Clemans Abujamra era herdeira de fábrica de papel em SC
Clemans Abujamra e suas irmãs são herdeiras do falecido Feres Abujamra Netto, de quem receberam ações da Companhia Fábrica de Papel Itajaí S/A. A herança, porém, é objeto de disputa desde 2003 no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) e chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A princípio, a disputa não tem relação com o crime. O delegado Rubens Recalcatti disse, na tarde desta terça-feira (30), nem saber da existência do processo judicial.
De acordo com Ação Civil 133.072-9, movida na 10º Vara Cível de Curitiba, Roni Lavratti, sucessor de Ernesto Lavratti Neto, disputa com o espólio de Abujamra Netto a propriedade de ações da fábrica. No processo, a família de Clemans afirma ter descoberto, após a morte de Abujamra Neto, que o pai era detentor de 3,4 mil ações da fábrica, mas que 2,6 mil haviam sido transferidas à revelia. As ações transferidas representariam mais de 76% do capital social da empresa.
A defesa de Lavrati, por sua vez, argumenta no processo que ocorreu "usucapião extraordinário de bem móvel" em favor de seu cliente e que, por isso, ele é o legítimo proprietário das ações por tê-las recebido como "terceiro de boa fé".
A última decisão, da desembargadora Regina Afonso Portes, deu ganho de causa à família de Abujamra Netto. Em 2005, porém, Lavratti e a pessoa jurídica que construí a Papel Itajaí S/A ingressaram com um agravo de instrumento no STJ. A instância superior julgou o agravo em favor da família de Clemans e devolveu o processo ao TJPR.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa do TJ-PR. O órgão informou que a última movimentação do caso é um embargo de declaração e que ainda não há uma decisão final para o imbróglio.
A Delegacia de Homicídios de Curitiba (DH) divulgou nesta terça-feira (30) um vídeo que mostra um carro passando pela Rua Abrão Lerner, no Batel, por volta das 2h30 de segunda-feira (29). No início da manhã do mesmo dia,o corpo de Clemans Abujamra, 51 anos, foi encontrado em um terreno baldio desta rua. A polícia acredita que o automóvel pertence ao responsável pelo crime. Na imagem, não é possível identificar com precisão o modelo do veículo. Clemans, que vivia com o marido na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, vinha com frequencia a Curitiba, onde frequentava cursos para adoção de crianças. O corpo dela foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) no fim da tarde de terça-feira (30) e o velório aconteceu a partir das 22h no Cemitério Parque Iguaçu, no bairro Cascatinha em Curitiba.
Assista ao vídeo que mostra o carro do possível assassino
O vídeo foi registrado por uma câmera de segurança de um condomínio da região. "Acreditamos que (o veículo) seja do responsável por abandonar o corpo, porque nenhum outro veículo aparece nas imagens durante a madrugada", disse o delegado Rubens Recalcatti, titular da DH. A polícia também vai pedir imagens de outros estabelecimentos próximos ao local para tentar visualizar com mais precisão o carro.
A mulher saiu do apartamento que utilizava no Brasil, na Rua Francisco Rocha no Bigorrilho, no último sábado (27). Clemans havia visitado a irmã, Christiane Abujamra, na manhã de sábado e depois teria saído sozinha para ir a um salão de beleza. A partir daí, a mulher não foi mais vista viva. A polícia diz que há a possibilidade dela ter sido morta em outro bairro, antes do corpo ser abandonado no terreno baldio do Batel. Clemans foi encontrada com quatro ferimentos causados por uma faca, no tórax, no pescoço e nas costas. A família não chegou a registrar o desaparecimento dela.
Clemans saiu de casa com uma bolsa e uma sacola, mas nenhum dos itens foi encontrado com o corpo dela. Por isso, a primeira hipótese era de um roubo seguido de morte, mas essa possibilidade perdeu força, segundo o delegado. "Não descartamos a possibilidade de latrocínio, ela ainda é investigada, mas é uma hipótese que ficou menor", afirmou Recalcatti. Com isso, a possibilidade de homicídio ganhou força entre as linhas de investigação.
O delegado disse que foram ouvidos familiares e outras testemunhas do caso, o que levou a polícia a novas linhas de investigação. "Pode ser que a solução desse caso fuja totalmente do que a polícia tinha. Temos trabalhado com várias possibilidades, mas não podemos divulgar ainda", relatou Recalcatti.
A família foi procurada, mas preferiu não se manifestar nesse momento.
Adoação
Clemans morava nos Estados Unidos com o marido, o japonês Roberto Nanamura. O casal mantinha interesse na adoção de uma criança brasileira. "Eles [Clemans e Nanamura] participaram do 3º Encontro de Adoção Consciente no ano passado e vieram ao curso [de adoção consciente] há um mês. Apesar dos grupos serem grandes, gravei o nome deles porque eram muito participativos", disse Hália Pauliv de Souza, presidente do Grupo de Apoio Adoção Consciente (GAACO).
Por se tratar de uma informação sigilosa, a 1ª Vara da Infância e Juventude de Curitiba não confirmou se o casal estava no Cadastro Nacional de Adoção. A participação nos cursos de adoção consciente, porém, são permitidas após a família se cadastrar naquele juizado, o que demonstrava a intenção do e Clemans e Roberto em adotar uma criança.
O marido dela estava nos Estados Unidos quando ocorreu o crime e até a tarde desta terça-feira, não havia chegado ao Brasil.
VIDA E CIDADANIA | 0:34
Clemans Abujamra foi encontrada morta em um terreno baldio na Rua Abrão Lerner, com quatro facadas. A vítima morava com o marido nos Estados Unidos
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