Treino
A criatividade pode ser exercitada da mesma forma que você faz um treino físico. Parece loucura, mas dá certo. Confira os exercícios sugeridos pelos professores Felipe Belão e Guilherme Krauss:
Exercício 1
Ative os dois lados do cérebro: o exercício é bem simples. Pense em um problema que você tenha e tente enxergar soluções racionais e emocionais para essa situação. Pegue uma folha e faça um desenho com cores diferentes para o que é emocional e o que é racional. Agora, tente conectar essas soluções. O objetivo é conseguir ser emocional e racional ao mesmo tempo.
Exercício 2
Mind storming: é o processo individual para tentar buscar ideias em que você precisa encontrar respostas criativas para uma pergunta, que deve ser a mais exata possível em relação ao que você está procurando. Escreva a pergunta no topo de uma página em branco. Um exemplo pode ser "qual a ideia de negócio para ficar rico e trabalhar menos de dez horas por dia?". Então, liste, na hora, 20 respostas para o questionamento. Não filtre as respostas, porque o pré-julgamento é a grande trava criativa. Escreva qualquer coisa para não atrapalhar o fluxo. As primeiras respostas vêm com facilidade, mas o exercício vai ficando mais difícil conforme se aproxima do fim. Para fazer a criatividade fluir, o ideal é fazer um mind storming por dia, não apenas para assuntos importantes. Vale pensar em desde a decoração da casa até como melhorar no trabalho. Depois vem a parte mais complicada: colocar a ideia em prática, que é o passo mais importante. Se você seguir esse modelo firmemente, em um ano terá imaginado 7,3 mil soluções para problemas, segundo os especialistas. Alguma ideia boa deve aparecer em meio a essa avalanche de pensamentos.
Sabe aquele pensamento genial que costuma pintar quando você parece estar menos propenso a ter uma boa ideia como quando está tomando banho? Pois esse processo não é tão despretensioso quanto parece. Isso porque ter boas ideias não é privilégio daqueles abençoados com a criatividade nata: é, sim, questão de desenvolvimento e repertório.
"A pessoa não nasce criativa, mas desenvolve isso durante a vida dela. Claro que algumas características natas podem nos dar propensão a sermos mais criativos, mas a criatividade é desenvolvível", pondera Guilherme Krauss, cofundador dA Grande Escola e sócio-diretor de planejamento da agência The Getz.
Para desenvolver essa criatividade, é preciso esforço, mas não é tão difícil quanto parece. Para Felipe Belão, o professor da PUCPR e da FAE, para trilhar esse caminho é preciso entender os contextos em que essa pessoa vive e então questioná-los, que é a parte mais difícil. "O potencial criativo existe dentro de cada um, mas para ser criativo é preciso ter repertório", argumenta.
Zona de conforto
Criar esse repertório depende de cada um. Vale ler, assistir a filmes, ouvir músicas, conversar com outras pessoas e sair da zona de conforto, que faz com que você entenda o mundo fora das suas próprias perspectivas. "A criatividade é um grande cruzamento de tudo que você já viu na sua vida. Quanto mais livros você ler, lugares que conhecer e pessoas com quem conversar, uma hora ou outra vai gerar uma ideia e trazer um resultado. O difícil é ter ideia do zero", ensina Krauss.
Embora as ideias não apareçam do nada, criou-se um mito da "eureca", aquele momento em que a pessoa está jogando videogame e tem um instante de genialidade. Isso não ocorre do zero. Certamente a pessoa havia pensado muito sobre isso, e em um momento de relaxamento a criatividade fluiu. "É importante deixar a ideia dormir um pouquinho. Algumas vezes você se debruça tanto em cima de um pensamento que deixa passar algo bom", afirma Krauss.
Cérebro
Aqueles caras geniais, como Leonardo da Vinci, tinham muito disso porque sabiam usar o cérebro os dois lados e o tempo todo. "O sujeito criativo é aquele que sabe usar os dois lados do cérebro de forma brilhante. O lado esquerdo, mais racional e interpretativo, e o direito, que é emocional e importante para a criatividade", diz Belão.
Exercitar os dois lados do cérebro é um passo importante na busca da criatividade. "Esse sujeito que tem o mito de não ser criativo é algo mais psicológico do que outra coisa", pondera Belão. O especialista acredita em técnicas para potencializar o processo criativo. Essas técnicas, segundo ele, evoluíram. "Antes as pessoas tentavam falar para sair do quadradinho criando outros quadradinhos, mandando seguir um modelo. Hoje as aulas são mais livres porque usam grandes exemplos, não metodologia", conclui.
Dicas
Criatividade está ligada ao repertório e pode vir de qualquer lugar:
Tevê
Interessado em saber mais do processo criativo? Assista à série Mad Men, da HBO, que mostra o cotidiano de uma agência de publicidade na década de 1960 e a transformação de ideias em propaganda.
Livro
Leia de tudo, mas também procure por livros específicos de processo criativo. A maioria das publicações é importada, mas vale o desafio.
Sua opinião
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