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Pelo menos 30 vítimas diretas ou indiretas da taróloga Danielle Gaich Nicolitz, presa com outras duas pessoas na última terça-feira (19) por suspeita de aplicar golpes nos clientes, devem depor à polícia até o início de dezembro. Até o momento, apenas as pessoas que já foram ouvidas na Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedec) teriam sido lesadas em aproximadamente R$ 1 milhão, segundo a polícia.

"Teve gente que pagou cinco, quinze, setenta, até cento e cinquenta mil reais", contou o delegado Matheus Laiola, da Dedec. "Já ouvimos dezoito pessoas, e a estimativa rasa é que eles tenham desembolsado esse valor [R$ 1 milhão], mas o número deve ser superior", afirmou.

Em todos os casos, de acordo com Laiola, o método usado pelos estelionatários era semelhante. Demandavam quantias crescentes de dinheiro por algum trabalho espiritual, com a promessa de que reembolsariam os clientes, mas o valor nunca era devolvido.

"Em geral, começavam pedindo pouco, mas todas as vítimas acabaram depositando no mínimo R$ 5 mil", conta. A mulher que levou o caso a público, denunciando a taróloga à emissora RPC TV, afirma ter desembolsado R$ 381 mil, em várias parcelas.

O golpe, segundo Laiola, seria antigo. "Temos uma denunciante de 2006, que teria entregado até o próprio apartamento aos golpistas, e outra que afirma ter sido vítima deles em 1998", disse o delegado.

Polícia pede prisão preventiva

Cinco pessoas já foram oficialmente arroladas como suspeitos de participação no esquema. Estão presos o marido de Danielle e o presidente do Conselho Mediúnico do Brasil (Cebras). Além deles, estão foragidos sogro e sogra da suspeita.

Nesta quinta (19), a Dedec pediu à juíza Sayonara Sedano, da 8ª Vara Criminal de Curitiba, a transferência de regime dos suspeitos já detidos. Se deferida, a prisão temporária (que tem prazo de apenas 5 dias) se tornará prisão preventiva, o que permite que eles fiquem na delegacia por tempo indeterminado enquanto durarem as investigações. Anteriormente, a polícia já havia pedido a quebra do sigilo bancário de Danielle.

Vítima relata ter dado R$ 70 mil

Uma mulher de 51 anos, que prestou depoimento nesta quinta, afirmou que foi lesada por uma taróloga que não está entre as cinco pessoas já indiciadas, mas que teria ligação direta com a quadrilha. Ela conta que procurou a vidente em novembro de 2012, após problemas familiares, e ouviu pedidos de depósitos desde a primeira consulta.

"No primeiro encontro, ela já antecipou os problemas que eu tinha antes que eu contasse, e isso me assustou. Ela disse que precisava anular um trabalho que fizeram contra mim. Em seguida, jogou as cartas na mesa e incorporou uma entidade. Essa entidade falou, logo de cara, que precisava de R$ 3.920 para que o serviço funcionasse", narrou.

Após esse dia, segundo a denunciante, as exigências por dinheiro não pararam de chegar. "A quantia variava, mas ela vivia ameaçando. Se eu não pagasse, ela dizia que coisas ruins iriam me acontecer", contou. Segundo ela, foram três depósitos de R$ 7.777, e outros menores (com valores simbólicos como R$ 666, número ligado ao satanismo).

O auge, segundo ela, foi há cerca de dois meses, quando entregou aos golpistas um veículo no valor de R$ 44 mil. "Somando o carro, gastei mais ou menos R$ 70 mil. Eles me depenaram", lamentou.

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