O presidente licenciado da Câmara Municipal de Reserva, Flávio Hornung Neto (PMDB), assassino confesso do presidente municipal do PC do B, Nelson Renato Vosniak, prestou depoimento nesta terça-feira à juíza da cidade, Daniela Flávia Miranda. O interrogatório de Hornung foi o primeiro passo após ser instaurado o processo criminal contra ele na Justiça.
O vereador confessou ter matado o dirigente político com três tiros na noite do dia 15 de janeiro. Hornung também tentou matar o repórter de um jornal local, Giovani Welp Pinto, e o professor Carlos Rodrigues Oliveira Filho, que estavam no carro de Vosniak no momento do crime.
No depoimento ao promotor Alexey Choi Caruncho e à juíza, o vereador manteve a mesma versão apresentada à polícia. Confirmou que o crime foi em legítima defesa, não tendo conotação política, e que era vítima de constantes ameaças de Vosniak desde que começou a investigar supostas irregularidades em licitações da prefeitura, vencidas pelo ex-presidente local do PC do B. Durante o interrogatório, o presidente licenciado da Câmara chorou, dizendo que o crime "acabou com a sua vida" e que está arrependido. Hornung se negou a falar com a reportagem na entrada e na saída do fórum da cidade.
Após ouvir o vereador, a juíza marcou para o dia 10 de julho os interrogatórios de Welp Pinto e Oliveira Filho. Após isso, as testemunhas de acusação e defesa serão chamadas, para então ser decidido se Hornung será julgado em júri popular. De acordo com o advogado do vereador, Carlos Humberto Fernandes Silva, nove testemunhas de defesa serão ouvidas, sendo duas em outras cidades.
Para o advogado da família Vosniak, Luiz Carlos Bortoletto, o temor é que o processo se arraste por muito tempo. "Eles vão tentar protelar o máximo que puderem", disse. O irmão do político assassinado, Luiz Carlos Vosniak, que esteve no fórum momentos antes do início do interrogatório, também tem a mesma preocupação. "A gente tem medo que o processo se arraste na Justiça", afirmou. A viúva de Nelson Vosniak, Maria Fabiane, estava extremamente nervosa e não falou com a reportagem.
Rotina
Enquanto aguarda a decisão da Justiça, o vereador de 26 anos mantém a sua rotina. Desde o dia 9 de março ele retornou às atividades como vereador, após os parlamentares votarem contra a abertura de um processo de cassação. No mês que vem, vence a sua licença das atividades como presidente da Câmara Municipal. Hornung permanece solto amparado por um habeas-corpus, concedido pelo Tribunal de Justiça (TJ) no dia 1.º de fevereiro. "Para ele, a vida continua normal, circulando normalmente na rua. Agora, para a gente é complicado encontrá-lo assim", disse Luiz Carlos Vosniak.
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