Já subiu para 17 o número de mortos encontrados sob os escombros dos três edifícios que ruíram na última quarta-feira à noite no Rio de Janeiro. Destes, oito corpos foram reconhecidos. Ainda falta resgatar cinco. Após a confirmação da morte, para os que ficam restam apenas as recordações. "Lembra quando te chamei para descer e parar de trabalhar? Você disse que não, ficaria até as 20h. Por que não insisti e por que você não desceu no horário que prometeu?". O relato emocionado no Facebook de uma amiga de Celso Renato Braga Cabral Filho, 44 anos, uma das vítimas do desabamento, demonstra a angústia de quem, por questão de minutos, perdeu uma pessoa querida. Além de Celso, outros dez funcionários estavam na empresa TO Tecnologia Organizacional quando os edifícios foram abaixo. A maioria do grupo estava num curso, previsto para terminar às 21 horas.
Na sala que desabou estavam profissionais dedicados que tentavam conciliar a vida pessoal com a rotina na empresa. Morador do Recreio dos Bandeirantes, Bruno Gitahy, 25 anos, formou-se no fim do ano passado no curso de Sistema de Informação da Estácio. Rafael Dias Ribeiro, mestre em Sistemas e Computação pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), foi seu professor e lembra da dedicação do aluno. "Ele iria colar grau no mês que vem. Investiu muito na sua formação, fez cursos em São Paulo. Estava noivo e até tinha adiado um pouco os planos do casamento para poder se dedicar ao aperfeiçoamento profissional", lembra o professor. Ribeiro ficou chocado quando soube da notícia: além de Bruno, ele conhecia outros dois ex-alunos que estavam na TO no momento do desabamento.
A tragédia também atingiu os sonhos de Luiz Leandro de Vasconcellos, 40 anos. Formado em Ciência da Computação no Centro Universitário Bennett, ele mora em Laranjeiras, é casado e tem três filhos, de 7, 12 e 15 anos. "É um pai maravilhoso. Os filhos estão chorando querendo que ele volte para casa. Meia hora antes do desabamento, o Luiz chegou a falar com a mulher", conta o irmão Luiz Cesar de Vasconcellos.
Em suas páginas pessoais no Facebook, boa parte dos funcionários da TO trocou a foto do perfil por um símbolo de luto. O símbolo passou a ser usado também por parentes e amigos dos mortos e desaparecidos. Foi ainda pela internet que uma mensagem no Facebook da filha de Kelly Meneses, Catharina, emocionou a quem leu as palavras: "Mãe, não morre, fica comigo! Te amo do fundo do meu coração."
A TO está na berlinda desde o desabamento: a empresa é dona das salas onde eram realizadas as obras suspeitas de comprometerem a estrutura do prédio de 20 andares.