A Polícia Civil divulgou ontem o vídeo de uma câmera de segurança que mostra a ação dos policiais militares na tentativa de capturar suspeitos de um assalto no bairro Santa Cândida no dia 1.° de outubro. A ação dos policiais, que estavam à paisana, resultou na morte da adolescente Bárbara Silveira Alves, 16 anos, atingida por um disparo de um policial militar.
No vídeo, a adolescente passa do outro lado da rua do restaurante, por volta das 12h10. No minuto seguinte, no alto do vídeo, é possível ver um homem correndo. Ele sobe em uma motocicleta, na qual outro homem o esperava, e os dois fogem na mesma direção em que a garota. Alguns segundos depois os três policiais, de armas na mão, aparecem também no alto do vídeo.
Primeiro um policial do sexo masculino corre com a arma em punho na direção em que os suspeitos fugiram. Na sequência aparece a policial do sexo feminino, com a arma apontada para o chão. Após eles saírem do vídeo, têm início a correria de populares em direção à menina e não dá para identificar o terceiro policial. O vídeo não mostra o momento em que a estudante leva o tiro nas costas.
O delegado Jairo Estorilio, do 4.° Distrito Policial de Curitiba, recebeu ontem a documentação referente ao laudo do Instituto de Criminalística, o boletim de ocorrência e depoimentos dos PMs. Ainda nesta semana, ele deve instaurar um inquérito para investigar a ação dos policiais.
Segundo ele, além da ação que corre na Polícia Militar, que vai avaliar a conduta dos policiais, o PM que atirou e matou a adolescente vai responder na Justiça comum como um civil. "Tudo leva a crer que ele deixou de observar os cuidados necessários para agir naquele momento", diz.
O caso
Bárbara saía da aula na Escola Estadual Santa Cândida quando foi atingida por um disparo durante uma suposta troca de tiros entre policiais e suspeitos de um assalto a um restaurante. Após ser atingida, ela foi socorrida por populares até chegar uma equipe do Siate que a encaminhou ao Hospital Cajuru. Ela não resistiu e morreu.
Testemunhas relataram à Gazeta do Povo ter ouvido quatro disparos vindos do local em que estavam os policiais no momento em que a garota foi atingida. Em nota, a PM informou que houve confronto entre os agentes e os suspeitos e que não houve intenção do policial de atingi-la. Na nota, a corporação esclarece que periodicamente os policiais passam por cursos de reciclagem e que um curso havia sido feito dias antes do ocorrido.
A Polícia Civil não soube informar se houve, de fato, confronto entre os PMs e suspeitos, nem se outros projéteis foram encontrados no local além dos disparados pelos policiais.
Ontem, alunos da escola, amigos de Bárbara e familiares participaram de três missas no auditório do colégio para lembrar os sete dias deamorte da jovem. Eles pretendem realizar um protesto no sábado, em frente da Paróquia Santa Cândida.
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