Eles são pequeninos, adoráveis e praticamente irresistíveis para as crianças. Mas o que parece uma boa ideia pode acabar se tornando um transtorno. Animaizinhos pequenos, como pintinhos, peixes dourados e coelhos, são comumente dados em feiras, quermesses e festas como brinde ou simplesmente como lembrança do evento. Entretanto, a fragilidade desses bichos faz com que muitas vezes eles sofram e morram em pouco tempo, se não tiverem os cuidados adequados.
"O pessoal que entrega o bichinho geralmente só sugere um tipo de alimentação, mas não sabe passar mais cuidados para quem leva", diz a professora Ana Sílvia Passerino, do curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e membro do Comitê de Ética do Uso de Animais da mesma instituição.
Assim como outros especialistas procurados pela reportagem, ela é contra a prática. "É muito bonitinho pegar o bichinho na hora, mas depois você não sabe como cuidar e ele acaba sofrendo. É preciso obter informações com profissionais da área para saber o que fazer com eles", orienta.
Ela diz, por exemplo, que pintinhos necessitam de aquecimento para não morrerem de frio, e tanto eles quanto os coelhos geralmente ficam em espaços limitados também em razão do cheiro forte das fezes. "Peixinhos também precisam de uma estrutura adequada para sobreviverem, não é apenas colocá-los em um pote com água. Eles precisam de cuidado constante, e muitas vezes os donos precisam arranjar pessoas para cuidarem deles durante viagens", exemplifica.
Legislação
Em Curitiba, a lei municipal 13.558, de 2010, proíbe "a venda e a doação de animais de estimação e exóticos, de pequeno, médio e grande porte em feiras e exposições que não tenham este fim específico". Quem descumprir a regra e promover a doação de bichinhos como brinde pode ser punido com multa e, em caso de reincidência, com a perda da licença para ser expositor na capital.
Para o presidente e voluntário da ONG Amigo Animal, Marcelo Misga, tanto a lei quanto as punições para quem dá bichinhos como brinde são acertadas. "A culpa é de quem organiza e não percebe que é uma violência contra um ser vivo que não tem escolha. Quando sabemos de algo do tipo, acionamos o Ministério Público e a Delegacia de Meio Ambiente para impedir que isso aconteça. Animal não é brinquedo e não é objeto de troca", afirma.