Em uma das fotos do livro, o budão-vermelho, encontrado em Búzios, litoral do Rio de Janeiro: “Antes de fazer o mergulho é preciso pesquisar muito”, diz a fotógrafa| Foto: Marcus Nascimento

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Algumas curiosidades sobre a costa brasileira:

Grande

> A faixa oceânica brasileira tem o tamanho de meio Brasil terrestre: quase 4,5 milhões de km2.

Variada

> Temos quase 2 mil espécies de peixes. Só de tubarões e raias são 156.

Única

> Metade das espécies de corais brasileiras só existe aqui.

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Maristela se dedica a fotografar a Costa brasileira há 24 anos
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Desde os 16 anos de idade, a fotógrafa paulista Maristela Colucci, que hoje tem 40, se dedica a registrar as belas e misteriosas paisagens do fundo dos oceanos, com o objetivo principal de revelar um mundo desconhecido pela maioria de nós.

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Em SUB – Viagem ao Brasil Submarino, lançado pela sua própria editora, a Grão (preço médio R$ 36), e dedicada ao público infanto-juvenil, Maristela revela a riqueza da flora e fauna que habitam a costa brasileira, além de despertar a atenção das crianças e adolescentes para a conservação dos ecossistemas marinhos.

SUB é um "filhote" do livro de fotografias Brasil Submarino, lançado em 2005, que levou cerca de dez anos para ser concluído.

Outras aventuras da fotógrafa incluem viagens ao Círculo Polar Ártico, à Antártida e uma travessia pelo Oceano Pacífico, que também se transformaram em livros. Em entrevista à Gazeta do Povo, Maristela fala mais sobre a costa brasileira e os desafios de se fotografar embaixo d’água.

Por que você optou por fotografar o fundo do mar?

Sempre gostei de fotografar. Com 13 anos de idade, já sabia que queria construir uma carreira como fotógrafa e eu era fascinada pelos documentários do Jacques Cousteau. Ainda adolescente, fiz um curso de mergulho e durante o meu segundo mergulho, já estava de câmera na mão – o que eu não aconselho a ninguém, já que é preciso primeiro ganhar experiência como mergulhadora para depois começar a fotografar. Na época, pouquíssima gente fazia foto submarina, especialmente no Brasil. Ainda hoje fotógrafos especializados em paisagens marinhas são raros. Tive uma abertura grande das revistas por causa disso. O meu primeiro trabalho foi publicado aos 17 anos.

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Como foi o início de sua carreira?

Na época em que comecei a fotografar o fundo do mar, eu tinha poucas referências, já que existiam poucas pessoas no mercado. Além disso, o equipamento era todo analógico. Eu não tinha como prever como estavam ficando as imagens. Eu, desde o começo, me comprometi a registrar a costa brasileira, o que é difícil, já que não temos um mar igual ao do Caribe. O nosso mar não é tão claro. Mas eu encarei tudo como um desafio para mostrar que é possível fazer ótimas fotos no Brasil.

Quais são as maiores dificuldades de se fotografar o fundo do mar?

O maior problema é a luz. No fundo do mar você perde os matizes de cor. A cinco, seis metros de profundidade, já não se vê mais o vermelho, o laranja e o amarelo. Fica tudo azulado, pois você está distante das radiações solares. No fundo do mar, dependo muito da luz artificial para fazer boas fotos. Como o fotógrafo só consegue ver as verdadeiras cores dos objetos e dos animais marinhos quando o flash estoura, antes de fazer o mergulho, é precisa pesquisar muito. Conhecer o ambiente que você irá desbravar, as principais características de cada espécie, como se aproximar dos animais, conhecer os seus hábitos, o que faz com que ele se assuste e assim por diante. Existe, por exemplo, um jeito especial de nadar para atrair a atenção dos golfinhos. Pesquisar e aprender com os biólogos é fundamental para conseguir captar boas imagens.

Das espécies que você fotografou, existem muitas ameaçadas de extinção?

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Muitas. No livro, só colocamos algumas, mas na realidade são centenas de espécies, entre elas o peixe-boi-marinho, a baleia-jubarte, a tartaruga-de-pente, a raia-viola, o tubarão-baleia, o verme-de-fogo e várias espécies de estrelas-do-mar. Se fôssemos listar todos os animais ameaçados, daria umas cinco páginas. Acredita-se que no mundo, das populações de peixes que nadavam nos mares em 1900, podem ter sobrado apenas 10%.

Quais são os seus próximos projetos?

No ano que vem, vou lançar mais dois trabalhos: um livro sobre Ilha Bela, pela editora Metalivro, que deve sair em fevereiro e, em abril, um livro que registra a travessia pelo Oceano Pacífico realizada pelo velejador Beto Pandiani. Este será lançado pela editora da qual sou sócia, a Grão.

Por que você decidiu escrever para crianças e adolescentes?

Este é o segundo livro que dedico ao público infanto-juvenil, sempre gostei muito de escrever para eles. O primeiro, Antártica – Um Mundo Feito de Gelo, foi lançado em 2007, pela Companhia das Letrinhas. Ele era uma espécie de diário de bordo de uma das minhas expedições. Já o SUB desvenda os hábitos dos animais marinhos e as curiosidades do fundo do mar, um ambiente que a maioria dos brasileiros não conhece. O objetivo é despertar não só a curiosidade, mas também a consciência desses jovens. A vida marinha da nossa costa é muito rica, mas, geralmente só nos interessamos em preservar aquilo que conhecemos.

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