Atualizado em 26/01/2007 às 22h28
O vereador Joaquim Gonçalves de Oliveira, de 56 anos, foi preso nesta sexta-feira, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, acusado de espancar e acorrentar o filho de 9 anos de idade.
A denúncia foi feita ao Conselho Tutelar pela mãe do menino, Adinir de França, 33 anos, que há cinco meses se separou do marido por causa da índole violenta dele. Oliveira da Ambulância, como é conhecido, foi eleito na última campanha com 4.302 votos, ironicamente pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS). A criança foi espancada ao longo de todo o trajeto de carro entre Colombo e a vizinha Piraquara, onde mora com a mãe.
Ao chegar em casa no início da tarde, Adinir encontrou o filho sobre a cama. Ele chorava muito, tinha o nariz sangrando, o rosto amarrotado a socos e uma corrente com cadeado presa no tornozelo esquerdo. Desta vez ela superou o medo que impediu denúncias anteriores e imediatamente avisou o Conselho Tutelar, que levou a criança à delegacia de polícia de Piraquara.
Ali, mandaram o caso para a delegacia de Alto Maracanã, em Colombo, onde mora o agressor. Durante todo o tempo o garoto teve de ficar com a corrente nos pés a prova do crime e só pôde tirá-la depois do exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal de Curitiba.
Meia hora depois de feito o boletim de ocorrência, Oliveira chegou com dois policiais que o buscaram em casa. Preso em flagrante, ouviu um sermão do delegado Hamilton da Paz e disse que só deu "umas cintadinhas para educar o filho".
As "cintadinhas" praticamente deformaram o lado esquerdo do rosto do garoto. Enquanto dirigia, Oliveira segurava o volante com a mão esquerda e esmurrava o filho com a outra. O espancamento durou os cerca de 50 quilômetros entre Colombo e Piraquara. Ao chegar na casa da ex-mulher, bateu ainda mais, foi ao portão pegar a corrente, amarrou na perna do filho e foi embora com a chave do cadeado.
"Era uma imagem deplorável", disse a presidente do Conselho Tutelar de Piraquara, Maria Eliete Darienso, que fez o primeiro atendimento. O menino também apresenta escoriações nas costas e nos braços. A causa de tanta agressão, segundo o vereador, é a "rebeldia" do menino. "Ele nunca levou o piá para passear, quer educar espancando", queixa-se Adinir.
Esta não foi a primeira agressão de Oliveira contra o filho, mas nas vezes anteriores ela teve medo de denunciá-lo. Segundo a ex-esposa, nos seis anos em que viveram juntos ele sempre foi muito violento, mas nunca chegou a espancar dessa forma os filhos mais novos, um menino de 6 anos e uma menina de 3. A implicância é com o mais velho.
As crianças vivem com a mãe em Piraquara, numa casa modesta deixada por Oliveira, que também paga uma pensão de R$ 500 para os três filhos, valor que mal dá para sustentá-los. Adinir é analfabeta e diz que por isso nunca foi respeitada pelo ex-marido. Ela não trabalha e fica em casa cuidando da filha pequena enquanto os dois maiores estão na escola. Adinir conta que Oliveira visitava os filhos com freqüência, em média uma vez por semana, mas nunca levava eles para passear ou se divertir.
Até o fim da tarde desta sexta, o delegado estudava em quais crimes Oliveira seria enquadrado. Um deles seria por lesão corporal, combinado com a infração de algum artigo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ele foi colocado numa cela comum, uma vez que não tem direito a cela especial e, como vereador, não tem imunidade parlamentar. "Torcemos para que ele pague pelo que fez, que não seja mais um exemplo de impunidade em crimes contra crianças e adolescentes", diz a conselheira Maria Eliete.
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