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Habitação

Vida à sombra do antigo lixão

Veja o mapa da região e como está a situação das casas localizadas nas proximidades |
Veja o mapa da região e como está a situação das casas localizadas nas proximidades (Foto: )
Residências estariam ao lado de área de 20 mil metros quadrados, que recebeu 312 mil toneladas de resíduos, entre 1982 e 1988, na Cidade Industrial de Curitiba |

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Residências estariam ao lado de área de 20 mil metros quadrados, que recebeu 312 mil toneladas de resíduos, entre 1982 e 1988, na Cidade Industrial de Curitiba

Maria de Lurdes Almeida Custódio:

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Maria de Lurdes Almeida Custódio:

Cerca de 10 mil pessoas vivem sob a sombra de um antigo lixão na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A área de 20 mil metros quadrados recebeu 312 mil toneladas de resíduos entre 1982 e 1988, ano de seu encerramento. Devido à proximidade da comunidade, o local foi alvo de investigações para identificar potenciais riscos à população, que ocupou irregularmente o espaço. Conseguiu-se impedir a construção de residências em grande parte do local onde o lixo foi depositado, mas a proliferação de residências ao lado do terreno persistiu.

A doutora em Biotecnologia Industrial Patrícia Sottoriva, professora de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), confirma que há um grupo de pessoas sobre uma área que foi depósito de lixo. A secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias, porém, nega que pessoas vivam sobre o lixo.

Para Patrícia, evitar a habitação nas imediações da área seria ideal. A professora da PUCPR, que participou de um estudo sobre o assunto em 2008, considera a existência de ao menos três riscos à população: probabilidade de deslizamentos de terra em uma área lateral; doenças sistêmicas pela ingestão de alimentos ou água contaminados por metais pre­sentes no local (alumínio, man­­­­­­­ganês ou chumbo); e, por fim, caso a área seja totalmente impermeabilizada, a concentração de gás metano (em razão da decomposição do lixo) poderia levar a explosões no local a médio e longo prazo.

Baseada em um novo estudo de 2009, a prefeitura diz não haver riscos. O antigo lixão da CIC faz parte do Plano de Gestão Integrado de Resíduos Sólidos de Curitiba junto com outros dois locais (leia mais nesta página). "Estamos contratando obras necessárias ao local, indicada por estudos, além de pesquisa complementar", afirma Marilza. Desde 2008, a secretaria municipal de saúde acompanha as doenças contraídas pelos moradores da região para detectar uma possível contaminação. "Nossa intenção era descobrir se havia alguma diferença com o restante do município, o que não foi encontrado", diz Marilza.

Mesmo havendo lixo sob o solo, a prefeitura garante não haver risco de deslizamento no local, repetindo o que se viu em Niterói há um ano, quando o Morro do Bumba – área de lixão ocupada irregularmente – desmoronou e causou cerca de 56 mortes. A área com risco de deslizamento na CIC é adjacente, com erosão causada pelo homem e pela chuva. "A situação é semelhante. Mas lá havia resíduos recentes em declividade", explica Patrícia. Marilza discorda, dizendo não existir risco. "A ocupação irregular não está em cima da área. Nem existe mais material orgânico pelo tempo de encerramento", afirma.

Esporte e violência

O antigo lixão não é o único problema de quem vive na Vila Angra, na CIC. Mesmo com a proximidade de um batalhão da Polícia Militar, a comunidade reclama da violência causada pelo tráfico, especialmente na área do antigo lixão. O local, de mata elevada, é abrigo aos traficantes e esconderijo de cadáveres. "Nós temos problema de estupros e de violência porque a área não é usada", reclama o vice-presidente da Associação de Moradores da Vila Angra, Ar­­­naldo da Silva Estevam.

Uma das sugestões para o local é a construção de quadras esportivas no local – já que não se recomenda a implantação de residências. Segundo Marilza, no entanto, antes, há a necessidade de execução de outras obras, como a impermeabilização do terreno, contenção de área com risco de deslizamento e, por fim, a circulação de líquidos. Todas essas ações requerem licitação, mas a intenção é dar andamento à área de lazer ainda neste ano. "Não podemos estabelecer prazo agora para não criar falsa expectativa na população", diz.

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