Vale (quase) tudo na praia

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Quando a rotina é importante

Na praia, Laura de Paula Rodrigues, de 1 ano e 5 meses, é a rainha da casa. "Vivemos em função dos horários dela", conta a avó coruja Mariza Rodrigues. Em Caiobá, a menina acorda às 6 horas, almoça às 11h30, tira o cochilo da tarde e, logo após o jantar, às 18h30, vai para cama. Em Curitiba é a mesma coisa. "Ela mantém o mesmo ritmo que tem em casa. Até porque se houver mudança, ela fica brava e chorona, então, deixamos ela mandar. Assim todo mundo curte", diz a mãe, a analista financeira Anna Paula Rodrigues.De acordo com o pediatra do Hospital Evangélico Gilberto Pascolat, a decisão está correta. "Quanto mais nova a criança, maior a importância da rotina." O médico explica que bagunçar os horários compromete a readaptação dos pequenos quando tudo volta ao normal. "No caso do sono, é preciso manter os horários de sempre, senão a criança pode ter dificuldades para dormir, pesadelos e terror noturno. Manter a rotina a deixa segura."

Se o bebê já saiu da fralda, os horários da ida ao banheiro também precisam ser mantidos, senão ele pode voltar a fazer as necessidades na calça. Os banhos, segundo Pascolat, também devem seguir o horário de sempre.

Sorvete ou fruta?

É durante as férias na praia que o curitibano Henrique Guimarães da Silva, de 4 anos, tira folga da rotina de todos os dias. O almoço, que nos dias normais não passa das 12h30, muda para as 15h30 em Caiobá. E, se em Curitiba estar na cama às 20 horas é sagrado, na praia, ele pode ficar acordado até as 22 horas.

Enquanto conversava com a reportagem, Henrique foi liberado pelo pai para escolher o sorvete de sua preferência. A advogada Fernanda Macedo Guimarães, mãe de Henrique, até tentou oferecer uma fruta, mas o sorvete de uva ganhou a discussão. Na opinião da nutricionista do Hospital Evangélico Viviane Wons, o ideal é que pais e filhos não briguem na hora da comida. "Não dá para cortar tudo. As crianças olham outras comendo doce e querem também. O conselho é mesclar esses produtos com alimentos naturais", diz.

Bom mesmo é ter liberdade

Embora especialistas afirmem que quanto mais próximo da rotina, melhor, eles também concordam que dar liberdade à criança para aproveitar as férias é importante. O essencial é mantê-los alimentados e hidratados, com disposição após uma boa noite de sono e protegidos – e isso inclui passar bloqueador solar de fator 50, no mínimo, e observá-los quando entram no mar (sempre em áreas protegidas pelos guarda-vidas).

É o que faz o estudante Bruno Maia, de 9 anos, morador de Paranaguá, que viaja a Matinhos toda semana para espairecer. "Criança foi feita para ter liberdade. Eu me preocupo com o bem-estar dele, mas vejo que deixá-lo livre faz com que fique mais feliz", diz a mãe, a vendedora Luci Paula Nascimento, enquanto observa o menino se espreguiçando na areia e enfrentando caldos no mar na maior alegria.

O pediatra Gilberto Pascolat concorda: "Esta é uma época para esquecer da escola e dos afazeres, senão não são férias". E para os pais que têm receio da água do mar e da areia, o pediatra afirma que as crianças precisam ter contato com a "sujeira", para criar resistência a alergias e doenças no futuro . Seguidos tais conselhos, resta aos pais e filhos incluir outra palavra obrigatória na rotina: a diversão.