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Vereadores de Paranaguá processam professoras por críticas nas redes sociais

Na última terça-feira (6), na Câmara Municipal de Paranaguá, os professores da rede municipal protestaram  em solidariedade às duas docentes processadas pelos vereadores. | Sismmap/Divulgação
Na última terça-feira (6), na Câmara Municipal de Paranaguá, os professores da rede municipal protestaram em solidariedade às duas docentes processadas pelos vereadores. (Foto: Sismmap/Divulgação)

Oito vereadores de Paranaguá, no Litoral, decidiram processar duas professoras e a mãe de um aluno por criticarem o trabalho dos legisladores. As críticas aconteceram em fevereiro deste ano, quando o magistério municipal entrou em greve pedindo reajustes salariais e a Câmara de Vereadores votou contra um requerimento que pedia mais transparência dos gastos do Município com o funcionalismo público. “Alguém fez uma arte com o rosto dos vereadores e os dizeres e várias pessoas compartilharam, entre elas, as duas professoras e a mãe do aluno”, explica David Alves de Araújo Junior, advogado do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Paranaguá (Sismmap). A imagem, que foi compartilhada mais de 200 vezes, traz as fotos dos doze vereadores com as frases: “Esses são contra os professores! Contra a Bom Ensino de Paranaguá! Contra os seus filhos, nossos alunos!”.

“Um dos vereadores me chamou para conversar pelo Facebook e disse que se eu não apagasse, eles iriam me processar. Eu perguntei se ele processaria todas as pessoas que compartilharam e ele disse que sim. Mas, mesmo apagando, fui processada. Só nós três fomos”, contou a professora Greice Costa, que atua no magistério há cinco anos. A outra professora, Jacqueline Wagner, está há um ano lecionando no município e disse se sentir frustrada com a situação. “Eu me sinto sem ter uma voz para me defender. Eu, professora, formadora de opinião, e não posso me expressar?”, questiona. A presidente do Sismmap, Andréa Elias Paula, acredita que apenas elas foram alvos do processo porque estavam bem engajadas na greve, em fevereiro. As duas servidoras disseram que o intuito não era ofender a imagem pessoal dos vereadores, mas criticar a postura deles como legisladores.

Segundo a presidente do Sismmap, as tentativas de acordo para dar fim ao imbróglio não tiveram sucesso. “Por duas vezes eles marcaram reuniões conosco na câmara. Quando chegávamos lá, tinha dois ou três vereadores presentes e os outros não apareciam, o que impossibilitava a conversa. Chegamos a ficar mais de duas horas esperando por eles”, disse.

Chamadas para uma audiência de conciliação, que aconteceu na última segunda-feira (05), no Juizado Especial, os vereadores não aceitaram a proposta de retratação das professoras e decidiram seguir com a ação que pede indenização por dano moral. “A situação em si é absurda. As pessoas que estão lá para nos representar, vêm contra nós. Nós somos professoras, estávamos lutando por um salário melhor e eles ainda querem indenização em dinheiro”, lamenta Greice.

Outro lado

O advogado dos vereadores, Celso Araújo Marques, disse que os vereadores indeferiram o requerimento de transparência com os gastos da prefeitura porque o Executivo Municipal já havia se comprometido a divulgar a relação na página oficial da prefeitura. Na época, pediram um prazo de dez dias para colocar as informações no ar. “Em momento algum eles falaram contra os professores, não houve qualquer tipo de ameaça”, afirmou.

O processo cita que as críticas causaram aos vereadores “profundo abalo psicológico, pois afetam a dignidade como seres humanos, trazendo ainda considerável prejuízo às suas imagens públicas, que conquistaram com muito trabalho, esforço, competência e honestidade”.

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