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Urbanismo

Vida nova para a Linha Verde

Lilian Grochoski: mudança do perfil comercial da Linha Verde começou a aparecer no dia a dia | Walter Alves/ Gazeta do Povo
Lilian Grochoski: mudança do perfil comercial da Linha Verde começou a aparecer no dia a dia (Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo)
Projeção da prefeitura municipal de Curitiba: saem as borracharias e autopeças, vêm os conjuntos habitacionais |

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Projeção da prefeitura municipal de Curitiba: saem as borracharias e autopeças, vêm os conjuntos habitacionais

36% dos alvarás foram emitidos nos últimos oito anos |

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36% dos alvarás foram emitidos nos últimos oito anos

Palco de intervenções urbanas que transformaram parte da z antiga BR-476 em avenida municipal – a chamada Linha Verde –, o trecho de 9,4 quilômetros entre o terminal do Pinheirinho e o bairro Prado Velho, em Curitiba, passa por novas mu­­danças. Desta vez, no perfil de ocupação: somente nos últimos seis anos, o número de alvarás comerciais e residenciais emitidos para obras na região aumentou 56%. Dos 11,2 mil projetos habitacionais aprovados para a área, 4 mil foram avalizados pela prefeitura entre 2004 e 2011.

Os alvarás mais recentes preveem prédios e conjuntos de médio porte em todos os 11 bairros envolvidos na primeira etapa das obras da Linha Verde. São construções que, ao lado de novos empreendimentos comerciais, devem tomar aos poucos o lugar das tradicionais lojas de autopeças, borracharias e revendas de automóveis presentes ao longo da via. E, como esperam os gestores públicos, abrirão espaço para o surgimento de um cenário diferente da realidade atual.

De fato, para quem passa hoje pela região, imaginar uma variedade de modernos conjuntos habitacionais, hipermercados, shopping centers e passeios públicos ajardinados às margens da avenida não é tarefa fácil. A prefeitura de Curitiba, no entanto, aposta na consolidação da área como o novo eixo de desenvolvimendo da cidade, repleto, segundo os desenhos dos projetistas, dos elementos citados acima. Como contrapartida, a região da Linha Verde deve receber intervenções urbanas voltadas principalmente para a mobilidade e preservação do meio ambiente, como trincheiras cruzando a via, ciclovias, margens arborizadas e novas calçadas.

Venda de títulos

As obras públicas devem ocorrer a longo prazo – no decorrer de 20 a 30 anos – e serão viabilizadas por meio de um mecanismo ainda pouco experimentado no Brasil: a venda de títulos de potencial construtivo para a região na Bolsa de Valores. O negócio prevê que todos os recursos angariados com a venda dos títulos sejam investidos especificamente em obras nos 22 bairros que margeiam a Linha Verde. Como a venda de novos títulos, feita em lotes, só pode ser feita após a conclusão da intervenção anterior, o mecanismo tem ainda o objetivo de dotar as obras públicas de certa credibilidade em termos de cronograma e orçamento. O que talvez seja um dos maiores desafios na hora de incentivar o investidor privado a apostar na região, considerando um histórico pouco animador: nos dez anos que se estenderam desde o início das negociações do financiamento da Linha Verde, o custo de construção da avenida ficou 72% mais caro e a obra completa deve ser entregue somente em 2013.

"O investidor não pode ser refém do humor da política. Os recursos para as obras (por meio da venda dos títulos) serão blindados e garantidos", defende o arquiteto e administrador da Regional Matriz, Luiz Hayakawa.

Áreas vagas

Potencial para crescimento há. Estudo encomendado pela prefeitura à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra que a região possui 3,2 milhões de metros quadrados em terrenos vagos. Não bastassem as áreas disponíveis, a prefeitura pretende ainda disponibilizar, com os títulos na Bolsa, outros 4,8 milhões de metros quadrados em potencial construtivo para imóveis residenciais e comerciais. Se a estratégia vai dar certo, só o tempo dirá. O discurso, no entanto, é otimista. "A região vai mudar da água para o vinho", garante Hayakawa.

Sucesso depende da iniciativa privada

A consolidação da Linha Verde precisa passar pelo crivo da iniciativa privada. Para urbanistas como o diretor do mestrado e doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Fábio Duarte, aumentar a oferta de serviços – públicos ou privados – é essencial para "fisgar" moradores futuros. "Ela só vai se consolidar quando agregar um conjunto de equipamentos e serviços, desde um comércio forte a opções de lazer. E isso leva tempo".

O professor de Planejamento Urbano do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo, Rivail Vanin de Andrade, alerta para os custos sociais de um adensamento demográfico dirigido. Como a prefeitura não esconde a intenção de valorizar os imóveis da Linha Verde, moradores mais pobres podem se ver estimulados a vender seus terrenos para migrar para a periferia e a municípios da Região Metropolitana.

IPTU

Segundo proposta em trâmite na Câmara Municipal de Curitiba, o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) deve ser reajustado em até 300% nas imediações da Linha Verde, a partir de 2013. O reajuste será uma das consequências da revisão da Lei Orgânica de Curitiba, que prevê mudanças na planta de valores imobiliários de toda a cidade. A prefeitura defende que a planta está desatualizada e que, portanto, o IPTU cobrado não corresponde ao preço real dos imóveis. A última atualização dos valores foi feita em 2005 e, de lá pra cá, o IPTU só foi corrigido pela inflação. No Centro, esse mesmo reajuste seria de 50%.

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