Inconformados com a realização a portas fechadas da reunião da CPI dos Ônibus na Câmara Municipal, manifestantes bloquearam ontem, por seis horas, a principal avenida do centro do Rio e hostilizaram dois vereadores aliados do prefeito Eduardo Paes (PMDB) que fazem parte da comissão de investigação. O presidente da CPI, Chiquinho Brazão, e o relator, Professor Uoston, companheiros de partido do prefeito, foram perseguidos quando deixaram o Palácio Pedro Ernesto, no fim da manhã.
Professor Uoston foi atingido nas costas por um ovo e Brazão foi cercado por um grupo, contido por seguranças da Câmara com socos e empurrões. Os manifestantes cercaram os táxis onde os vereadores embarcaram, tentando impedir que seguissem adiante.
O entorno da Câmara Municipal foi ocupado por policiais militares que, com escudos e capacetes, controlavam a entrada de pedestres nas ruas laterais e restringiam a funcionários o acesso à sede do Legislativo. A Avenida Rio Branco foi fechada por um grupo de cerca de 200 manifestantes desde as 10h30, o que provocou o caos no trânsito do centro. Lojas e restaurantes fecharam as portas, com medo de quebra-quebra, que não ocorreu.
Comissão contesta polícia sobre Amarildo
O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), entregou à chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, pedido de esclarecimentos sobre o relatório do ex-delegado adjunto da 15ª Delegacia de Polícia (Gávea) Ruchester Marreiros, a respeito do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza. Segundo o deputado, há um "abismo" entre o documento e a transcrição das gravações que o deputado incluiu no relatório.
"O conteúdo não é só diferente, é antagônico. O nome dos traficantes não aparece e sim o nome do policial que fez a prisão do Amarildo. Há um abismo entre o que o delegado diz que tem em uma determinada escuta e o que a transcrição oficial, que consta nos autos, tem como conteúdo", explicou o deputado.
De acordo com o deputado, a gravação em que o delegado afirma ser mencionado o termo "boi", por traficantes, associado por Marreiros a Amarildo, não tem esse conteúdo na transcrição oficial, que também está anexada à investigação.