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PM detém três com armas e drogas no cerco à vila
No cerco à Vila Torres, que durou 27 horas entre sábado e domingo, a Polícia Militar apreendeu 89 pedras de crack e deteve três pessoas, duas por porte de arma e uma por tráfico de drogas, com 250 gramas de maconha. "Fechamos a vila em três pontos e usamos 85 homens da companhia, além de reforços do 12º Batalhão e do 20º Batalhão", explica o comandante da 5ª Companhia do 12º Batalhão da PM, tenente Fernando Cantador. Para o tenente, a briga de gangues é algo cultural na comunidade. "É a briga de tráfico e disputa pelo poder. Muitos adolescentes acabam participando, conquistados pelo tráfico", diz. Segundo ele, seria necessário um trabalho social e de educação mais forte para diminuir a força do tráfico.
Depois de um fim de semana violento e que contou com uma operação policial para conter a onda de crimes, a população da Vila Torres, em Curitiba, começou a segunda-feira com sentimento de mais tranquilidade, mas a criminalidade ainda assusta. Os moradores começam a voltar à rotina com a presença policial, que se tornou mais constante após um adolescente de 15 anos ser morto e uma criança de 7 anos ser baleada no rosto.
O comércio abriu normalmente na Rua Manoel Martins de Abreu, a principal da vila. O comerciante José Sanches, há 50 anos na comunidade, diz que a ausência do poder público na região é um dos principais fatores que colaboram para o aumento da criminalidade na Vila Torres. "Agora as coisas começam a voltar ao normal. Com a polícia aqui ficou mais tranquilo, mas isso até acontecer algo pior do que foi no fim de semana e a polícia tenha que voltar." O comerciante diz, entretanto, que a presença da polícia precisa ser constante para que novos episódios como o de sábado não se repitam.
Mesmo com a tranquilidade que parece ter voltado à comunidade, os moradores ainda comentam assustados sobre os últimos homicídios que vitimaram crianças na região. Um morador, que vive na Vila Torres há 30 anos e prefere não se identificar, quase foi vítima dos tiros disparados no Dia de Finados. Umas das balas acertou o menino Cahuê da Silva da Cruz, de 7 anos, que andava de bicicleta ao lado da mãe. "Eu tive que me jogar no chão e estou cheio de machucados. Ele (Cahuê) era criança, não percebeu nada", diz.
Os moradores ainda relatam que a briga de gangues na região tem dificultado até mesmo a locomoção de quem vive no local. Dividida pela Rua Guabirotuba, a vila é dominada por dois grupos rivais: a "Gangue de Cima" (na região até o Viaduto do Colorado) e a "Gangue de Baixo" (que domina a parte da vila até a Rua Aquelino Orestes Baglioli). "Às vezes as pessoas chegam por aqui dizendo que apanharam, levaram tiros do lado de baixo", diz um morador da parte de cima da Vila Torres.
As marcas das disputas estão em várias paredes e muros da região, marcadas com pichações com escritos de "Parte de Cima" e "Parte de Baixo". Na "Parte de Baixo" há uma creche e um posto de saúde e os moradores da Parte de Cima precisam ir para o centro ou outros bairros para terem acesso a esses serviços e evitar algum tipo de violência.
"A única coisa que a gente pede é segurança", diz uma moradora, que também trabalha em comércio na região, e também preferiu não se identificar. Ela se diz mais tranquila com o aumento da presença policial mas, com medo do histórico de violência entre as gangues, a moradora prefere não comentar sobre essa disputa de poder na região.
Tiros são revide entre gangues, diz traficante
A Gazeta do Povo conversou ontem na Vila Torres com um homem que disse trabalhar há três anos para o tráfico na Parte de Baixo da comunidade. Ele comentou sobre a onda de mortes que tem vitimado crianças e adolescentes. "Matamos um lá porque mataram um aqui", disse sobre a disputa entre os grupos dominantes que chegou aos adolescentes no fim de semana.
Para ele, "inocentes" tem sido vítima de balas perdidas por causa da briga de gangues. "Muita gente que não tem nada a ver com o tráfico acaba morrendo, mas tem mulher de traficante lá de cima que vem aqui do lado de baixo com criança para sondar a região e acaba levando tiro."
O homem já foi vítima de disparo que, segundo ele, foram feitos por policiais militares. Ele diz já ter presenciado a morte de um adolescente na Rua Manoel Martins de Abreu, no mês passado. Um homem se aproximou e disparou vários tiros contra o adolescente. As marcas dos tiros contra o adolescente ainda estão nas paredes de um estabelecimento comercial.
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