Histórico
Em 20 anos, duas mortes e uma cassação
Paola Carriel
A prisão de Pires é mais um episódio turbulento nos 20 anos de existência do Sindimoc. Criado em 1990, o sindicato tem 4 mil associados entre os 12,5 mil profissionais da categoria. Os sindicalizados contribuem com cerca de R$ 50 por mês, o que gera uma receita de R$ 200 mil mensais. O Sindimoc ainda recebe das empresas R$ 41 por funcionário atendido na clínica médica mantidade pela entidade.
O primeiro presidente, o motorista José Martins Costa, foi cassado em 1994 sob acusação de irregularidades. Em 1998, o presidente Aristides da Silva, conhecido como Tigrinho, que havia substituído Costa, foi executado com sete tiros em Itapoá, Santa Catarina. Ele estava em um bar de propriedade da família quando dois homens começaram a atirar. Até hoje os assassinos não foram identificados.
Em janeiro do ano passado, o secretário-geral da instituição, Alcir Teixeira, conhecido como "Zico", foi morto ao chegar em casa em uma suposta tentativa de assalto. O inquérito policial jamais foi concluído. Na época, a família chegou a suspeitar que o crime tivesse envolvimento com o sindicato.
Ontem, a equipe do Gaeco informou que na investigação que resultou nas prisões não há nada vinculado à morte de Teixeira, mas os policiais buscam elementos que possam ajudar no caso. O filho de "Zico", Anderson Teixeira, é candidato a presidente do Sindimoc pela oposição.
O vereador Denílson Pires (DEM), presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores das Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), foi preso ontem por suspeita de desvio de dinheiro da entidade e formação de quadrilha. Também foram detidos o advogado e ex-vereador Valdenir Dielle Dias, e o tesoureiro do Sindimoc, Valdecir Boleti. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, responsável pela investigação, ainda não há um levantamento do tamanho do rombo. Márcio Ramos, funcionários do Sindimoc, está foragido. Os agentes cumpriram 17 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária de cinco dias. Foram apreendidos documentos, celulares, livros de contabilidade e computadores. Segundo o coordenador do Gaeco, procurador Leonir Batisti, um registro de contabilidade datado do último dia 27 marcava um saldo de R$ 10 mil no caixa do sindicato. Porém, dentro da entidade, os agentes do Gaeco apreenderam R$ 120 mil em dinheiro sem registro de origem até o momento. Outros R$ 15 mil foram achados na casa de Boleti.
Nereide de Fátima Butinhoni, esposa de Ramos e funcionária do gabinete de Denílson na Câmara Municipal, também foi presa, mas por posse ilegal de arma. Ela foi liberada à tarde após pagar fiança.
Boleti e Pires devem ficar detidos no Centro de Triagem 2, em Piraquara. Dias está no quartel da Polícia Militar, local destinado para advogados detidos. O Gaeco investiga o caso há cerca de dois meses, após receber uma denúncia do Ministério Público do Trabalho.
Segundo Batisti, a contratação de funcionários "laranjas" seria uma das formas de desviar dinheiro da entidade. Há suspeitas ainda que o grupo usaria notas frias para simular pagamentos de serviços não existentes. O coordenador do Gaeco informou ainda que parentes da diretoria recebiam salários sem trabalhar no Sindimoc. Um fato chamou a atenção de Batisti: 10% da receita anual de R$ 10 milhões do sindicato seriam usados para pagar honorários da assessoria jurídica.
Carreira
Cobrador de ônibus, Denílson Pires, 42 anos, assumiu a presidência do sindicato interinamente em 1994, após a morte do ex-presidente Aristides da Silva, mais conhecido como Tigrinho. Quatro anos depois foi eleito para o cargo que ocupa até hoje. Um ano depois o sindicato comprou a sede própria no centro de Curitiba, onde são oferecidos serviços de advogados e farmácia. Em 2007, Pires se elegeu vereador.
Em entrevista à RPCTV, no momento da prisão, ele declarou desconhecer as acusações e disse que trabalha em favor da classe. Nos dois gabinetes do parlamentar, na Câmara e no bairro Sítio Cercado, funcionários se mostraram surpresos com a prisão e não comentaram a situação.
Pires não pretende se candidatar a mais uma gestão no Sindimoc. Ele apoiaria Boleti na eleição marcada para 30 de setembro. Desde o último dia 18, quando se aprovou o regulamento do pleito, o sindicato vive um clima de tensão. A reunião foi tumultuada e foi preciso chamar a polícia para controlar os mais exaltados.
Ontem, após as prisões, o diretor de eventos da entidade, Dirceu Galvão, trocou socos em frente à sede do Sindimoc com um associado, que tentava gravar a movimentação no local com o celular. Galvão afirma que ele tentou colocar o celular em seu rosto e acabou brigando por conta disso.
O grupo de oposição a Pires, liderado por Anderson Teixeira, estuda a possibilidade de pedir uma intervenção no Sindimoc e antecipar as eleições.
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