Um software inédito no Brasil, desenvolvido pela equipe do Departamento de Tecnologia da Informação (TI) do Hospital Evangélico (HE) de Londrina, usa um sensor de captura de movimentos de videogame para tornar mais ágil e segura a manipulação de imagens radiológicas durante cirurgias. O Intera Centro Cirúrgico, nome dado ao programa, permite que médicos visualizem os exames em uma televisão de 52 polegadas de alta definição e façam movimentações e seleções das radiografias na tela sem tocar no equipamento, eliminando riscos de infecção hospitalar.
O analista de sistemas do hospital e um dos desenvolvedores do programa, Daniel Faria Accorsi, conta que os profissionais da área de tecnologia do hospital acompanharam o dia a dia dos médicos e realizaram estudos sobre a visualização de imagens radiológicas durante as cirurgias. As radiografias eram colocadas no negatoscópio uma superfície luminosa dentro do centro cirúrgico e o médico não podia trocar de imagem ou movimentá-la durante o procedimento para evitar contaminação. "Pegamos esse conceito e o atualizamos com tecnologia de ponta", resume Accorsi sobre a criação do Intera.
Segundo ele, a ideia inicial era trabalhar com tablets para substituir o negatoscópio. "Mas descartamos logo no começo por causa do toque", afirma. Foi então que surgiu a ideia de utilizar o Kinect, sensor de movimento da Microsoft usado no Xbox 360. Para isso, a equipe da TI desenvolveu o software que faz a leitura de CDs, DVDs e pen-drives com os arquivos de exames. O sistema permite que o médico selecione, visualize, manipule e amplie as imagens dos exames sem tocar na tela, apenas realizando movimentos em frente à televisão. "Diminui o risco de infecção hospitalar e dá mais agilidade na busca pelos exames" comemora.
O médico precisa apenas realizar alguns movimentos específicos em frente à tela. Dessa forma, o sensor fará o reconhecimento e passará a obedecer aos comandos dele. Um dispositivo de segurança permite que apenas o profissional reconhecido trabalhe com as imagens.
Aprovado
O médico ortopedista Alexandre Jaccard já testou a nova tecnologia. Antes do Intera, ele precisava de uma pessoa da equipe para selecionar e colocar os exames no negatoscópio. Para Jaccard, a nova tecnologia vai agradar principalmente os profissionais mais jovens, já que o sistema é parecido com o videogame. "Fiquei satisfeito e acredito que aos poucos vai virar rotina."
Nos próximos dias, o Hospital Evangélico, que patenteou a invenção, vai realizar um treinamento para que os médicos aprendam a trabalhar com o software. Até agora, ele foi implantado em apenas um dos 12 centros cirúrgicos do HE. Outras duas salas devem receber a tecnologia nos próximos dias.