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Transporte

Uma travessia de histórias

Cada tripulação faz 15 travessias por dia, o equivalente a 18  quilômetros | Fotos: Valterci Santos / Gazeta do Povo
Cada tripulação faz 15 travessias por dia, o equivalente a 18 quilômetros (Foto: Fotos: Valterci Santos / Gazeta do Povo)
Elzevir Bueno, 14 anos de ferry boat |

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Elzevir Bueno, 14 anos de ferry boat

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Depois de dez minutos de travessia e uma distância de 1,2 quilômetro, o ferryboat chega à outra ponta da Baía de Gua­­ratuba. A embarcação atraca no terminal de embarque e as plataformas são soltas para a saída dos veículos e dos passageiros. Desde 1960, quando o sistema de balsas começou a funcionar, são centenas de passageiros todos os dias neste vaivém. Quatro pessoas, porém, permanecem sempre na embarcação: o mestre de cabotagem, dois marinheiros auxiliares de convés e um marinheiro auxiliar de máquina. Por dia, cada tripulação percorre 18 quilômetros: são 15 travessias e muitas histórias para contar.

Como a do rapaz que brigou com a namorada e, para chamar a atenção da moça, resolveu pular da balsa há três anos. "Ele quis fazer chantagem, achando que ia ser fácil atravessar a baía a nado. No fim, o pessoal aqui do ferryboat teve que resgatá-lo", recorda apenas uma das tantas histórias que vivenciou em 14 anos de balsa o mestre de cabotagem Elzevir Estival Bueno.

Situação de resgate, aliás, não é raro entre os funcionários da embarcação. Em setembro do ano passado, por exemplo, os seis passageiros de um Logus de Guarapuava tiveram que ser salvos pela tripulação. Motivo: o motorista errou a manobra ao entrar no ferryboat e caiu no mar. "O pessoal do rebocador teve que tirá-los da água", diz Bueno.

O marinheiro auxiliar de convés Daniel Fábio Basso também tem lá seus causos. Em 2003, a motorista de um Renault Clio acelerou demais o carro e caiu direto no mar. Mas, para sorte dela e das duas amigas, nem toda a tripulação precisou agir. "Tinha um ônibus cheio de guarda-vidas na fila, entrando na balsa. Eles salvaram as moças", lembra Daniel, que está há dez anos na profissão e seguiu os passos do pai, o mestre de cabotagem Antônio Carlos Basso.

O mestre aposentado João James de Oliveira Alves, o Janjão, que trabalhou por 16 anos no ferryboat de Guaratuba, de 1962 a 1978, explica que no seu tempo a tripulação tinha que passar por um curso de relações humanas, com duração de 30 dias. "Tínhamos que saber conversar com as pessoas de todas as classes sociais", explica. E não era para menos. Janjão diz que transportou desde andarilhos a pessoas ilustres, como o governador Ney Braga, o ditador paraguaio Alfredo Stroessner e o cantor e humorista Moacyr Franco.

Além de ter contato com gente famosa, Janjão também enfrentou emergências na travessia. Inclusive de ordem particular, como no nascimento da filha Lucimar, hoje com 34 anos. Com a esposa em trabalho de parto, o mestre de cabotagem precisou de ajuda no transporte até o hospital em Paranaguá. "Já tinha combinado com o encarregado. Ele veio imediatamente. Embarcamos no jipe e fomos para Paranaguá, atravessando pelo ferryboat", lembra.

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