Reação
Empresários querem mais prazo
Dezenas de transportadoras e postos de combustíveis, armazéns, revendas de maquinário pesado e ao menos sete concessionárias de caminhões serão atingidas direta e indiretamente pela restrição da circulação de veículos pesados no trecho Sul da Linha Verde. Ontem, ao tomar conhecimento da medida, os presidentes de sindicatos e dirigentes de federações que reúnem representantes dessas categorias prometeram articular forças para tentar reverter a criação da Zona de Tráfego de Cargas da Linha Verde (ZTC/LV) ou, pelo menos, aumentar o prazo de adaptação.
O diretor-geral da Federação Nacional das Distribuidoras de Veículos Automotores no Paraná (Fenabrave-PR) e presidente do Sindicato das Concessionárias Distribuidoras de Veículos do Paraná, Luiz Antonio Sebben, criticou duramente a medida da Urbs. "A gente não pode aceitar uma medida unilateral." A estimativa é que a região da Linha Verde concentra 90% da comercialização de caminhões da região de Curitiba.
O presidente do Setcepar, Fernando Klein Nunes, falou que as entidades vão tentar negociar política e tecnicamente com a prefeitura, mas não descarta recorrer à Justiça se não houver negociação. "Fomos surpreendidos de maneira desrespeitosa."
A circulação de caminhões com capacidade de carga acima de 14 toneladas ficará proibida no trecho Sul da Linha Verde, entre o Pinheirinho e o Guabirotuba, a partir do dia 22 de março do ano que vem. Já veículos de transporte de carga entre 7 e 14 toneladas terão horários específicos para circular na avenida construída sobre a antiga BR-116 (veja infográfico) e em mais 39 ruas do entorno (veja mapa). A medida foi publicada nesta semana na Portaria 111/2010 da Urbanização de Curitiba (Urbs), que criou a Zona de Tráfego de Cargas da Linha Verde (ZTC/LV). Na prática, a medida pretende acelerar a mudança do perfil de ocupação ao longo da ex-rodovia, que foi transformada em avenida com as obras de revitalização e a criação da Avenida Linha Verde.Porém, a determinação da Diretoria de Trânsito (Diretran) da Urbs desagradou a grande parte do comércio da região, que é historicamente formado por empresas dependentes de caminhões para a circulação de produtos ou que prestam serviços a este segmento de transporte. Exemplo disso são as dezenas de transportadoras, postos de combustíveis, revendas de máquinas agrícolas, depósitos, fábricas e lojas de peças e acessórios para veículos pesados.
Por isso, os dirigentes de sindicatos e federações desses setores prometem uma reação conjunta contra a nova determinação (veja box). A principal queixa é que a medida não teve comunicação prévia a quem mais interessa a norma. "Este perfil (de rodovia) da Linha Verde não muda do dia para a noite", reclama o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga no Paraná (Setcepar) e proprietário de uma transportadora na Vila Fanny, Fernando Klein Nunes.
A diretora de trânsito da Urbs, Rosângela Batistella, negou que a proibição de caminhões na Linha Verde pretenda acelerar a mudança do perfil de ocupação do solo ao longo da ex-rodovia transformada em avenida, mas admitiu que a intenção é privilegiar o tráfego de automóveis e contribuir para a dificuldade de caminhões circularem no trecho. "Temos que começar cedo. Há dois anos a Linha Verde virou avenida. Os usuários reclamavam muito da quantidade de veículos pesados e de que eles ocupavam todas as faixas."
Segundo Batistella, o objetivo da medida é criar dificuldade de trânsito dos caminhões que usam a Linha Verde "de passagem", para encurtar a distância entre as regiões Norte e Sul da capital e que poderiam trafegar pelos contornos rodoviários. Os caminhões que necessitem realizar serviços na área de restrição poderão imprimir uma autorização no site da Urbs. "O que a gente quer é ter o controle dos caminhões que trafegam." A diretora não apresentou a quantidade de veículos pesados que circulam por dia na nova avenida.
Até março, quando começa a vigorar a medida, a Diretran deverá instalar placas que indicam as restrições e os horários permitidos para cada tipo de veículo. Uma medida complementar é exigir que os caminhões usem prioritariamente a faixa direita, deixando outras duas faixas da Linha Verde para o tráfego de carros de passeio.
Zoneamento
Um dos reflexos da dificuldade da circulação de caminhões no trecho Sul da Linha Verde será ajudar a alterar o tipo de ocupação dos bairros que são cortados pela antiga rodovia. A prefeitura de Curitiba pretende criar uma paisagem mais urbana para a recém-criada avenida e, por isso, alterou a Lei de Zoneamento da região em 2008, com possibilidade de construção de prédios de mais de 12 andares, criação de seis polos de ocupação mista (comercial e residencial) Jardim Botânico, Fanny, Santa Bernadethe, Xaxim, São Pedro e Pinheirinho e um núcleo empresarial, chamado de Tecnoparque, no Guabirotuba.
Porém, reportagem da Gazeta do Povo em setembro mostrou que entre agosto de 2009 e agosto de 2010 apenas 37 alvarás foram expedidos pela prefeitura no novo zoneamento, o que mostrava que a mudança de perfil será lenta e gradual. A professora de Urbanismo e Meio Ambiente da Universidade Federal do Paraná, Cristiane de Araújo Lima, acredita que mudanças como a restrição de caminhões devem ser negociadas previamente com a população do local e que "sejam dados incentivos fiscais ou troca de potencial de construção para acelerar a mudança (de paisagem) na Linha Verde."
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