Cerca de cem manifestantes ocupam o plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro| Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

Sob vaias, os sete vereadores deixaram na tarde desta sexta-feira (9) o gabinete da presidência da Câmara Municipal, na praça da Cinelândia, no centro do Rio, após negociar com os manifestantes, que estavam descontentes com a escolha do novo presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Ônibus.

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Na manhã desta sexta, os parlamentares do PMDB, Chiquinho Brazão e professor Uóston, foram os escolhidos para ocupar os cargos de presidente e relator da CPI, respectivamente. Ambos são da base aliada do governo Sérgio Cabral (PMDB) e do prefeito Eduardo Paes (PMDB).

Durante a entrevista no gabinete da presidência da Casa, Brazão e mais seis vereadores, entre eles, Uóston, Jorge Filipe (PMDB), o presidente da Câmara, Alexandre Izquierdo, Jorginho da SOS --ambos do PMDB--, Paulo Messina (PV), e Tereza Bergher (PSDB) foram cercados pelos manifestantes e impedidos de deixar o prédio por pouco mais de duas horas.

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Após negociação, cerca de 20 policiais fizeram a escolta dos políticos, que deixaram a Casa sob vaias e gritos: "Brazão, ladrão, da máfia do busão". Apesar do clima tenso, não há registro de tumultos até o momento. Antes de deixar o gabinete, Brazão afirmou em entrevista a jornalistas que não irá renunciar ao cargo.

A confusão começou porque os manifestantes queriam que o vereador Eliomar Coelho (PSOL) fosse o escolhido para presidir a CPI. A comissão vai investigar casos referentes a implantação, fiscalização e operação do serviço público de transporte coletivo de passageiros na capital fluminense.

O grupo reclamou também aos vereadores da rapidez com que a sessão foi conduzida -menos de 30 minutos - e, principalmente, dos quase 200 manifestantes que ficaram de fora da sessão. Segundo eles, não se chegou a um consenso.

Outro grupo de manifestantes, cerca de cem, ocupa o plenário da Câmara. Eles votam uma pauta para ser apresentada aos vereadores -- que inclui a anulação da sessão que decidiu pelos presidente e relator da CPI e a realização de uma nova audiência com a presença do público. O grupo afirma que, caso as reivindicações não sejam aceitas, irá permanecer na Câmara.

Mais cedo, manifestantes invadiram o gabinete de Chiquinho Brazão e picharam as paredes. Brazão afirmou que o grupo que está na Câmara está sendo incentivado por vereadores do PSOL.

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Comissão

A instalação da CPI era uma das reivindicações dos manifestantes que, desde junho, saem às ruas no Rio. Os vereadores que apoiam o prefeito Eduardo Paes (PMDB) --40 dos 51 que compõe a Casa-- resistiam a assinar o pedido, mas parte acabou cedendo devido à pressão popular.

A composição da CPI desagradou os que incentivaram a sua criação. Dos cinco escolhidos, apenas o vereador Eliomar Coelho (PSOL) assinou o requerimento para a instalação da comissão, os outros foram contrários às investigações.

A CPI vai investigar a atuação dos quatro consórcios que exploram o serviço de transporte de ônibus na capital fluminense. Eles venceram uma licitação em 2010, que está sendo investigada pelo Tribunal de Contas do Município.

Na Assembleia Legislativa também há pedidos de CPIs engavetados. Os principais tratam sobre as viagens ao exterior do governador Sérgio Cabral (PMDB), o uso dos helicópteros e as obras da região Serrana.

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Invasão

Ontem, ao final da sessão legislativa, cerca de 25 pessoas que assistiam do plenário se recusaram a deixar o local.

Vereadores tentaram negociar a saída do grupo, mas pelo menos 16 manifestantes permaneceram no prédio durante a madrugada. Por volta das 4h de hoje, os manifestantes deixaram o local.

Segundo a assessoria de imprensa da Câmara Municipal, a saída foi pacífica. A reportagem não conseguiu contato com nenhum integrante da ocupação até a publicação desta nota.

Contudo, na noite de ontem houve confronto entre a polícia e os manifestantes.

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Policiais tentaram retirar as pessoas que estavam agrupadas em uma entrada lateral do local e os manifestantes reagiram jogando bombas caseiras. Policiais revidaram com bombas de gás lacrimogêneo e com tiros de bala de borracha. A Polícia Militar não permitiu a entrada da imprensa durante a ocupação.