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Protesto

Vigília cobra ações contra violência que vitima mulheres

Quatro mulheres foram assassinadas por mês em Curitiba e 16 no interior do estado no ano de 2005, segundo dados do Datasus, do Ministério da Saúde. Para chamar a atenção da sociedade e das autoridades no Dia Internacional de não-violência contra a Mulher, uma vigília foi organizada no fim da tarde de ontem na Praça Tiradentes, em frente à Catedral de Curitiba.

A manifestação reuniu cerca de cem pessoas, de entidades de movimentos sociais, movimento feminista, sindicatos e parentes de mulheres assassinadas. Muito emocionados, os pais e amigos de uma das vítimas, Karla D'Arcanchy Antmann, pediam justiça. Ela foi morta a facadas pelo ex-companheiro no Batel na semana passada.

Durante o ato público também foram lembradas as mortes das meninas Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre, de 9 anos, que ainda não foi esclarecida pela polícia, e de Lavínia Rabech da Rosa, 9. Rachel sofreu violência sexual e foi estrangulada. Lavínia também foi estrangulada. Outros nomes foram citados, numa chamada que se repetia a cada meia-hora.

Segundo Elza Maria Campos, da União Brasileira das Mulheres (UBM), a intenção era cobrar mais políticas públicas e a formação de uma rede de atenção à mulher vítima de violência. "Vamos chamar os homens para esse processo de conscientização e trabalhar mais a educação da meninas sobre os direitos das mulheres", afirmou.

A presidente da comissão da mulher advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Paraná, Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski, lembrou que o estado engatinha na implantação da Lei Maria da Penha, que aumentou o rigor para punir o "machão de cozinha". "A violência doméstica é a semente da violência geral, e a violência sexual é o máximo da expressão da barbárie do homem contra a mulher."

Assassinato no Batel

Inconformado com a separação, o vendedor de móveis Samuel Nísio, de 47 anos, matou com nove facadas Karla D'Arcanchy Antmann, 35. Ela trabalhava na coordenação de feiras e missões internacionais da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Segundo a família da vítima, o casal havia se separado havia cerca de 15 dias, mas o assassino não aceitava o fim da relação. "Ele premeditou o crime", disse Maria Lúcia D'Arcanchy Antmann, mãe de Karla. Ela foi morta quando voltava para casa de um evento, na madrugada de sexta-feira passada. Karla foi pega de surpresa e esfaqueada na entrada do edifício Montpelier, onde vivia com o filho de 9 anos e a avó dela.

Nísio fugiu, mas se entregou em seguida à PM. Ele foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio e levado ao Centro de Triagem de Piraquara. Karla morreu um dia depois. Segundo a Polícia Civil, ele está envolvido em outros três casos de lesões corporais, com vítimas mulheres. A mãe de Karla contou que em uma das agressões uma mulher foi para a UTI.

Denúncias

O serviço 180 recebeu mais de 18 mil denúncias de violência contra a mulher até outubro deste ano. Foram feitos 216 mil atendimentos no período. Segundo as estatísticas do ano passado, a maioria das mulheres que solicita ajuda (61%) relata agressões diárias do próprio companheiro. Elas têm idade entre 20 e 40 anos (67,8%), são casadas (40,6%), negras (54,6%) e cursaram somente o ensino fundamental (47,7%). 57% dos agressores são usuários de álcool ou drogas.

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Serviço

Além do serviço 180, a Delegacia da Mulher de Curitiba atende as denúncias de violência contra a mulher pelo telefone (41) 3219-8600.

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