A violência no trânsito acelera pelas vias públicas na mesma velocidade que a violência urbana. No ano passado, os acidentes em ruas, avenidas e estradas do Paraná ceifaram a vida de 2,6 mil pessoas: pouco menos que os 2,7 mil assassinatos registrados no estado no mesmo período. Para frear as estatísticas ainda mais se temos uma frota cada vez maior e passamos mais tempo no trânsito , uma das apostas do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) é manter foco constante na educação dos condutores. Para isso, o órgão elaborou dez "mandamentos" para que pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas tenham uma boa convivência nas ruas e, dessa forma, reduzir o número de ocorrências.
"A educação para o trânsito não é só decorar placas, mas ensinar como conviver de forma pacífica no mesmo ambiente. O trânsito é um espaço compartilhado, em que todos têm o mesmo direito", disse o coordenador de educação para o trânsito do Detran, Juan Ramos Soto Franco.
Entre os "mandamentos" do Detran-PR, há dicas de sinalização, manutenção do veículo e o velho alerta sobre o perigo da combinação álcool e direção. Para Soto Franco, no entanto, a primeira lei que diz que os veículos "maiores devem tomar cuidado com os menores, mais frágeis em caso de acidentes" é a mais importante e resume a essência das regras. "É a que expressa que o respeito e a consideração pelo próximo devem prevalecer. Nós somos responsáveis não só pela nossa segurança, mas pela do outro."
O Paraná tem hoje uma frota de 6,2 milhões de veículos, e 1,3 milhão está em Curitiba, e quase 5 milhões de motoristas habilitados. E, para os especialistas, é dos condutores a maior parcela de culpa no caso de acidentes, sempre por causa de um dos elementos do conhecido tripé: imprudência, negligência ou imperícia. Só no ano passado, mais de 55,6 mil pessoas ficaram feridas em ocorrências de trânsito.
"O fator humano é o principal [motivador de acidentes]. Se fosse só uma questão de vias, de mobilidade, seria muito mais fácil. Mas o que vemos é que o comportamento das pessoas tem propiciado essa guerra que vivemos hoje no trânsito", observa Christiane Yared, fundadora do Instituto Paz no Trânsito.
Ela defende as medidas contínuas de educação para o trânsito, mas destaca a necessidade de essas serem combinadas a "campanhas de impacto". Na avaliação de Christiane, as instituições deveriam apostar em peças publicitárias que mostrassem explicitamente as consequências de acidentes de trânsito. "No curto prazo, não tem outro caminho. Temos de mostrar a realidade do acontece num desastre, sem maquiar. Tem de ter o choque, para que as pessoas parem de se matar", conclui.