Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) indicou outros rumos para o que se pensava da estrutura da Via Láctea. De acordo com estudo recente, a galáxia conta com quatro braços espirais, e não dois, contrariando os últimos dados referentes ao assunto divulgados em 2008 – esses braços facilitam a formação de conjuntos de estrelas. A pesquisa foi divulgada no início de junho pela Nasa, a agência espacial americana, em seu site.
“A estrutura da Via Láctea sempre chamou a nossa atenção, e esse estudo ajuda a traçar o mapa real da galáxia. Isso pode nos auxiliar no entendimento da formação e evolução de estrelas como o Sol e de planetas”, conta Denilso Camargo, astrofísico e professor do Colégio Militar de Porto Alegre que lidera a equipe que começou a pesquisa no fim de 2014.
O grupo é composto, ainda, pelos astrofísicos Eduardo Bica e Charles Bonatto. A pesquisa foi divulgada originalmente na versão on-line da revista científica inglesa Monthly Notices of the Royal Astronomical Society em maio, uma das principais publicações do gênero.
Formação
A Via Láctea é formada por um disco achatado (feito de poeira, gases e estrelas), um bojo central (no estilo de um núcleo) e o halo (estrutura que engloba a galáxia como um todo). Além dessa divisão, há os chamados braços espirais. Esses elementos são ondas de compressão de gás e poeira que estão em toda a extensão do disco da galáxia, girando entorno do centro.
“Ainda há muita coisa que não sabemos [sobre os braços], e não é fácil chegar a uma resposta definitiva. Estamos no interior do disco, onde se concentra a maior parte do gás e da poeira da nossa galáxia, o que ofusca a visão”, diz Camargo.
A partir de imagens e dados do telescópio espacial Wise, da Nasa, o grupo identificou diferentes aglomerados de estrelas jovens.
Tamanho
Por meio da análise, que se baseia em cálculos e fórmulas matemáticas, foi possível saber a distância em anos-luz e o tempo de vida aproximado dessas estruturas (a maioria delas com cerca de 2 milhões de anos). Geralmente, os aglomerados nascem perto dos braços, pois as nuvens moleculares podem se chocar e se fragmentar, criando estrelas.
Com essas informações, foi possível traçar um mapa mais completo. Assim, a teoria de quatro braços, chamados Scutum-Centaurus, Perseus, Sagittarius-Carina e Externo, cogitada antes de 2008, ganhou força novamente no mundo científico. “O acúmulo dos aglomerados jovens perto dos braços foi determinante para chegarmos a esse resultado. Temos convicção que essa é a mais correta configuração da Via Láctea”, ressalta Camargo.