Infraestrutura viária precisa ser replanejada
A demanda reprimida de veículos exige que a estrutura viária brasileira seja repensada. O professor Coca Ferraz, coordenador do Núcleo de Estudos em Segurança no Trânsito da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que a infraestrutura rodoviária não estava preparada para um crescimento econômico e desenvolvimento social tão rápidos. "A adequação será devagar e é preciso esperar um período mais estável. Em no mínimo 10 anos é possível chegar a um padrão de qualidade europeu, mas é preciso começar a planejar isso desde já", analisa.
A situação no Litoral paranaense, onde estradas e até mesmo o ferry-boat travaram devido ao movimento intenso do último feriadão, só vem sendo tratada de forma paliativa, na opinião do professor Roberto Gregório da Silva Júnior. "Não é possível construir soluções efetivas para a mobilidade das pessoas e da produção sem integração das ações dos diversos níveis governamentais. Essa sintonia pode, inclusive, favorecer a identificação de soluções e a captação dos recursos necessários", avalia.
Para o professor Garrone Reck, da UFPR, para aumentar a capacidade das rodovias é preciso investir em obras de duplicação dos trechos mais carregados ou ao menos a construção de uma faixa adicional nos pontos críticos. Em casos de demandas concentradas em curtos períodos de tempo, pode-se adotar o sistema de faixas reversíveis.
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Como resolver os engarrafamentos nas rodovias que cortam Curitiba? As obras atrapalham ou ajudam no fluxo?
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No último feriado da Independência, os motoristas que transitaram pelas rodovias tiveram de exercitar a paciência: em alguns momentos, o movimento chegou a ser seis vezes maior que o registrado em dias normais, como ocorreu na BR-277 no retorno das praias. Uma viagem entre Curitiba e os litorais do Paraná e de Santa Catarina chegou a levar até cinco horas. Os engarrafamentos foram uma amostra do que o curitibano vai experimentar nos próximos feriados e durante o verão.
Os fatores que causaram lentidão nas estradas que saem de Curitiba vão continuar presentes por um bom tempo. Há obras sendo realizadas em diversas rodovias, a frota não para de crescer e os gargalos de infraestrutura estão longe de serem resolvidos. Paciência, portanto, será item obrigatório, juntamente com biquínis e protetor solar.
O bom momento econômico do Brasil tem facilitado a aquisição de carros novos e, com mais dinheiro no bolso, o brasileiro tem viajado mais. Entre 2007 e 2011, a frota de veículos no Paraná cresceu 36,7%. No mesmo período, as rodovias pedagiadas do estado viram seu movimento aumentar em 25,4%. Mas a estrutura permanece basicamente a mesma com o detalhe de que há diversas obras em execução, como a duplicação da BR-116, na saída para Santa Catarina.
Segundo Marcelo Belão, gerente de atendimento ao usuário da Ecovia, concessionária responsável pela administração do trecho da BR-277 entre Curitiba e o Litoral do Paraná, o movimento no último feriadão foi intenso e comparável ao fluxo registrado no réveillon. A rodovia chegou a ter picos de movimento de 3,5 mil veículos trafegando, o que corresponde a seis vezes o volume normal e inevitavelmente provoca lentidão nos entroncamentos com as outras estradas que levam aos balneários paranaenses.
Outro gargalo antigo que só piora com o aumento da frota é a travessia entre Caiobá e Guaratuba. O ferry-boat que liga as duas praias teve durante o último feriado um fluxo 3,5 vezes maior que o normal, causando uma longa espera para quem optou por essa rota.
Planejamento
Para escapar do trânsito pesado é necessário empenho antes de viajar. "É preciso incutir no condutor a cultura de planejar a viagem, consultar as concessionárias e meios de comunicação para verificar os horários de maior movimento, fazer a manutenção do veículo. Muita gente simplesmente sai para viajar e não analisa quantas variáveis estão envolvidas", ressalta Belão.
A opção por horários alternativos de madrugada, por exemplo é outra solução que pode ser tomada pelo motorista que deseja escapar do movimento intenso. Para o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e superintendente do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura, Roberto Gregório da Silva Júnior, essa medida é uma solução paliativa. "Sem planejamento, sem investimentos e sem regulação, a situação paranaense tende a se agravar rapidamente", argumenta.
Para o professor Garrone Reck, do Departamento de Transportes da UFPR, as viagens noturnas são mais tranquilas, mas trazem mais riscos. "A maioria dos motoristas não tem experiência de estrada por estarem acostumados mais ao trânsito das cidades. Não recomendaria essa alternativa de forma generalizada pelos riscos de trafegar nestas condições", analisa.
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