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Formação

“Vestibular precoce” garante ensino bom e gratuito desde o fundamental

A família de Renata Picoloto investiu em um curso preparatório para conseguir uma vaga no ensino médio da UTFPR | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
A família de Renata Picoloto investiu em um curso preparatório para conseguir uma vaga no ensino médio da UTFPR (Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo)
Elisa conquistou uma bolsa de estudo para o ensino médio |

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Elisa conquistou uma bolsa de estudo para o ensino médio

O 9.º ano do ensino fundamental gerou mais expectativa para a estudante Renata Picoloto, 17 anos, do que qualquer outra série escolar pela qual passou até agora. Após passar boa parte da vida escolar na rede municipal, ela e seus pais queriam garantir um ensino médio de qualidade, mas que não custasse muito. A opção mais viável foi a rede federal, famosa pelos bons resultados em exames de desempenho, e na qual a matrícula depende de aprovação em processo seletivo. Para Renata, foi como um primeiro vestibular.

O caso da família Picoloto é típico na classe média: a renda familiar fica acima do permitido para se beneficiar de programas sociais – como o Pronatec, que garante bolsas para cursos técnicos – mas também não é suficiente para arcar com as caras mensalidades de boas escolas privadas de Ensino Médio. Como os colégios estaduais desse ciclo estão longe de atender às expectativas das famílias, pais e filhos têm unido esforços numa acirrada competição por vagas.

Na ocasião, Renata prestou exames para cursos técnicos de nível médio na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e no Instituto Federal do Paraná (IFPR). Para garantir o preparo adequado, os pais de Renata, Fernando e Ivanete, procuraram por um curso preparatório de seis meses. "Nós sabíamos que nos apertaríamos um pouco, mas era um investimento importante para aprovação, e seria por um prazo bem menor do que se pagássemos todo o ensino médio na rede privada", conta Ivanete. A estratégia deu certo. Depois de um semestre intenso de estudos, Renata foi aprovada no curso técnico integrado ao Ensino Médio de Segurança no Trabalho, ofertado pela UTFPR.

Planejamento

Planejamento também é essencial às famílias que pretendem matricular os filhos em instituições que juntem gratuidade e qualidade já no Ensino Fundamental. Em Curitiba, o Colégio da Polícia Militar (CPM) é um dos poucos a aplicarem processos seletivos desde o 6º ano.

Dono do mais alto Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na rede estadual – 6,8 – o colégio reserva cerca de 60% de suas vagas aos dependentes de policiais militares e bombeiros. Os civis que anseiam por matricular seus filhos na instituição disputam uma média de 40 vagas por ano.

O microempresário Luis Schramm encarou o desafio e conseguiu matricular seus dois filhos na instituição. Ele reforça a importância do investimento num curso preparatório e das horas de estudo em casa, mas diz que não teve de fazer pressão, já que o assunto é recorrente entre alunos do 5.º ano. "Os colegas comentam da possibilidade de passar lá, e quando um passa, é suficiente para que os outros também queiram ir", conta. Maria Vitória, 12 anos, a caçula de Schramm, aprovou a mudança de um colégio estadual comum para o CPM. "As aulas são melhores e os alunos levam o estudo mais a sério", afirma.

Cotas sociais e bolsas também são opções

Quem não tem condições de pagar um curso preparatório para garantir bom desempenho nos exames de seleção de nível médio pode usufruir das cotas sociais oferecidas por algumas instituições públicas, ou mesmo de bolsas integrais no ensino privado. Esse foi o caso da estudante Elisa Caroline Godoi, 17 anos.

De uma família com baixa renda, ela e a mãe, Michele, entraram no Colégio SESC São José pela primeira vez apenas por curiosidade, e acabaram descobrindo tratar-se de uma instituição destinada exclusivamente a bolsistas. A parceria entre a rede Bom Jesus e o SESC garante gratuidade no Ensino Médio a 833 alunos que comprovem renda familiar de até três salários mínimos. Para 2015 serão abertas 235 novas vagas. A restrição financeira dá mais chances aos candidatos carentes no processo seletivo, que envolve apenas produção de texto.

Elisa admite que não era uma estudante exemplar no ensino fundamental, mas a oportunidade descoberta lhe deu ânimo para alguns meses de estudo intensivo em casa. O esforço foi recompensado com a aprovação. "A situação do meu antigo colégio não era das melhores, e quando eu soube que podia ir para uma escola particular sem ter de pagar mensalidade, resolvi que era hora de me desenvolver", diz.

Para dar conta do ensino "puxado" que ocorre no período da manhã, a estudante passa as tardes na Biblioteca Pública do Paraná, onde revisa o conteúdo do dia e faz as tarefas. Só à noite volta para a casa, no bairro Cachoeira.

IFPR

Alunos de baixa renda também levam vantagem no Instituto Federal do Paraná (IFPR). A instituição oferece oito cursos técnicos integrados ao Ensino Médio e reserva 45% de suas vagas para estudantes que tenham feito todo o Ensino Fundamental em escolas públicas. Metade das vagas ainda é restrita a candidatos que tenham renda bruta familiar mensal igual ou inferior a 1,5 salário mínimo per capita.

Segundo o diretor de Ensino Médio e Técnico do IFPR, professor Evandro Cherubini Rolin, os alunos comentam que buscaram uma vaga na instituição para evitar após verem as dificuldades financeiras dos pais. "Isso os estimula a buscar uma formação capaz de mudar a realidade da família."

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