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Passadas mais de duas semanas do desaparecimento do vereador e consultor financeiro Claudio Thadeu Cyz, que teria lesado mais de 4 mil pessoas em Campo Largo, e mesmo havendo claros indícios de que se trata do maior golpe financeiro já aplicado na região, a prisão preventiva do suposto estelionatário ainda não foi solicitada pelo delegado Silvan Rodney Pereira.

Só as mais de 500 pessoas que já prestaram queixa na delegacia da cidade reclamam mais de R$ 5 milhões que estariam em poder do vereador, mas estima-se que o valor do calote ultrapasse os R$ 200 milhões. "Estamos analisando o pedido de prisão preventiva por estelionato, porque em princípio Cyz apenas sumiu", informou o delegado. "Inclusive foi o irmão dele quem veio aqui e disse que ele tinha desaparecido. Por isso precisamos trabalhar com cautela", completou.

Os depoimentos de oito dos doze funcionários da empresa do vereador, prestados ontem à tarde na delegacia, devem acelerar o processo. "Parece que ele premeditou tudo e foi mesmo embora. Nesse caso, já temos a tipicidade (estelionato), as vítimas e o autor (Cyz). Se ele não se apresentar espontaneamente, podemos indiciá-lo à revelia, e pedir a prisão preventiva a qualquer momento", explicou Pereira.

Os funcionários, que não quiseram se identificar, foram unânimes ao garantir que não sabiam de nada e que, até a véspera do sumiço, não havia qualquer sinal de golpe. "Tanto que na sexta-feira [17 de março], eu me despedi, desejei bom fim de semana e disse ‘até segunda!’", contou uma das funcionárias.

A moça que recebeu a ligação com os detalhes do que tinha ocorrido também falou à reportagem. "No domingo [19], a enteada dele me ligou e disse: ‘A mãe [Ada Suzuki, companheira do vereador] e o Claudio fugiram, é para vocês passaram na casa da vó [mãe de Ada], que tem um envelope lá para vocês. E vocês não precisam ir trabalhar na segunda, nem na terça, nem nunca mais’", contou.

Na residência da mãe de Ada, ainda segundo a funcionária, estavam envelopes com o pagamento do mês de março e um bilhete endereçado a ela e ao marido. "A mãe dela [Ada] leu o bilhete na minha frente, dizia que ela lamentava porque não ia ver os pais velhinhos", relatou a moça. Ela ainda disse que Cyz já fez viagens ao Chile e à Bolívia. Os funcionários estão com a carteira bloqueada e entraram na Justiça para requerer o ressarcimento pela demissão forçada.

"Ele quebrou a cidade, teve gente que perdeu tudo", contou Altevir Luiz Kaminski, dono de um bar, que disse ter aplicado R$ 50 mil na empresa do vereador. "Tanto que três pessoas já morreram de enfarte por causa disso", afirmou. Segundo Kaminski, Cyz era muito bem relacionado na cidade, sempre pagou tudo em dia e jamais levantou qualquer suspeita. Sobre a esperança de recuperar o dinheiro, o empresário disparou: "Pode esquecer, virar a página e botar uma pedra em cima, porque esse aí não volta mais."

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