Campos Gerais
Ponta Grossa amplia aterro com tecnologia antipoluição
Ponta Grossa, na Região dos Campos Gerais, irá ampliar o aterro ainda neste ano. Até o momento, a cidade dispõe de três células que se enquadram no chamado "aterro controlado". No entanto, o secretário municipal de Meio Ambiente, Fernando Pilatti, afirma que a nova célula irá respeitar a lei de resíduos sólidos.
"Isolada, essa célula será um aterro sanitário como dita a lei, com tratamento de chorume e tecnologia para evitar a poluição do lençol freático", informa. O edital de licitação deve ser publicado neste mês e a intenção é colocar em operação até o final deste ano.
Ainda deverá ser implantada no começo de 2014 a coleta seletiva, em parceria com as associações de catadores de material reciclável. "Vamos começar a coleta seletiva gradativamente. No início a região central e outros três bairros serão contemplados e, em seguida, vamos ampliar a ação para todas as localidades", explica Pilatti.
Outro projeto em estudo é a construção de uma usina para tratamento de lixo, que transformaria os dejetos orgânicos em energia elétrica.
Levantamento
Mais da metade das cidades do estado estão em situação irregular
Um levantamento do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) mostra que 214 dos 399 municípios do Paraná (53,6%) não realizam destinação correta dos resíduos sólidos. Em 185 cidades (46,4%) há aterros sanitários devidamente licenciados. Já 93 (23,3%) ainda possuem lixão e os outros 121 municípios (30,3%) usam os chamados aterros controlados, que tem o mínimo de controle ambiental.
"Esse aterro controlado não é o ideal. Podemos dizer que corresponde a um lixão melhorado", atesta a engenheira ambiental do IAP, Flávia Deboni. Segundo ela, a falta de aterros sanitários deve-se a dois fatores. "Os municípios alegam falta de recursos e também a falta de capacitação profissional para mudar essa realidade", afirma.
O Paraná gera 20 mil toneladas de lixo todos os dias. Dos 399 municípios, 53% têm programas de coleta seletiva e 6% adotam programas de compostagem. Atualmente, 40% dos resíduos sólidos do estado são destinados inadequadamente -- o que representa 3,5 mil toneladas por dia descartadas de maneira irregular.
Desde a aprovação da Lei Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010, o governo federal deixou de usar 38% da verba autorizada para a área. De 2010 a 2012, foi empenhado um total de R$ 432 milhões dos quase R$ 700 milhões disponíveis. Grande parte dessa fatia foi direcionada a projetos de inclusão social, como o apoio às cooperativas de reciclagem.
Somente no ano passado, dos R$ 76,8 milhões empenhados em programas de gerenciamento dos resíduos sólidos, quase metade foi aplicado na formação e capacitação das cooperativas (veja infográfico). Os dados são do Siga Brasil, site do Senado sobre o orçamento público federal.
INFOGRÁFICO: De 2010 a 2012 quase 40% dos recursos não foram aplicados
A lei determina que a coleta seletiva de lixo esteja presente nos 5.570 municípios brasileiros e que até 2014 todos os lixões sejam eliminados do país. Porém, os municípios alegam que faltam repasses federais para que possam elaborar projetos e implantar aterros sanitários.
O presidente da Confederação Nacional dos Municipios (CNM), Paulo Ziulkoski, afirma que não adianta a lei impor o fim dos lixões se as prefeituras não possuem condições financeiras adequadas. "Não há contrapartida alguma do governo federal. Tudo isso recai nos ombros dos municípios", ressalta.
Ziulkoski acredita que a falta de investimento trará impactos no futuro. Uma das consequências seria a permanência de lixões em diversas cidades. "Não há condições de colocar um prazo para algo que não temos dinheiro. Queremos, então, que essa data seja prorrogada", completa. O processo para implantar um aterro sanitário, que substitui o lixão, leva aproximadamente oito meses para o licenciamento ambiental. Sem contar as fases de escolha de terreno e de seleção da empresa que vai instalar a estrutura necessária.
Ele explica que muitas prefeituras também sofrem com dificuldades técnicas. Fato que se tornou claro quando apenas 10% de todas as cidades brasileiras elaboraram um plano de gestão dos resíduos sólidos. "Faltam pessoas capacitadas para elaborar o plano", diz. O prazo para a elaboração do plano era agosto de 2012.
O Ministério do Meio Ambiente revela que o órgão havia disponibilizado R$ 57 milhões, entre 2011 e 2012, para que as prefeituras formassem contratos para a gestão dos resíduos sólidos. "Nem todos os contratos foram assinados. Os municípios não estão preenchendo os requisitos técnicos e legais para que o processo tenha continuidade", informa o Ministério.
A prioridade é conceder apoio aos consórcios intermunicipais para a destinação correta do lixo e o fim dos lixões. Mas, segundo o Ministério do Meio Ambiente, "observa-se que muitos municípios não estão organizados de maneira consorciada".
PR tem um ano para implantar consórcios
A menos de um ano do prazo limite para que os lixões sejam extintos em todo o país uma das metas estipuladas pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos , o Paraná corre contra o tempo para colocar em prática cerca de 40 consórcios intermunicipais para a gestão desse material.
O projeto faz parte do Plano Estadual de Regionalização de Gestão dos Resíduos Sólidos, que previa inicialmente que 20 regionais iriam compartilhar a responsabilidade de gerir a disposição final do lixo. No entanto, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente acredita que o número de consórcios tende a ser o dobro do estipulado.
O secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, explica que os consórcios devem resolver a questão do financiamento dos aterros sanitários. Ele afirma que a maioria das prefeituras não dispõem dos cerca de R$ 30 mil necessários por mês para a destinação correta do lixo. "O gerenciamento e o tratamento dos resíduos é responsabilidade constitucional dos municípios. O estado está procurando ajudá-los, já que as prefeituras esperaram muito tempo para se adequar à lei", afirma Cheida.
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