O sumiço do vereador Cláudio Thadeu Cyz, de Campo Largo, ontem, deixou muitos moradores da cidade preocupados e, talvez, mais pobres. Além de parlamentar, Cyz trabalha como consultor financeiro e especula-se que ele tenha investido cerca de R$ 200 milhões dos campolarguenses na Bolsa de Valores. De acordo com populares, na semana passada, já corria um boato pela cidade de que o vereador não tinha condições de reembolsar seus clientes e daria o calote na população.

CARREGANDO :)

As suspeitas aumentaram quando o escritório, na Praça Getúlio Vargas, não abriu na manhã de ontem. O movimento na praça foi atípico. Durante todo o dia, dezenas de pessoas se acumulavam em frente ao escritório e em volta dos bancos na esperança de reaver o dinheiro investido. A casa do vereador, na Rua João Batista Campanharo, está vazia. O único barulho que se escuta da rua é a campainha do telefone. Ele também não apareceu na Câmara, que teve sessão ontem.

O último contato do vereador com sua família e seus funcionários foi intermediado por pessoas próximas. Por volta das 20h30 de domingo, a enteada de Cyz entrou em contato com a família. "Ela disse que eles (o vereador, a mulher e filhas) tinham ido embora porque ele (Cyz) tinha sido ameaçado", afirmou o cunhado do vereador, Acir Sequinel.

Publicidade

Já o acerto de contas com os funcionários veio por meio da sogra do vereador, na tarde de domingo. "Ela leu uma carta dizendo para todos viverem bem, na medida do possível, e que dificilmente se veriam novamente. Depois entregou um envelope para cada, com o ordenado do mês", relatou Mário Grunevalder, pai de uma das funcionárias.

O negócio do vereador atraía muita gente. Ele dizia aplicar todo o dinheiro na Bolsa de Valores, que rendia cerca de 4% ao mês, valor superior ao de qualquer aplicação em banco. "Ele explicava que era uma operação de risco e que o mercado oscila, mas o juro é sempre acima do banco", explicou o pedreiro Valdemir Andrade Silva, que tem R$ 32 mil investidos com Cyz. "Sempre quando a gente queria tirar o dinheiro ele aumentava os juros. Chegou a 8%", contou o operário Edvaldo de Oliveira, que tinha R$ 29 mil aplicados.

O vereador estava no ramo financeiro havia mais de 20 anos. Há quem suspeite da legalidade dos negócios. "Tem gente que aplica dinheiro sem valor declarado. E agora, vai recorrer a quem?", questionou o técnico Ermínio Santana. Existem rumores de que Cyz estivesse sendo investigado pela Polícia Federal, mas a assessoria da PF disse desconhecer o fato.