplesmente tomar uma água de coco e ler um bom livro.
17h30
Voltamos para Brasília por volta das 17h, bastante cansados. A ideia é descansar um pouco antes de sair para a balada.
22 h
Depois de um cochilo e de um bom jantar, vamos encarar a noite. O primeiro destino é a tradicional Toca do Abutre, mistura de restaurante, bar e balada. Lá, encontramos as irmãs Laura e Alice, de Rio Claro, São Paulo. Sem papas na língua, elas resumem a filosofia da boemia: "A Ilha é linda e de noite tem bastante gente bonita e solteira", diz Alice.
Em dia de semana, a noite é mais tranquila. Além da Toca do Abutre, o Barranco, localizado na Praia do Farol, é uma opção para quem quer esticar.
O som é a MPB e o reggae. Nos fins de semana, na Praia de Grande, a diversão vai até mais tarde com muito forró.
Para os acompanhados, o clima de luau pode aquecer o namoro. No caso dos solteiros, o flerte é livre e corre solto. Saber dançar vale muitos pontos.
8 de janeiro 2h30
Hora do temido retorno. A lanterna é essencial e, se você tomou uma cervejinha a mais, lembre-se: a ilha não tem carros, mas tem suas próprias leis de trânsito. Ande com a luz focada para baixo. Foco na cara dos outros gera reclamação. Também não dá para ficar parado ou sair correndo pela trilha. Em ambos os casos, você pode esbarrar em outro turista ou em um cachorro.
7 h
Mesmo aproveitando a noite, acordamos cedo no dia seguinte, já que a Ilha é muito bonita para ficar dormindo dentro de um quarto de pousada. Alugamos duas bicicletas por R$ 10 a hora e rumamos até a fortaleza. Até chegar, toda a praia da Fortaleza, ou Praia Paralela, como também é conhecida, pelo caminho.
De manhã a temperatura amena e a maré baixa facilitam as pedaladas.
7h45
Construída em 1767 para proteger a Vila de Paranaguá dos espanhóis, a fortaleza viu sua importância militar sendo desvalorizada ao longo dos anos. Logo após sua construção, engenheiros e militares portugueses alertaram que a obra, construída a duras penas em um local inóspito e com o suor dos moradores de Paranaguá, estava pessimamente instalada. Se quisesse, um navio inimigo chegaria facilmente até o município sem correr perigo de ser atingido pelo fogo vindo da Ilha. A Fortaleza também poderia ser tomada por terra, com os inimigos se infiltrando nos morros próximos.
9 h
Depois da Fortaleza, é hora de voltar para Pontal. Mesmo cansados, encaramos mais meia hora de pedalada. Depois de devolver as bicicletas e fechar a conta na pousada, estamos exaustos, mas vivos. A única baixa foi o chinelo: os dois pés não resistiram e as alças arrebentaram.
Vinte e quatro horas depois, estamos no trapiche, entrando na embarcação para retornar ao continente. Antes, porém, um último e saudoso olhar para a Ilha.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas